segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Você

Que a intensidade daquilo que sinto
Seja deixado à sua porta pela manhã
Nas asas de uma colorida borboleta
No pingar suave das gotas de chuva
Cativando seu desviado coração
Emanando sem perceber, luz
Que isto seja grande enquanto vivo
Que seja tudo o que preciso
Que sem você não sei seguir

Um segundo

Por um segundo contar as horas
Do tempo que lhe leva só
Como que num barco navegante
Pintando de colorido a alma deste poeta
Sangrando mar adentro no horizonte

Por um segundo as horas contar
Do tempo que lhe leva num instante
Distante daqui de minhas palavras
Sua imagem distorcida em minha mente
Mas ainda sim viva e pulsante

Quanto tempo demora um tempo
Quantos segundos os olhos nus
Sem a certeza de que lhe quero
Fico à espreita do coração
Pra sempre prostrado em sua alma

Por um segundo somente o seu sorriso
Na mesa com orgulho alheio
Mas durou menos que a reação
Do açúcar no café... dissolvido
Não separa mais, apenas se bebe...

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Culpa

As ondas do som subindo e descendo
A raiva estampada em sua gentileza
Como se houvesse culpa em meus olhos
Como se cego fosse, e com um coração vil

As ondas no peito deixando a areia da praia
Da sombra vermelha de sua boca, olhos fortes
Como se cego não visse o navio partir
Levando sua lembrança da mente mar adentro

Segunda-feira o corpo eletrizou a alma
Mas a guerra travada pelas roupas sujas
Fez-se mais importante que a limpeza
Por que me preocupo, se é inocente?

As ondas do som misturadas à raiva
Que estampada em seu semblante expelia
Venha e deite-se,  misture sua raiva à merda
E beije esta boca que lhe estampa, mente

Basta ver que na rua não falam mais de si
Basta ver que os poetas estão sumindo
Basta ver que os dias estão mais curtos
Basta ver que a raiva não lhe leva a nada

As ondas do som subindo e descendo
A raiva estampada em sua gentileza
Como se houvesse culpa em meus olhos
Como se houvesse culpa em meus olhos

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Deitou-se no chão

Olhou-te com afinco e sumiu
Nos caminhos obtusos e claros
Nas inverdades onde cravas teu ser
Não suprimido do ódio clássico
Deitou-se no chão, deitou-se e dormiu...

As batidas no peito que urge amor
Estão cada vez mais distantes, mas a luz
A ofuscar os olhos, donos deste peito
Ficam variando sua felicidade, dor
Deitou-se no chão, aquietou-se e sumiu...

De onde emerge teu sorriso, flores nascem
Se noutro perfume meus sentidos patinam
No teu, ora incógnito, põe bandeira e fica
A desdenhar da realidade que consome
As palavras que outrora eram sinais

Que se pudesse ouvir os gritos
Que de minhas palavras escuto
Entenderias quais sentimentos imprimo
Na face de um entremeio de linhas
Tortas linhas, imagens imperfeitas
De um amor imerso em ar rarefeito





terça-feira, 24 de novembro de 2015

Ao cais

Se com tua altivez pudesse retratar
Trazer este incêndio gradual que queimas
Toda tua beleza no espelho
Tristes verdades que cospe em meus olhos...
...secos olhos sem a chuva de tua vida

Suas vestes internas trazidas por um canto
Miúdas palavras balbuciadas sem ritmo
Com a clareza dos deuses, com a leveza...
De um tapa na cara que lhe beija!
Seca a água que lhe molha o corpo

Antes de tua investida fria, sem coração
Hei de entender que assim já não posso
Ver-te como tal, jarro de luz, besteira
Que quando me envenenas, sorrio
Vendo a lua que te deixas arfante

E, se deste lado eu insisto em ser-te errante
É que não conheces toda minha poesia
Por que se vejo aquilo que a paz apraz
Não seria justo deixar a rua e seguir pro cais?
Partir sem adeus dizer, morrer sem amor te ser?

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Descoberta

Veio pálida como o orvalho
Um molde cru nas mãos
Uma lata velha querendo descoberta
Uma pétala escondida

Veio em minhas mãos
A flor que outrora quis
Sonhei, quais cheiros oculta?
Sob olhos desafiadores

Veio pálida como o orvalho
A pétala desejada, plenamente branca
Com suas cores diversas
Ventando meus olhos

Veio sem devaneios, despojada
De suas palavras de repulsa
Olhos nos olhos, corpo
Devaneios que outrora eram sonho

domingo, 15 de novembro de 2015

De flor em flor

De flor em flor sussurrando ao mel
O que a água não sabia, é que morria
Ante a ferocidade de suas mãos
De flor em flor ela deixava sua marca
Atrocidade desconhecida, desconexa
Mundo estranho, de flor em flor
Ela apagava sua memória feliz, sopro
E ele esquecia assim que a amava
Ela, o pedestal de um amor platônico
E a lama que cobria seu coração
A água lavava, e de flor em flor
Ele a observava, feliz com seu sorriso

De flor em flor ele a seguia...
Seguia para ser um idiota feliz
Feliz por ser seu sonho mais distante

Entre um sopro e um cuspe, ela o beijava
No átrio ela apenas pedia aos deuses
Livrai me deste idiota, mas ele seguia
Que de flor em flor ele a achava, ofegante
Porém triste entre as construções, olhos
Que a fitavam, não como uma flor
Talvez perdida, talvez borboleta sem asas
Mas eu a esperava, introspectivo num sonho
Temendo por sua felicidade, que buscava
De flor em flor, com ódio e com amor
Estava ali para tudo e para nada neste fim
Que de flor em flor, eu lhe achava, amava...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O poste

O poste parado tudo contempla
O pedestre desajeitado
A bicicleta recostada
O carro que vem vem e 'plac'
Sirene, sirene, sirene

O poste continua parado, contemplando
Imprudência, imprudência
Pensava ele, absorto em seu concreto
Um arranhão muito indigesto
Silêncio, silêncio, silêncio

O poste na rua mira tudo
O cachorro que passa e lhe banha
O ser gentil que de fome reclama
O carro que com presa lhe porra
Desastre, desastre, desastre

O poste também não reclama
Em seu topo um pássaro canta
Seu alento na noite sem cama
Dorme em pé sem chance de fama
Isola, isola, isola

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Andorinha 2

Se eu pudesse lhe alcançar, andorinha
No remanso em que percorre, domina
Pousaria meus olhos em suas asas
Surfaria no vento suas passadas
No ritmo que dá ao céu que povoa

Se eu pudesse lhe alcançar, andorinha
Nas paragens que contempla a vida
Seria o lago que saciaria sua sede
No descanso das asas cansadas
No pensamento plano do outro vôo

Se pudesse também ser andorinha
Voaria distante pra colina
Tentando entrar em ressonância
Com a batida dos ventos

Qual som escuta quando voa?
Voaria distante pra colina
Tentando entrar em ressonância
Com o som que reflete a alma

Andorinha

Se eu pudesse alcançar esta andorinha
Que vive voando pela minha varanda
Escondida quieta num remanso
Com olhos de águia, caçando palavras
Suas palavras, escassas...

Se eu pudesse alcançar esta andorinha
Que vive pousando pelo caminho
Escondido dos meus olhos, perdido
Caminho escasso, amor calado
Seu peito, avassalador...

Se eu pudesse ser uma andorinha
Voaria este caminho que caminha
Se eu pudesse ser uma andorinha
Me esconderia na maior montanha

Onde o ar não me faltaria
Onde do mar me abdicaria
Onde com seus olhos eu sonharia
E onde feliz eu morreria, feliz...

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Luta

Que a intensidade daquilo que sinto
Seja deixado à sua porta pela manhã
Nas asas de uma colorida borboleta
No pingar suave das gotas de chuva

Cativando seu desviado coração
Emanando sem perceber, luz
Que isto seja grande enquanto vivo
Que seja tudo o que preciso

Que sem você não sei viver
Tento até não esmorecer
Ante esta ideia de desistir

Tentar sem ver a cor da luta
Quando vencida com palavras
Quando contigo sendo amadas

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Quando

Quando lê, transporta
Quando vê, se importa?
Quando e se, há volta?
Há sim a explosão

Quando crê, certo está
Quando sê, volta ao início?
Quando e tê, caminhos
Há sim a emoção

Por vezes estar
Onde quer que não esteja
Onde for a paz destreza

Por alguns segundos paz
Sem o brilho ensolarado
Desta chuva de raiva

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Leituras

Que a saudade do medo que tenho
Se vá com o suspiro que você me dá
De quando me viu, de quando me foi
A saudade que tenho do medo que fui

Que a verdade imposta a você seja sim
O ir a algum lugar onde não estou
Por que a lua se vê sozinho assim
Com a saudade do peito que temo

Que mesmo estranho me receba bem
Que quando chegar não direi palavras
O medo de tudo que tem em mente, me trava

Que pra esta alma o presente é não estar
Até que leia as palavras que cravadas estão
Na lua que insiste em sozinha olhar

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Saudade

Contínuo em meus sonhos
Continuo em meus braços
Cada trecho da minha alma
Que se perde com o coração
Nos olhos cravados no peito
Pedaço de uma intensa oração

Tendo o pássaro alçado vôo
Levando consigo um pedaço
Do vento que me trouxe
A leveza do seu perfume
Levou consigo também
Todo o intento do que pude

Contínuo em meus sonhos
Continuo em seus braços
Levado como um furacão
Para o berço de onde nasce
Um inquieto e tenso coração
Tomado por uma imensa saudade

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Minha dose diária de você

Minha dose diária de você
Consegui nestes dias
Foram dias de lua
Vendo a terra girar devagar
Minha dose diária de migalhas
Esperando o sol sair
Mas apenas o som ouvia
Mas era bom, era primavera
Alguns sentidos não fazem sentido
Fazem uma mistura na alma
Jogam meu coração do alto a baixo
Qual sentido precisa fazer sentido
Senão sentir por um momento
A paz que teria, ao seu lado conseguido

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Tempo

Estes seus olhos penetrantes
Suas mãos conflitantes
Este seu cheiro ao vento
Esta penumbra em que se esconde
Sua luz pulsante
Obra apaixonante
Que se esconde sob o silêncio
Dosando seu mel lancinante

Esta sua aura de menina
De fazer triste sina
Neste ser, um puro errante
Que se esconde durante o dia
À espera dos ais diários
Que fazem desertos
Os áridos olhos do poeta
Dosando sua loucura de antes

No gelo que são estes minutos
Transformados em horas de solidão
Aguardando seus dedos sobre o diamante
Lapidando o dia que se passa
Que se esconde dos olhos meus
Consigo trazer junto da alma
Apenas umas palavras tais, que
Entregam meu coração ao seu

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sentindo

Entre ir vir estar
Vou fico ido
Que findo o ir
Vou de vir cansado

Entre vir ir estar
Estou indo e findo
Que rindo indo
Vou ir amar

Entre fique e espere
Indo assim vindo
Rindo findo gostar

Entre espere e vá
Depois que vir amar
Vou de vir amado

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Regresso

Na esquina daquela casa
No encontro de águas escuras
Os olhos debaixo d'água não abriam
Mas o toque que vinha de sua direção
Deixavam claro...
Continue falando, lhe acho, fale

Na esquina daquele enfado
A voz que ecoava na mente
Os olhos abaixo de tudo, o toque da sirene
O que houve com as palavras
Como ouve as palavras, ditas, mal ditas
Na esquina foi assim, um enfadado fim

Claro... vontade de dizer... Não foi assim
Vontade de explodir!
Como se na rua tivesse lhe visto
Antes de o coração alertar para o fim
Como se o começo não fosse bom
Mas no fim o fim seria bom
Deixaria, como a um pássaro, o vento levar
O que não se muda, o que não ajuda
Como se o amor pudesse enfim ser revisto...

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Som no ar

Destravar a amarra do corpo
Desfazer o nó na cabeça
Ver o sol
Sentir, fluir, seguir

Talvez amar, sempre orar
Se pedir peça o certo
Destravar a amarra da alma
Ver, sentir, ser, fluir

Sempre amar, talvez demonstrar
Se for ir vá de uma vez
Ver a lua
Sentir, dormir, esquecer

Desfazer o nó do ressentimento
Se for pra ser que seja um sol
Brilhe para qualquer um
Ser, querer, viver

Talvez lhe esquecer
Se for pra amar, que seja você
Sob a lua e sob o sol
Amar, dormir, acordar

E assim quando a flor despertar
Que seja com sua face
Sob o canto dos olhos
E um bom som no ar...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Gritando da janela

Você saía
Eu gritava
Quando queria
Você voltava
Não assim
Não aos gritos

Da janela eu
Não sabia o rumo
Daquilo que lhe ía
No corpo, na alma
No som apenas ouvia
Enya... E ía

Da janela gritava
E eu?
Apenas ouvia
Apenas me lia
E não sabia
Que lhe amava...
De verdade

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Bússola

É um norte sem bússola
Ainda assim me acho
Busco e lhe encontro
No sul, norte azul no mar

Banhada na areia enfrentando
O calor que lhe queima
A pele sob o sol, suas nuances
O olhar que mira e mata

É um norte sem bússola
Quando os olhos passeiam
E param de repente, fuga

É um norte em uma bússola
Para onde olhar é sorte
É um sussurro surdo de desejo

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sozinho

Não que fosse o fim
Mas este começo parecia meio
Ficava a meio caminho da metade
Ali meu coração esteve, amou

Preciso sair e ver o sol
Ficar a meio caminho da lua
No fim de uma praia
Observando Mercúrio
Subindo e descendo no humor

Não parecia fim de nada
Ou do nada
Ficava aparecendo tudo junto
Sol, lua, mercúrio

Precisava apenas sair para o ar
Para diminuir as nuances
De dias que parecem pairar
Esta sua aura louca de mulher
Amando desmandos sem parar

Não parecia que fosse fim
Meio do começo também não
Talvez metade do caminho
E sim, nisto tudo, sozinho

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Araguaia

À beira do rio
No peito o brio
O eixo do peixe
Na rede anseio
Na face, sua sede

À beira do rio
No peito anseio
Meio do eixo
Na rede sede
Sob a lua, tu

À beira do rio
Riso rio ri
Araguaia afamado
Na rede nada
O peixe que foge

À beira do rio
O peixe que olha
A cama sob a lua
Sorri pelo certo
Hoje não é isca
No Araguaia some...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Este sorriso

Este sorriso na praia
Como a vida leve
Os olhos que acompanham
Esta alegria breve

Breve por que há
Entre você e meus dedos
A serra do urutu
Donde brotam ilusões

Que são como bolsões
Ante este riso de menina
Sob sua aura menina

Toda feita de perdões
Que me encanta, cede e rima
Como se fosse minha toda

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Eu sigo você

Eu sigo você, mesmo parado
Meu coração vai até o seu
Em pensamento andando
Onde haja ao menos um sorriso seu
Mesmo que triste eu me encontre
Eu sigo você, digo pra mim

Digo pra mim e mudo o rumo
Basta saber, está bem
E no perfume da manhã
Quando o sol se desprende do mar
Quando encho o peito de ar
E penso: mais um dia

Poderia gritar, mas me calo
Nestes dias obscuros
Por umas palavras mal ditas
E a porta que fecho, ficou aberta
Por anos à espera do seu olhar
A fresta estará lá, entreaberta

Quem sabe o dia de amanhã?
Eu sigo a mim, nestes dias
E as palavras rastejam sob o eu
É sobre tudo que não foi
É sobre tudo que não quis
Sempre foi sobre tudo que não fiz

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Giro

Minha mão alcança o muro
Desenho seu nome com a faca
Com a faca que cortei minhas mãos
E me alçou no seu rastro...
Injusto seria se não amasse assim

Minha palma da mão tem seu rosto
Desenhado com a ilusão dos seus olhos
Pintados sobre uma tela escura
Sobre o que não me alcança, o muro
Onde sua casa se esconde, seu nome

Minhas pernas correm e se deparam
Com a falta de sentido dos seres desumanos
Onde está nossa garra e nosso coração
Endurecidos pela falta de abertura...
... o amor perdeu?

É que quando me dou conta giro
Giro e volto no tempo espaço
No momento em que fitava meus olhos
Me detonava sem que soltasse palavras, mas
Descarregou seu destino em minhas poesias...

É que assim, sem destino, sem palavras suas
Sobram estas alucinações desconexas
Sem sentido formando versos
Alçando minhas mãos ao muro e o peito
Envolto no coração... Gritando seu nome

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Sono breve

Sai, vai, não se furte
O que vê nestes dias?
Luzes, vozes, os olhares
O que se assemelha a você
Qual é o seu espelho
Em que corpo se acha o amor

Sai, vai, não volte, escute
Há algo mais que correr
Há uma vontade fluida
Que escorre pelo corpo
E banha esta sensação de ir
Para onde não haja dúvidas

Sai, vem, vá, escute, fale!
Que nada aqui pode tapar o sol
Senão esta sua feição de luz
Mais brilhante que a lua
Nesta noite de sonho leve
Neste embalo de sono breve

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O amor

O amor é esta coisa louca
Que lhe bota pra correr sem chão
Em meio à imensa massa
Chamada multidão
Sem que tenha ciência
Que sob os pés
Nada se tem, mas
Ainda sim se vive, se corre

O amor é esta coisa louca
Que lhe destrói um pouco a cada dia
Até luta para manter a sanidade
Sabendo ser em vão
Qualquer atitude para ser
Um pouco mais certo
Mantendo os pés no chão, mas
Não! O amor lhe põe arpão

O amor é uma mentira
Contada pela verdade
Na qual você acredita viver
E se vive...
Acreditar é mais do que entender
É acordar sabendo que tem um coração
Pronto para amar, sem mesmo
Um sol para brilhar sobre sua vida

O amor é esta coisa louca
Que lhe deixa sem explicação para sorrir
Põe você contra a parede
Emudece sua fala
Chora, aquece, prece
Ora a Deus por este coração
O amor não precisa razão
Precisa da sua doce sensação

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Poeta romântico

Te aquietes, se presta, poste o eu
Que sem este fio lhe segurando
Arde em mim a vida que foge de ti

O fio que lhe aprisiona nestas odes
Entremeadas às palavras tuas, poeta
Se faz de um preço alto pra mim

Poeta romântico, te aquietes, floreie
O âmago de quem lê o que susurras
Qual verdade estampas sem pudor?
Sem a dor que escondes sob os olhos

Te aquietes, pois se presta, poetizes
Que este fio entrelaça tua esperança
De palavras conduzirem teu futuro

Poeta romântico, soneto sem ordem
Corpo sem calor, amor sem uma flor
Tudo junto num ardor, na mente do ator

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Reflexos

Não veja as coisas deste jeito
Você sabe muito a meu respeito
Não me atire pelas costas
Pois eu sei lutar

Nesta onda de ilusões
Onde o certo encontra o errado
Neste barco de ilusões
Vou me afundar

É o reflexo do amor
Das coisas que sei contar
É a certeza de que a dor
Pode enfim cessar

Não veja as coisas deste jeito
Não duvide do meu respeito
Não peça para eu voltar
Pois eu posso aceitar

Nesta onda cristalina
Onde o amor me alucina
Há um barco repousando
Quieto a nos esperar

É o reflexo do amor
Das coisas que sei contar
É a certeza de que a dor
Pode enfim cessar

terça-feira, 28 de julho de 2015

Da rua

E se possível fosse viver
Como vocês veem o mundo
Sem estas nuances tristes
Deste lado da rua.. fome

E se possível fosse querer
As mesmas coisas que têm
Sem malabarismos suados
Do outro lado da realidade

E se impossível é seu colo
Como meu corpo se eleva?
Do frio que vem mansinho
Nesta noite de barulhos vis

Qual mão terei pela manhã?
Estendendo o bom dia e café
Com um ligeiro adeus, até mais
Sem isto nada sou, sou barro

Sabe em qual dia não há solidão
No dia que a rua se enche de risos
Alheios risos que não são de mim
Se fossem seriam choros, amargos

E se possível fosse de vez crescer
Deixar para trás estas sujas mãos
Ver de novo minha vida alinhada
Cresceria em paz com meu coração

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O salto

Em qual salto não há risco
Não importa qual, onde
Qual bike tem nas mãos?
Senão a que lhe veste
Como uma morte a caminho
Mas o coração
Este agradece a loucura

Em qual salto não há risco
Os saltos da vida
Qual mãos tens no corpo
Senão a que lhe arrasta
Como uma sorte a caminho
De que tudo
Acabará tão bem quanto começou

Se não saltar, não se vive
Não importa para onde
Salte, solte, molde, estatele-se
Amanhã recobre sua energia
Como um amor a caminho
Num salto de felicidade
Acabará tão bem quanto sonhou

terça-feira, 21 de julho de 2015

O pássaro

Voas com o ar macio
Doas, como o mar agitado
Teu sal, dor e alma
Ecoas como penhascos íngremes
Por entre as entranhas
Da terra esquecida
E dela apenas tiras
A beleza para teus olhos

Voos alçados e fugidos
Queres chegar, bate asas
Por entre desfiladeiros
Onde tua vida se eleva
E cai tão depressa
Quanto a cachoeira na montanha
Não te esqueças
Não há evolução sem paciência

Por isso voo tão alto
Que do chão um rato me acerta
Tamanho peso de minhas asas
E, sem deixar de acreditar alcanço
O fim, o fundo, a pedra no alto
Onde me recolho em meu silêncio
Me quebro e retorno para a terra
Nos braços da vida

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Aí basta...

Se meias palavras à meia luz
São meios de falta de ar...
Uma noite sob a lua, sob o céu
Escuro e denso céu, vozes ecoando
Do rádio à meia distânica
Ante a luz que é cravada
Em meio às rochas vulcânicas
Na grama os latidos silenciados
A mão de repente toca
Com a leveza de sua alma
Aí basta...

São ainda meias palavras
De onde palavras inteiras
São o desejo que permeia
A luz que rebaixa a escuridão
São meios de falta de ar...
Ante àquela luz sob a água
Da noite de verão...
Nu como nua está
Esperando as palavras
Moverem sua boca e sim

Aí basta...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Meio de tudo

Num único momento
Juntando tudo que não
Pode...
Pode ser assim, meio louco
Meio eu

Num único ato
Juntando eu
Pode ser um segundo
Uma onda na praia

Num único momento
Juntando assim os mitos
Do que faço, vejo
Posso?
Ser assim tão eu...

Dela

A noite
Sem filtro
Sem fila
Uns olhos
Metidos aqui
Entre a indecisão
Qual toque
Qual perfume
Entre suas investidas
Qual dia me beija
Sem filtro
Sem batom
Barulho
Som sim sexo
Nenhum som a mais
Apenas seu...

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Dois sentidos

Vamos? Segue? Vai onde
Qual destino segue
Onde a lua ilumina a ilha
Onde nada há demais
O jeito
Mistura de passado
Das mãos nas mãos
Vamos? Sigo! Onde vai?
Qual destino seguiria
Sem esta lua que ilumina
Onde nada mais há que...
Ser eu
Vendo você... Não vendo!
Sou dois mas sou seu eu
Poeta...

Poema contra a derrota

A pior parte de si
Quando julga errado
A parte do 'e se'
Ninguém lhe derruba
Ninguém lhe empunha arma
Alguém lhe deseja
Alguém lhe almeja
A parte de si
Que não se entrega
Mas se entregar-se
Nada há mais que fazer
Senão assistir

A pior parte de si
É quando se julga errado
E parte do 'e se'
Você se derruba
Você lhe empunha arma
Ninguém lhe deseja
Ninguém lhe almeja
Nenhuma parte de si
Pois se sua entrega
É para a derrota
Nada mais há que se fazer
Senão lhe assistir

terça-feira, 14 de julho de 2015

Mudos

Mude, esqueça, refaça
Que aqui o tempo passa
Pra onde vai quando acorda?
Estou parado ao seu lado
Mesmo que para nada
Mesmo que para ser nada

Mude, não esqueça, refaça
Que um dia o tempo passa
Quereria que não tivesse
Medo de acordar e viver
Mesmo que por um segundo
Mesmo que por uma vida

Mude, mudo, refaço
Que na vida o mundo passa
Onde acorda quando vive?
Estou no passo do seu coração
Mesmo que este não perceba
Mesmo que você não se atreva

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Lá vem ela

Lá vem ela, pela estrada
Quando está viva, perturba
Quando resolve morrer, aflige
O que era para ser somente um fim

Lá vem ela, pestanejando
Não quer saber o que há
Se bem que nada há que haver
Senão apenas um amor bucólico

No fim da estrada o cruzamento
Qualquer forma de seguir é...
Mero acaso de uma decisão
Lá vem ela... bagunçar a estrada

Deixar seu rastro de beleza
Migalhas apenas, jogadas
No caminho percorrido
Lá vem ela... Lá vai ela

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Explosão

O que explode entre meus dedos
Não é o amor que sinto por você
Mas o desejo que carrego
De vê-lo refletido em seus olhos

O que move minha cabeça
O que por dias me escrevo
Que sai tão sutilmente
Está na porrada do meu cérebro

O que explode entre meus dedos
Não é a beleza de sua face
Mas este ensejo que tramita
Por dias debaixo desta mesma lua

Qual dia o som do rádio será o mesmo
As baterias serão as mesmas
Os olhos serão os mesmos
As poesias não serão mais as mesmas

Por que o que explode de verdade
É este intenso cheiro que sinto
Quando retrai sua decência e se mostra
Com os mesmos olhos que aprendi amar

Nestas palavras não me acho, mas
Conservo aquilo que me mostra
Estas palavras às vezes me suprem
Mas sempre me trazem até você...



terça-feira, 30 de junho de 2015

Perfume da alma

Leve quando passa
Sentido único
Dor no peito
Perfume na alma
A paz que restaura

Dorso quente
Afã ausente
Preciso de calma
Tal qual me ressente
Estes dias ausentes

Leve até que passe
O perfume que emana
A paz nos olhos seus
Uma pintura do dia
Na noite escorregadia

Corpo posto à luta
O perfume da alma
Que guia as flores
Dos dias que vive
Da vida que sonha

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Ponto

Sem o senso do dia denso
Numa meia luz, uns olhos
Portas trancadas, peito aberto

Que o reto tem caminhos tortos
Bem sabemos que amar é dor
Sabor de uma flor madrugueira

Ponto fim

Sem o denso do seu senso
Num meio dia de olhares
Portas escancaradas, peito arfante

Que o certo tem caminhos vis
Bem sabemos que dor é amar
Doce de uma flor veranista...

Ponto início

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Tudo muda tudo junto

Não ao viés! Fica leve
Traz o agora e se mude
Não confunda meus anseios
Que sem qualquer jeito
Não me meto a lhe aprazer

Se fico sério às vezes
É que assim me aquieto
Ante este conturbado coração
Tudo muda, mas tudo junto
Corpo, mente, sexo e razão

Não sobram dias que vivi
Tentando acordar pra sempre
Pois os sonhos estavam fortes
Assim como minha emoção
Ao ver que desisti, morri

Não ao invés disto ou daquilo!
Não quero ter que esquecer
E mudar daqui deste corpo
Fazendo jogo de cena como quer
Olhe em meus olhos... apenas isto!

Tudo muda tudo junto
Senão há um senão
Que mudança de meia água
É meia chuva com meio sol
E meu corpo não é meio

Não ao viés! Fique sério
Não se mova não remova
Os pingos felizes que pontuam
Todos os dias, na mudança
Os diários que escrevi...

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Futuro

A viagem é longa
Mas não meça seus passos
Deixe seu caminho à mostra
Mas não deixe que caminhem por você

A viagem é tensa
Mas não se esqueça do encalço
Aquele que liberta
E não se desfaça das lembranças

Um dia olhar irá
Para os frutos que tiverdes
Deixe que saibam dos seus dias
Nenhuma colheita é feita sem na terra pisar

terça-feira, 26 de maio de 2015

Meio ser meio só

Na aura escondida tua face ludibria
Os dias do meio ser só meio de ser
Não há força que sustente a chuva
Quando as nuvens estão dispersas
Na aura escondida tua face contamina
Teu olhar esmaece através do espelho
Onde no fundo encontro os meus
Sérios olhos mirando minha solidão

Meio ser meio só no meio de um nó
Os dias do inteiro são águas rasas
Não há aura viva de onde voltei ontem
Que quando as nuvens se carregam, o céu
Ludibriado com tua embriagues de palavras
Se põe até mesmo sobre um arco íris
Mas no fim, o fundo, no pote, uns olhos
Mirando os olhos que carregam tua alma

Na aura escondida tua face contagia
Chegado um momento de qualquer dor
Meio ser que carrega demais
Meio só que vive de menos, 
E os olhos no espelho, as mãos sobre teclas
Nada... nada... nada...
Meio ser, meio só, meio eu, meio tu
Onde no fundo, enfim me encontro

terça-feira, 19 de maio de 2015

Escrevendo

Sob a meia luz nenhuma ideia
Nada me vem às mãos outrora vivas
Cheias de palavras e versos
Mas continuo olhando as teclas

Minha máquina me suga
Adentro me perco em você
Onde foi parar neste sobe e desce
Das letras barulhentas, cinzentas

Não retorne antes que tenha escrito
O que prometi para tirar-lhe de mim
À meia luz está difícil decidir

O que às escuras fica mais fácil
Desnudar seu corpo longe de mim
Escrever palavras descrevendo nosso fim

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Errante

Se ela soubesse o que aqui se passa
Sem ondas ou devaneios
Fazendo de minha verdade esteio
Saberia que do fundo de minh'alma
Vem uma força que galopeia
Na direção oposta do que é certo

Se soubesse o quanto sofro
Com estas vontades que não controlo
Com este desejo que vem sem jeito
Arrasta o corpo e o coração só
Que não se apruma neste mar
Neste agito onde meu barco foi parar

Se soubesse que sou só coração
Inundado de palavras e só
Sem o senso da eterna prisão
Saberia que errado sou
E mesmo que errante sigo
Não queria estar em lugar diferente...
... deste que estou...

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Paro o tempo, desço e me olho
Sujo, num instante de coração aberto
Paro o tempo, desço e sigo sem mim
Por qual rua andarei assim? Sem minha parte

Paro o tempo, desço e me distraio
Na praia que me cerca, as raquetes dispersas
O braço de força comum, fora de mim
É quando o céu me anima, vivo

Paro o tempo e na brisa do mar me esqueço
Que longe de mim, nada sou além de pele
Onde foi parar aquele malvado coração?

Que costumava parar e me olhar, nas manhãs
Parou o tempo por mim e seguiu só
Fiquei contando os minutos, em mim um nó

terça-feira, 12 de maio de 2015

Fundo branco, pano vermelho

Fundo branco, parede quebrada
Pela cor que a preenche
Pela dor que não compreende

Fundo turvo, dos blocos dispostos
Em contraste com a pele
Com o corpo largado

Quanto aos olhos, não vejo
De tão profundos a sonhar
Com um beijo, talvez amar

Fundo branco, pano vermelho
Como o sangue de suas veias
Como os cabelos se misturando
À nave que lhe abriga, cogita

Tocar-lhe o corpo nú
Mas apenas lhe pousa
Tocar-lhe a pele alva

Mas apenas lhe pinta, repousa
A suavidade da vida que leva
Seu coração em meio a esta tela

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Envolto

Envolve, move, o corpo inquieto
As palavras ácidas, sendo expulsas
O tempo perdido dos minutos sós
Envolve, move, vai pra onde?

O corpo lento se afastando
Com as palavras sem nexo
E nada há que se envolver
Que se mover é quase uma ofensa

Envolve, move, então fica
Onde quer que queira
Com suas palavras ríspidas

Seu bom dia no grito
Surdo está meu coração
Evolvo, movo, pra longe então

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Diariamente

O dia, dias, diariamente
Você nos olhos da alma
Seu corpo vai na mente
São os dias do repente

Os sons do dia diário
Sem seus gritos, sussurros
Músicas que entoam os cantos
Todas minhas, todas suas

O dia, dias, diariamente
O coração sabe que assim
O amor que ataca de repetente

Não é mais que beijo ausente
De um dia que não me lembro
Mas que me persegue diariamente

segunda-feira, 27 de abril de 2015

À frente

Acima, em frente, sorriso solto
Onde encontro assim
Suave, olhos vibrantes
A boca perfeitamente posta
Deixa a língua à mostra

A lua se contagia, maldade
Tamanha força que força
O brilho da desmiolada lua
Teimando se esconder do sol

Deste lado frio, aqueço meu coração
Observando tamanha beleza
Solta por aqui
Reflexo desses olhos
Que fuzilam meu desejo

Mas sob esta mira
No auge de uma canção
Se ascende este coração
Louco por fazer o certo, beijar-lhe

domingo, 26 de abril de 2015

Sonho

Tive um sonho
O melhor de todos
Sua boca beijava
Minha mão... Suave

Tive um sonho
O mais feliz
A disposição de suas
Suaves mãos

Num toque num dia
E tudo que havia
Eram ilusões

Num toque uma vida
E tudo que sabia
Era que estava num sonho

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Renovação

Nem tudo muda, nem estaciona
Se de tudo ainda não tirei nada
Algo mais há que se fazer
Senão a alma não se emociona
Não faz aquela festa solitária
Quando dos dias se espera
Nada mais que melhores momentos
Sem os tormentos
Sem meia verdade

Se hoje me calo, sigo mudo
Nem tudo muda, não mude
O silêncio que há parece terror
Mas este momentâneo tempo
Sem parecer ter alento
Terá vigor na renovação
Por que quando tudo parece perdido
É a hora mais escura no ser
Em que se refaz um coração

terça-feira, 21 de abril de 2015

Murmúrios

E lá se foi a água
Junto com a égua
No pasto sóbrio
A foice esfacela
Quando nada sobra
Quando se aquieta
A cavalgada sobressai
Nenhum instante mais
E lá se foi a água
Junto com o banho
De quando sabia
Sabia bem o que queria
Lá se foi a égua
Sorridente pastando
Ficando sem murmúrios
Apenas amando
Junto à foice esfacelada
Aqui o dom some
Dorme e acorda mudo
Apenas amando...

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Um alguém

Um alguém
Além do além
Sobre o que se
Aprende amar sim
De onde vem?
Por onde vem?

Ser sim
Amado e o desejo
De um alguém que
Além do além
Sabe o se
Assim, tão bom

Um alguém
Num outro além
Assim tão suave
Como a manhã
Que como o mar
Sabe bem amar

De repente

E se o risco indolente que trago dentro de mim
Assaltado das proibições impostas
Fosse a flor que falta perfumar
A vida que do ser pensante brota

E se a foice que leva meu pesar
Vinda sorrateira sem um aviso dar
For invés de foice, arado
Para esta terra bem tratar

E se o errado fosse mesmo o certo
O corpo aflito não ficaria
Nem o coração só pereceria
Nesta terra que se plantando tudo dá

E se, ainda que e se fosse um senão
Com este seus olhos fuzilantes
Fossem um risco reluzente
P'esta alma tão errante

Que no calor se deixa ausente
Com a boca escancarada
Teimando as palavras desnudar
Como se amor fosse de repente

terça-feira, 14 de abril de 2015

Onde não há maldade
Onde os dias são anos
Onde nada pode atrapalhar
Onde verdade é amar
Andar por entre ruas
Sabendo onde chegar
Lá onde tudo é possível
Onde chegar é tangível

Onde não há senão
Onde não há o julgar
Onde possa trabalhar
Onde o mito é do pensar
Calar ante o anseio
Sabendo que sei amar
Lá onde isto faço
Onde isto é fácil

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Refazendo

Longe dos seus olhos observo sua aura
A luz que lhe segue, o doce que lhe quer
Há perfeita interação entre céu e terra
Quando pisa neste chão massacrado

Há tanta escuridão quando olha para trás
Que não haveria luz se quisesse sobreviver
Por isso há uma brecha chamada esperança
Que lhe impulsiona desde o íntimo do ser

Não pereça nesta curva aguda
Não se esqueça de começar a amar
Esqueça o que passou... Passou

Não desmereça quando viver
Não se permita esmorecer diante
De tudo que a vida quer lhe dar...

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Absorção

Se nas ruas que ando
Sua alma estivesse
Não passaria triste
Pelo viés desta solidão

Se hoje o sol viesse
Aquecendo o corpo nu
Sem rejeitar os raios
Que explodem seu coração
Seu brilho seria de verdade

Se tudo por onde anda
Conseguisse absorver de você
Uma ponta do seu amor
Ou um resquício de sua paz
Os olhos alheios seriam um dom

As pessoas se contagiariam
E viveriam em paz
Sua faces estariam sempre a sorrir
E viveriam sob o canto desta canção

terça-feira, 7 de abril de 2015

Céus

Nenhuma estrela, nenhum sinal
As nuvens densas seguem festeiras
Se noutro dia as águas deste céu
Corriam sedentas por este manancial
Hoje parecem duras, subindo a ladeira

Nenhum movimento, nenhum espasmo
Neste ser que habita o não sei quê
Se noutro dia sabia o nome disto
Neste céu já não sei nem o nome
Do que lá trás chamamos de estrelas

Nenhum cheiro, perfume tampouco
Um corpo nú deixado à revelia
Por que outro dia ousou despir à fria
Que era a água vinda lá do céu
Numa onda avassaladora de ais

Nenhuma onda, nenhum sinal
Nem o olhar que vem do nada
Chega brilhando na tela apagada
Consome a tez, consome o tal
Do que um dia chamamos de paixão

sábado, 4 de abril de 2015

Livre...

Você veio sem muito mais desejos
Nada mais que os olhos sedentos por algo
Desconfigurou minha programação
Enfim, bagunçou o que eu chamava de coração


E hoje sei, não sei mais o que é amar
Não sei mais o que é acordar
Vivo sonhando pelos cantos
Embriagado nesta ilusão seca


Enquanto não tenho seus lábios
Enquanto não sei o que é certo
Enquanto por aqui me retraio


Você veio sem muitos desejos
Apenas o de bagunçar minha linha
Embramá-la e soltá-la no ar, livre...

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Amargurado de amar

Dentre os olhos que vi
Nos meios em que estive
Mirando minhas palavras
Mas estas, não percebe, são...
... amargas e findam no chão


Sem os rodeios de se relacionar
São uma parede com um quadro
Que mudam de acordo com a alma
Nunca verá este quadro duas vezes
A felicidade se eleva um décimo


A tristeza, esta cai dois milímetros
Para cada caída preciso galgar 20 subidas
E as palavras seguem maltratadas
Quando acho olhos que cavalgam rumo!
Ao que altere os décimos em centímetros


Dentre os olhos que vi
Nos meios em que estive
Mirando estes versos confusos
Mas estes, não percebe, são...
... doces amargurados de  amar...

segunda-feira, 30 de março de 2015

Poetinha

Ah poetinha... tenho pena do sol
Quando dizes a ele que queima a alma
Por que tu, quando queres, sabes fingir
Para que palavras assim?


Ah poetinha... tenho pena da lua
Que vês tu de graça nisto?
Por que tu, quando finges, não sabes mentir?
Para que palavras assim?


Ah poetinha do além mar
Tens uma gosma nas entrelinhas
Que doem a quem passar


Ah além mar do poetinha são
Fingidor que se esconde
Em suas próprias escancarações

sexta-feira, 27 de março de 2015

Primavera

Na sala no canto estirado, largado calado
Os mosquitos revoando minha cabeça
Com os barulhos das asas sedentas de sangue
Na sala no canto resguardo, uns minutos...
... de olhos fechados...


Lá fora no vilarejo o ar parece limpo
Não há mosquitos zunindo em seu ouvido
E sem o barulho das asas sedentas de sangue
Você refaz o canto, tirado do resguardo...
... de olhos abertos...


Além das palavras que um pássaro canta
Surgem umas flores densas em suas cores
Peitos fortes com seus chapéus a colher frutos
A primavera que se avizinha, a árvore
Sempre crescendo, cada vez mais distante a atrair...
... uns olhos atentos...

quinta-feira, 26 de março de 2015

Oposto

Ondas coloridas de um vento quente
A chuva batendo na janela do carro
A velocidade sendo reduzida na mente
Num anoitecer mágico onde os olhos
Seus olhos sendo portal para a luz
A chuva cheirando no asfalto, indo
O vento avermelhado que traz um oi
Num anoitecer que parece dia, vivo!


Ondas estremecidas com o som dos ventos
A chuva se foi nesta manhã e sob o sol
O colorido tomou todo o céu, as aves saíram
No amanhecer seus olhos despertaram
Num cheiro de manhã com café e bolo
O vento aquietou-se quando ouviu sua voz
E o dia seguiu com seus caminhos entremeados
Seguiu com sua habilidade de misturar os dados

Abismo

Qual mão lhe mostra as garras
À beira do precipício, lhe cerca
Puxa seu corpo para si e escarra
Larga-lhe o pulso e o sangue jorra

Qual mão lhe mostra a palma
Dizendo pare, senão lhe jogo
Pra baixo entre pedras e mato
Fazendo assim morrer, de amor

O abismo que se abre
O vento que lhe sopra forçado
Vem da queda em livres rodopios

O abismo que consome
Agora toda sua força em palavras
Vem do choque vivo daqueles olhos

quarta-feira, 25 de março de 2015

Suave mente

Suavemente te expor
Suave, mente a te pensar
Que de tão doída esta dor
Anestesiou este mal-estar

Se numa peça estivesses
Encenando a vida crua
Se tropeçasse neste palco
Acabarias enxergando, que

Nada posso o que quisestes
Que de tão doído este corpo
Em horas tais que não esqueço

De possuir teu endereço
Suavemente para contar
Que vim aqui para te amar

segunda-feira, 23 de março de 2015

Expurgo

Tuas mãos, não são de mim
Teus olhos turvos, tira-os
Pois se medes meu corpo
Expurgo teus ais, vis

Tuas mãos aqui, liberta
A menina que chora
O corpo que desejas
Não queres estragar

Tua vida, minha vida
Meu fio de esperança
De um dia lutar

Com as palavras que tenho
Com as que não tenho
Verás, você vai pagar, parar, pairar...

O ponto zero

Doce noite. Convite feito
Saio ali, flores vejo
Na mesa coisas, seus afeitos
Me vê sorri, eu meio sem jeito

Doce tudo, convite aceito
Se fui ali, foi assim perfeito
Na escuridão da noite
Por seus olhos me guio

Noite assim tudo desfeito
O peso leve, carrego no peito
A face vem, há nada feito

Neste escuro a mão suave afeita
Este rosto frio, quente por dentro
Os olhos miram, algo se ajeita

sexta-feira, 20 de março de 2015

Furacão

Esperando seu ser, onde dói?
Qual poesia com vinho qualquer
Qualquer seria bom... Mas dói

Vencer a madrugada, acordar para nada
O viver se acomoda nuns dias
Mas os dias já não recebem do sol, luz

Esperando pelo quê... As palavras
Vindas como um furacão
Fazendo deste coração, um despedaçado

Vencer o que de madrugada, nos leva
Nestes sabores da uva doce casca
Não casa com os dissabores seus

Que esperando pelo que tudo
Nada fez por merecer... Palavras
Que gostaria, de realmente escrever..

terça-feira, 17 de março de 2015

Metade

Não tem o senão para o que penso
Que quando o pássaro vai à água
Somente bebe, do seu líquido
Metade de mim ama, a outra também

Não há o que pensar se se faz errado
Há as flores que banham meu quintal
Mas às vezes elas escondem seu perfume
Neste instante eu me escondo

Metade disto é paixão, a outra também
Sob seus olhos há aquele desejo
Escondido quando me vê, mas há
Há que se revelar tudo que anima

Metade disto é passageiro, a outra passa
Bem diante dos nossos olhos
Não fique aí parada sem perfumar...
Perfume esta metade,
Pois metade de mim é olfato...
A outra é desejo de sentir seu perfume...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Hoje

Hoje o que faço?
Deito-me, refaço
Aquilo de longe, meu eu
Onde foi que

Perdi, sua inconstância
Seus gritos
Sua fúria!
Perdi, mas calmo estou

Hoje?
Hoje me refaço
Sob seus olhos

Seu triste ser
Amo aquela que hoje
Hoje me faz, ser hoje eu...

sexta-feira, 13 de março de 2015

Durante

Durante a noite penso em você
De dia também
Durante a sesta penso em você
Antes também

Durante um momento a sós penso em você
Acompanhado também
Durante o trabalho penso em você
No descanso também

Por que durante esta vida
Por mais distante e preso
Sigo com a alma dividida

Durante estas palavras penso em você
Durante o sono sonho com você
Por que talvez eu saiba, não vivo sem você

quarta-feira, 11 de março de 2015

Esperança

Teus olhos no espelho quando me vejo
Teus sentidos esmagando meu coração
Como a água que escoa da gruta fria
Teu amor fica cada vez mais distante

Então calar, partir e secar, os olhos
Não é o bastante, fixo o nada, não há mar
Que sustente estas ondas,
Então partir, calar e aceitar, acabou

Teus revoltos olhos miram longe
Meu peito denso te aguarda quieto
Não se vai, mas é melhor partir?

Vou partir este coração ao meio!
Metade te espera, metade se vai
Assim quando quiseres, me amas

domingo, 8 de março de 2015

Vi vendo

Queria contigo ir-me daqui
Em teus braços chegar
A televisão ligar e ouvir
Teus sussurros nesta tarde

Teu corpo chamar e sentir
Tuas mãos, teus olhos
Não há aqui outra delícia
Que não estar contigo, só

E vou-me daqui, coração
Apertado como a passagem
Do céu que nos espera

E vou-me daqui, coração
Acertado como tu
Vivo vivendo seus olhos

sexta-feira, 6 de março de 2015

Regente

Da aura da noite teu aparecimento
Do esquecimento dos dias retendo
O que não se explica nem crucifica
E em tudo que vejo poder descobrir
Teu sopro de inspiração é real, real

Da aura da noite a chuva que chega
Para resgatar o calor do corpo são
O que não explico é algo doce, sim
Aquilo que estranho está no coração
Teu sopro de inspiração presente

Do corpo noturno da lua subindo
No alto do céu, aqui sou teu réu
Sentado, esperando, palavras
Aquilo que estranho se faz aqui
Do lado que rege os dias sem ti

quinta-feira, 5 de março de 2015

Pesar

Devagar com as palavras
Não deixe que elas tomem
De si o que há em mim
Devagar com as palavras

Permita-se errar, mas cuidado
Palavras nunca erram, apesar
De nos dias seguintes
Não parar de machucar

Devagar com as palavras
Talvez seja fácil antes pensar
Deixar de lado o coração

Com prudência no amor
As palavras bem pesar
Para de dor não padecer

terça-feira, 3 de março de 2015

Ligação

Nenhum cão se arriscaria a tanto
Ligar?
Mas como um ser pensante
Relutante dentro de mim
Pensando nesta chuva
No piso escorregadio
Nas palavras lisas que vem de sua boca
Poderia pular estes patamares
Enfim discar seu número
Ouviria os trovões daqui?
O cão estaria do outro lado
Não me defenderia de sua voz ríspida
Minhas lágrimas seriam misturadas à água caindo
Não saberia onde começaria minha roupa molhada
O guarda chuva não seria suficiente
Mas tentaria de novo ouvir
Quem sabe a chuva se invertesse num sol

Mas o cão não viria
Não me defenderia de sua rispidez
Eu estaria condenada a uma ficha na ligação
E esta também seria perdida
Nenhum cão se arriscaria a tanto
Mas eu liguei...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Inquietante

Os olhos passeiam em sua alma
Sobre o seu sorriso, apenas ver
Saborear o seu perfume na cozinha
Ver a cidade correndo feito gente louca
Mas o som que escuto vem do rádio
O som selecionado por sua cabeça
Que carrega a voz inquietante...
... dos meus sonhos

Os olhos passeiam em seu jeito
Esbaldam-se no seu andar
O cheiro que traz consigo, o dom
De poetizar sem usar palavras
E da porta perceber que é errado
Que usar palavras deveriam ser
Mais que o silêncio que tenho guardado
Deveriam ser como poesia muda

Os olhos que trago de sua face
Atrelados ao que trago no peito
Sob a costura que fiz e guardei
Não vá muito longe, não se perca
Pois do cheiro seu, guardei o rosto
Que como o som que ouvia no rádio
Leva-me longe nos sonhos da noite
Tão longe que acordo sendo seu

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O que vai

A fome da fome de você
Consumindo o lado amável
Desesperado em lhe ver
Consumir seu corpo, sentir
O que não se acha no chão
Mas nas nuvens, lúcido!

A fome da fome do coração
Difícil dizer no meio da noite
Quando não há espaço
Para palavras...
Qualquer palavra...
Consumir sua boca, doce boca

E sua fome a assuntar este ser
Que refeito pela manhã
Se cala, se trata, maltrata
Uma vida expandida pela dor
Mas retraída pelo olor
De sua própria fome de amor

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Carga

O corpo acima e caminhos tortuosos
À frente!

Subidas súbitas e caídas velozes, tanto quanto eu
Mistura!

Linhas e contornos daquilo que eu chamo coração
Às favas!

Misturas de fel mel céu na chegada pintada de caneta
Atraso!

Cantos vivos necessitando de quebras, aquilo que gera
Descaso!

Curvas íngremes ditando o ritmo desacelerado, onde foi
O acaso?

Um desenho desgarrado tencionando um infinito em branco
Desejo!

Assim no meio do nada se refazer, desfazendo-se da carga
Pesado...


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Libélula

Se anda se vai se cai, se foge
Mas ama como libélula, no ar
Se anda, não corre, não some
Livre como tal, apenas amar

Veja o voo duplo, amantes
Dois pares de asas, ao infinito
Se corre, foge, some
Presos como aqueles, perdidos

Se anda se vai se cai, se foge
Mas ama como libélula, no ar
Livre como nós, mas distantes

E nenhuma prisão perdida fica
Numa vida que é mal vivida, e
Desperta em nós, prazer de amar

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Depois

Depois que sua voz ecoou
Numa mistura de anjo e dor
Transformou o que era seco
Em uma chuva de unidade

Umidade

Depois que seu olhar me encontrou
Numa mistura de paixão e solidão
Transformou o que era denso
Na simplicidade das coisas

Que coisa!

Depois que voltei a mim
Logo após a quebra
O esmaecimento do sonho
A varredura do que houve

Ouve?

Depois que sentei-me na calçada
Sua voz ainda ecoando
Tudo à minha frente e nada além
Apenas aquela sensação de...

... Nossa!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Mesmo que

Mesmo que não saiba
Mesmo que não caiba
Mesmo que não saia
Mesmo que conflua pra longe
Mesmo que conflua pra sempre
Mesmo que conflua de longe
Mesmo que nada mude
A menos que tudo mude
Mesmo que você mude

Mesmo que caísse
Mesmo que sumisse
Mesmo que sumisse

Mesmo que os brancos cabelos
Hoje reluzentes como o sol
Numa tarde após um dia de estol
Na despedida crua das mãos
Nada me desse, nada me falasse
Uma poesia apenas sussurrasse
Mesmo que... sem palavras...


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Visita

Sob o ritmo que segue a música
Do poder de poder lhe vitimar
Em minhas palavras ásperas
Com toques de piano ao fundo
Sob uma crista de chuva, som

O ritmo que desencadeia o coração
Sem poder ter poder de expressar
Numa visita inesperada, da borboleta
Com suas cores surdas, não me ouve
Mas houve uma concisão, palavras

Desnudadas no papel que cobre seu corpo
Como tatuagem que some com a chuva
Que por estar longe numa sala de estar
Entre o que é real e um sopro de paixão
Fica gravado, como se fosse uma exclamação!


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Aos anjos

Seres com asas mágicas
Longe dos olhos num vale
Mas parte de nós, humanos
Com o amor do alto, a dor
Que trazem no espírito
Dor dos dias sofridos, unidos
O coro sem som

Seres com asas fluidas
Longe de nós, seres mágicos
Parte de nós, da criação
Com um amor sem dor
Sem vivência da Terra
Somente um triz de nossa
Triste existência

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Convicção

Não sei ao certo
O quão certo sou
Vou quarando
Este errado coração
Para ver se clareia
Semelhante à sua paixão

Não sei o raso
Do errado que fui
De tão profundo
Atolei na convicção
Que se certo não sei
Foi uma amostra do seu perdão

Sei que sim, certo
De tão errado que estava
Convicto de que
Sob o sol clareia
A mente insana
O coração sem razão

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tudo através

Num dia comum, um nome comum
Uma vontade esquecida, qual dia
Ficou, lavrou a certidão, lavou a alma
Num dia comum, me viu?
Largado na cama, no chão, na praia

Ver-lhe de longe intocável
Tocar suas palavras
Saber de você
E saber que é amável

Num dia incomum, um nome destrói
O que há de ser dos dias comuns
Se na alma o desejo de você longe vai
Quase que dorme, quase que sela
Nada demais, mas é tudo através

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Chegada

Jeito nulo, roupa seca
Olhos vidrados, miragem
Jeito fulo, noite intensa
Parece água, suor

Tenso dia, pele lisa
Creme nos olhos, viagem
Tensão da noite, chega
O que apraz, o lado

Que olha,
Se perde,
Espera! Quando?
Me olha!

Jeito cheio, esperança
Olhos intensos
Olhar...
... virando a rua...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Quarto vazio

Um quarto vazio é o que consegues
Com palavras curtas e aos gritos
Desejos que não podem cumprir
Em desmandos de personalidades
Se não és tu a flor a emitir o perfume
Da paz que tanto buscas... O quarto vazio

Para se sentir mal bastas esquecer
De manhã, a suavidade de ontem
Com palavras que cortam a alma hoje
Desertam o amor e sucumbem, ao fim
Com tudo!
Ficando um corpo vazio perambulando

Pelo quarto vazio
Pelo trecho arredio
Deste célere ser
Que de tanto ser o nada
Acabou virando tudo
Menos uma pessoa de verdade... Neste quarto vazio

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Soneto ao inesperado

Umas palavras antigas largadas num papel
Alguns papéis amontoados num canto, cegos
Cegos se ninguém os ajuda a desvendar
Os mistérios que as frases podem conter

Qual viagem faria lendo sobre o que, se ali
Exposto nu, alcançasse seus olhos, sua mente
Tão diferente do que já buscou em frases
Em palavras que se amontoam nas estantes

Apostaria sua vida ao inesperado que são
Os capítulos que outrora foram uma nau
Navegando solitária sem ninguém o alcançar

Toda a sua ênfase em uma história marcada
Pelos dias de turbulência que trouxe à tona
Em um entremeado de aspas, sua história

O tempo do vento

Vai-se o tempo
Na crista do vento
Como um pássaro
Perdido fica

Vai-se o vento
No fim dos tempos
Como um sinal
Perdido fico

O tempo do vento
Me leva, me atrai
Sou pássaro assim
Perdido não mais

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Escrever

Poema sussurrado, digitado, mastigado
Quais palavras poderiam surgir?
Não fosse o sol lá de fora, sairia
Veria a nuvem que está passando
Pode ser mais uma frase, será nefasta?

Poema gritado, nas ondas digitais, suave
Palavras coagidas pelo próximo ato
Não fosse esta lua que vai no alto
Estaria lá dentro culminando o fim
Por mais uma frase, antes de dormir

Poema de um estranho olhar, um meio
De se fazer amor... Afinal escrever...
O que é?
Senão compartilhar aquilo que o coração
Estranho coração... deseja em seu viver...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A carta

Mande-me seu perfume
Numa carta postada
Com sua face selada
Seu sorriso remetido
Ao portador mande amor
Não se esqueça de entregar
Em alguma caixa de correio

Mande-me também um pedaço
Da sua boca que beija
Cuspa na carta e sele a cela
Tranque bem suas palavras
Seu sorriso mande ao destinatário
Não se esqueça de selar a carta
Para que chegue ainda hoje

O teu firmamento

E se a medida que trago for inexata
Com estes olhares que me queimam
Trazem um não sei o que de gota de paz
Por que tanta desmedida com as palavras
Se na medida tudo se acerta e cala

Foi, o que foi perdido desta vez?
Em meio a estes olhares de fogo
Trago dentro de mim a exatidão
Não mudo meu ser num segundo
Reajo tentando defender-me... Caio

E se a medida que trazes for inexata também
Já pensaste que podes ter uma colher menor?
Trazem até minha porta uma flor mudada
Que assim mesmo plantei, mas foi desnudada
Pois na medida da terra faltou água...

Fui, fui o que estava perdido desta vez
Em meio ao nada que formou as palavras
Que trouxeram à luz do dia minha alma
Reagindo tentando se firmar, firme, neste
Teu firmamento onde não consigo brilhar

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Segundos

Os segundos que vêm dos minutos
Das horas que conto para ver-lhe
Somem rápido neste relógio da parede
Angustiam demais meu coração

Os segundos em seus olhos são ternos
Eternos gravados dentro do meu peito
São tão reais os irreais dias que chego
A sussurrar para mim, amanhã acontece

Acontece que saber que os segundos
Formam todo o conjunto do tempo
E sendo este devorador da juventude

Atenho-me na angústia de viver
Assim errante querendo lhe ver
Quando finalmente o tempo para?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Do cavalo das águas

E teu corpo, tua pele, teu colo
Escondido entre quadro paredes
Largado num canto, reluzente, sim
Emanas o cheiro de tua carência
Os seios expostos dizem o quê?
Senão a ternura de teu desejo

E teu corpo, tua face escondida
Sob a luz de outra luz que te retratas
Nesta ânsia de amor sempre querer
O corpo chama a chama deste ser
Que com palavras parece que labutas
Mais que a tudo, além de estremecer

E se a luz que parece se ascender
Acender a luz que parece enfim temer
Entendido estou que posso até andar
Por estes pixels e não mais me afrontar
Com o teu cheiro que vem me oferecer
Seu prato cheio, com o olhar deliciar

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mar, uma imensidão no olhar

Temos diante dos olhos um infinito mar
Ante o imenso mar, mansamente olhar
Qual a diferença entre o mar e o olhar
Ambos não sabemos onde acabam, se perdem

Assim diante de ti, na tela pintada na parede
Levada pelo mesmo mar daqui, fico a olhar
Qual a diferença entre o mar e o olhar
Senão a correnteza que carrega a esperança

De um lado a outro, infinito como olhar o mar
Ambos não tem um fim que possamos decifrar
Mas ambos ficam parados diante de nós, rende-se

E quando os olhares se cruzam diante do mar
A onda sobe e carrega o destino de mãos dadas
Infinito como teu olhar, apenas o imenso mar

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Idas e vindas

Idas e vindas numa história louca de paixão
Caras e bocas em ritmos descompassados
Machucados por alguma palavra mal dita
Coloca uma pedra, segue some invade! Destoa
Assim no jardim um suave sopro do seu perfume
Vem soprado pela brisa da manhã. Briga o amor

Idas e vindas num medo imensurável de perder
A boca que beija e cospe o meu amor mal feito
Torturado com a ideia que o amanhã nunca vem
Se mete num quadrado sem porta, perdoa
Que de mim pode vir sem mais nem menos
Um vento soprado de amor perdido, fica a dor

Vindas bruscas em ritmos descompassados, passados
Por ruas esburacadas e cheias de ternura, assim
Que a ternura perpassa por altos e baixos, mas
Não se perde... Renova-se
Que de mim podem vir idas sem vindas, perdoa
Pois o vento ainda sopra este eterno conhecer-lhe

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Dias de renovação

De tanto pensar que poderia esquecer
Aprendi a lembrar que não se deixa
De lado um sentimento que se carrega
Com força no peito esmiuçado e gasto

De tanto pensar que poderia lhe esquecer
Aprendi a me lembrar dos momentos doces
Ao lado de um sentimento sem nome algum
Algo que lhe abre a manhã num sorriso sem razão

Por tantos dias que vieram ao seu lado, aprendi a esquecer
Coisas que em alguns dias soam estranhas
Estranho mesmo é este lado nosso de labiar palavras
Que às vezes podem nos fazer matar o amor, mas amanhã

A manhã se abre, num novo e renovado amor
De tanto pensar que poderia me esquecer
Lembro-me cada dia com quem estou, na dor e na flor
Dos dias surreais que nos fazem querer mais, viver

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Crescente

O labirinto dos dias na rua
Sobre caminhar e não olhar
Para trás onde esta seu coração
Algo batendo à porta, tique-taque
Hora de voltar, recolher o seu espellho
Crescente como a chuva que nos falta, calor
Em seu espelho ainda ver-lhe sonhando com a dor
Quais dias ficaram congelados pela rua que caminhava
Depressa com a sanidade fugida, seria ali o último encontro
Numa crescente que se congelou num dia numa noite de enigmas
Devagar como se alguma coisa segurasse-nos, fincado  pés
Quais noites foram melhores que o ar quente que emitia
Seu espelho refletia o que deixou para trás de amor
Crescente como a saudade que fica, martelando
Hora de recomeçar, pendurar o espelho
Atrás da porta e lembrar-se todo dia
Que ali sim, mora o meu coração
Caminhar firme e adentrar
No labirinto desta paixão

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Pensamentos instantâneos

Como explicar o vai e vêm de ideias
A cabeça trabalhando de forma alucinada
Os dias que passam por baixo dos pés
O riso incontrolável das memórias boas

O pensar instantâneo com outra pessoa
Num instante de magia e vontade de ser
Estar assim sem medida atrelado à verdade
Trazer à luz do dia as palavras certas para ela

E antes que possa saber, corro atrás de viver
Sentar-me à frente do infinito e pulsar palavras
Por que assim o papel que voar, vai encontrá-la

E antes que possa escrever, correr atrás de saber
Sentar-me ao seu lado e assim definir
Que o que vem deixará o papel voar, fim

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Calendário passado

Calendário atrasado, dias passados
Num dia onde meu coração, sensato
Por você que não o quis, se despedaçou
Foram dias em que a folha não virou
Como retornar ao ponto? Esta nublado
Viro as folhas e os dias são os mesmos
São dias de janeiro, fevereiro, março
Mas são tudo o mesmo dia dos cacos

Calendário congelado, no seu olhar de lado
No dia em que o papel não voou com o vento
A noite não deixou a folha virar à frente
Por que eu não quis que fosse assim, fácil
Como retornar ao ponto? Esta claro agora
Viro as folhas e não são mais os mesmos dias
Aceleram-se a cada minuto e me tomam
O pouco do que me sobra de suas palavras

Tempo louco que atravessou dias sem ouvir
Qualquer coisinha que pudesse me ater
À cola que consertaria o vaso despeçado
As conversas compassadas, o coração misto
Misto de ausência, esperança e conforto
Viro as folhas do calendário, mas os dias, sim
Passam e passam depressa demais! Esta claro
Claro como o que escrevo... tempo passado...





terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Numa noite

Numa noite a lua enlua
Você me aparece linda nua
Arruma os cachos, de lado deita
O corpo acorda, você retorna

Numa noite a lua brilha
Briga o sono, obriga o som
Foi tudo bem, mas foi em vão
Não sonho mais não sou a lua

Que abriga sob sua luz
Crises de choro, jeitos vis
Do grito mudo, gestos insanos

Numa noite a lua enlua
Vem assim sobre o perdão
Somente amor, somente não

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Seu corpo

Sua pele, seda pele de suor sabor
Sua boca, doce boca de suave dor
Quando morde, secos olhos, pavor
Corpo quente, mente sã, seu toque

Corpo curvas, saudade amor que há
Curvas de amor, saudade que já dói
Que deste lado um infinito se abre
Curvas só, corpo que perfeito constrói

Sua pele, seda pele de qualquer torpor
Boca leve, mãos que percorrem, o ser
Quando morde, louco fico, seu toque

Seu corpo fala, me toca, assim exala
Qualquer coisa que em mim, me fala
Louco sou, assim estou, quer esquecer?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O café

De tarde sob o sol escondido do teto
Sobre lençóis os gritos surdos da alma
O ar, quente soprando nos ouvidos
De tarde, sob o sol, o café na garganta
Suas mãos pro alto e abaixo! Sussurra

Mira os olhos apaixonados e tristes
Desdenha do que houve, mas que ouve
Com atenção os risos escondidos
Foram estes os passos de antes, um oi
Não sobraram muitos grãos para o café

Mas há ainda tempo que tenham ponteiros
Que possam ir devagar numa tarde de lua.
Miram-me dois olhos quase cerrados e vivos!
Por trás da face cujo sol se anima iluminar
Dizendo assim que talvez, seja hora de mudar

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Resistência

Desde cedo o corpo desperta
Tarde ele se apresenta solto
Corra contra o tempo, decrete!
Que é preciso se mexer, viver!

Desde sempre o que há de novo
Foi o velho anúncio do fim, crie!
Sua coragem, sua própria força
Não desconte nas outras amebas

Corra contra sua velha resistência
Dê-me apenas sua mão e não solte
Abra bem sua boca de resiliência!

Grite dentro de mim o seu amor
Assim eu sei que posso seguir
Remando neste louco imenso mar

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Labirinto

Entremeando sentimentos confusos
Entrecortando caminhos desconhecidos
Sua face guiando os passos, poesia
Onde põe os pés nascem flores

Entremeando sentimentos confusos
Que quando não passa, o vento sopra
A rua vira cinza e as pessoas, pedras
Por onde anda quando não aqui?

Entrecortando caminhos desconhecidos
Num labirinto sem fim, meio e começo
A entrada esta em suas mãos, a chave
Que abre as portas deste louco coração

Entrecortando caminhos desconhecidos
Como a um som desafinado, mas doce
O labirinto criado com sua lembrança
Que desperta este vício de paixão

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O poeta

Eterna mania de errar
No peito vontade...
... de explodir, ser
Junto a ti andar, amar

Eterna mania de ficar
Do lado escuro do ser
Explodir sem ver
Tua louca mania de gostar

De mim do ser, poeta
Onde andas hoje, pois
Deveria minha boca beijar

Se ouvires minha voz
Não esqueças que sou
Um triste amanhecer

domingo, 18 de janeiro de 2015

Não é fácil

Vou lhe contar um aperto
No corpo que acomete o coração
São os dias de pleno verão
Verão ainda que não sou um nada

Vou lhe dizer deste aperto no peito
Que soma minhas vontades
Um dia numa praia, a areia
Sob as mãos fechadas segurou

Foi um ato demorado, qual caso
Num descaso sem medidas
Seu cheiro tomando o ar
Foi uma nuance passional

Vou lhe dizer deste aperto
Dos sussurros que me causa
Sua voz, suas risadas perdidas
Vou lhe dizer... não é fácil...



sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

E se

E se a felicidade que exalo
Fosse igual à tristeza que guardo
Escondida no peito
Atrás do espelho da alma

E se o sorriso que envolvo
Fosse igual às lágrimas que escondo
Guardadas nos olhos
Atrás de um olhar suspeito

E se o mundo que tenho
Fosse igual ao que sonho
Sem vírgulas ou ponto

Sem esta vontade que some
Com as mãos frias e pasmas
Sem travessão, apenas paixão 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Dias de sol

Tem dias que os dias de sol são doces
Noutros estes mesmos dias são torres
Tão altos para serem alcançados, sim
São difíceis os dias de chuva em mim

Tem dias que nada vale mais a pena, sou
Aquele que do mar leva o sal, sim, é real
O que sinto, em dias de sol, dias de chuva
Não importa, mesmo alto como torres

Não há elevadores para alcançar seu amor
Não há escadas para percorrer seu corpo
Mas há os olhos para apreciar sua alma

Se não há escuridão nos dias de sol
Também não fico perdido, e as flores
Todas juntas agradecem sua luz

Manhã

Sua pele sob o ar soprando seu perfume
Sua boca sussurrando pela manhã
Qualquer palavra... qualquer minuto
Quando acordou, despertou...

Sua alma caminhando, melodia terna
Corpo destacado pela roupa sã
Sua pele sob a luz da manhã
Qualquer palavra disse, não me lembro

Lembro-me de apreciar com o coração
Qualquer pedaço que de você
Faz-me lembrar uma inocente paixão

Lembro-me de gostar disto cada vez
Que não muito distante de mim
Estende seus olhos nos meus, por nada

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ponto de vista

É um pontO de vistA
Uma SinA. Qual dia
UmA baguNça palavreaDa
É um poNto de vista seU
MinhA bagunÇa nÃo importa...
RelevE, pois, sempre reveLou
Que nãO se importa
Viver assIm não é vivEr
É sobrevivEr, quaL ponTo de vistA
Não sE importe coM nossa...
... BaguNça

É o fim de um ponto de vista
Morto pela insensatez dos anos
Não adianta bater na ponta
Da faca que teima em apontar
Para as palavras que queriam ajudar
Para os dias que teimamos ser
O que ninguém ousa sequer imaginar
Fez-nos duros de coração
Mesmo sendo isto... o contrário
Do que nos manda a oração

É Um pontO de viSta
O nosSo... BagunçAdo
VisaDo pela Vida
EsquecIdo peloS quem
De quEm mais nos aDmira
É uM pontO
DentrO do que fora esta
Na curVa desta viDa
TalveZ umA vitÓria
Que venHa anunciaR

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

À sua

Qual dia me disse que não
Seu corpo jogado na areia
Minha vontade traduzida
Uma espasmos em mim

Qual coração esta vestindo
O seu? Por que seu corpo
Doce corpo, exala um perfume
Que sinto do seu sexo, doce

Num dia me espera
Vai até as nuvens comigo
Dorme e assim me acha

Noutro me consome
Acorda e me percebe
Me ama e me persegue

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O pato

O pato enganado não vai ao lago
Senta e grasna, resolve patear
O pato com a pata não se dá
Os dois se enroscam, mas o pato
Ahh o pato
Este corre atrás da pata sem pensar

O pato enganado não nada nada
Olha torto o giro do preá
Rato doido mascando e observando
O pato enganado nem dá de grasnar
Olha o lago e se cansa de pensar
Nadar não quer, viver talvez

A pata olha o pato e nada faz
Dá de ombros e some no mato
Foi atrás do grasnado do marreco
O pato desiludido resolveu pensar
Foi nadar e pensou que poderia ir ao mar
Só esqueceu que é muito longe
Resolveu por fim se cansar...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Ir sem vir

Cabelo ao vento, me contento
Não entendo este momento
Em que a vez é dada, ignorada
Gente vai, gente vem, mas você
Você me engasga com seu jeito
Destrói o pouco de ar que respiro

Corpo ao vento, quão intenso
Sua presença, sua pele clara
O movimento de sua expressão
Qual vez consigo disfarçar
Estes olhos que miram sem notar
E nota? Destrói o que há de certo

Você é guia que guia um medo
Na rede de paixão, sua fala
Voz suave jogada ao vento
A vez é dada, mas comedida
Feita de uma inconsciência
A arte de partir sem chegar

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Sua sombra

Face de anjo, jeito de gente, corpo doce
Nos olhos, meigos olhos, fome
Devora a alma alheia sem pudor
Traz no perfume seco, da flor o olor
Face de gente, jeito de anjo, corpo treme
No olhar o que há senão desejo
Devora uns olhos metidos neste corpo
Se vira, se vai, me destrói

Nos olhos um jeito de desencanto
Nas vezes em que reclama solidão
A percepção de mundo é crua, vil
Quando dorme, simples, suspira leve
O perfume do seu dormir é intenso
Faz-me um poeta cego pelo mundo
Sem chance de o travesseiro dividir

Face de anjo, boca de mulher, corpo...
Aiai... Qual sonho sonha quando sonha?
Nas vezes em que reclama a solidão
Qual corpo busca? Qual coração espera?
Diante do mar estava sentado, nada
Apenas a sombra de sua passagem...

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O ponto de inversão

Tanto tempo, tantos ares
Coisas mal resolvidas
Frases mal acabadas, vontade
De fazer sem ter com que
Ao menos sustentar força

Tanto tempo, tantos olhares
Que se esvaem ante a ira
De que tudo esta errado
Em qual ponto houve inversão
Dos sorrisos em tristeza
Do bem consumido pelo mal

Tanto tempo, tantos azares
É hora da inversão, juntar
Os cacos e colar com a dor
Nisto deixar inerte, sem cor
Sem nenhum misto do torpor
Dos pontos atrás deste ponto

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Peso na alma

Tem dias em que a vontade se deita
Ao lado da preguiça mental e foge
Do corpo que devia disposto estar
Some, carrega consigo o ânimo
Traz uma sombra aos olhos meus
Tem dias em que a vontade se deita
Ao lado da preguiça mental e dorme

Em qual estação a força explode
No corpo que devia disposto estar
Traz de volta o canto do anu
Que do alto do coqueiro se alimenta
Isto anima a alma e faz
Trazer de volta todo seu alvorecer
Em qual estação de volta esta, paz

Tem dias em que a vontade se cala
Some em larga escala e dá
Ao corpo que devia disposto estar
Um peso incorrigível pela caneta
As palavras pesam, os olhos pesam
Tem dias em que a vontade se deita
Ao seu lado, assim nada há que mudar

sábado, 3 de janeiro de 2015

Por onde

Por onde anda você
Com sua face limpa
Sua doce forma de ser
Traz-me sua força, amor

Por onde anda você
Que me ensinou a ser
Poeta, amigo, amante
Ser assim um errante

Por onde eu estou
Que não ao seu lado
Sendo pleno, amado

Por onde eu vou
Agora que a lágrima
Sente seu esmorecer...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Em algumas palavras

Em algumas palavras cuspir o interior
Tornar real o escondido na alma
Importa uns olhos de ódio mirando-me
Em algumas palavras fugir para o paraíso

Bastam os dias de pleno amor
Onde o encanto dos olhos seus
Temendo ficar distante de mim
Aceitam toda a minha dor

Em algumas palavras delinear sua beleza
Que qual a uma manhã azul
Transpira suavidade e esperança
Novo tempo, novas carícias, quando começa?

Bastam as noites de pleno amor
Onde o encanto da luz baixa
Unida ao olor do quarto quente
Transpira rios do nosso vapor

Em algumas palavras ter-lhe
Nunca largar-lhe a mão suave
Novo tempo, nova vida
Basta-me acordar e sentir sua presença