sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O que vai

A fome da fome de você
Consumindo o lado amável
Desesperado em lhe ver
Consumir seu corpo, sentir
O que não se acha no chão
Mas nas nuvens, lúcido!

A fome da fome do coração
Difícil dizer no meio da noite
Quando não há espaço
Para palavras...
Qualquer palavra...
Consumir sua boca, doce boca

E sua fome a assuntar este ser
Que refeito pela manhã
Se cala, se trata, maltrata
Uma vida expandida pela dor
Mas retraída pelo olor
De sua própria fome de amor

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Carga

O corpo acima e caminhos tortuosos
À frente!

Subidas súbitas e caídas velozes, tanto quanto eu
Mistura!

Linhas e contornos daquilo que eu chamo coração
Às favas!

Misturas de fel mel céu na chegada pintada de caneta
Atraso!

Cantos vivos necessitando de quebras, aquilo que gera
Descaso!

Curvas íngremes ditando o ritmo desacelerado, onde foi
O acaso?

Um desenho desgarrado tencionando um infinito em branco
Desejo!

Assim no meio do nada se refazer, desfazendo-se da carga
Pesado...


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Libélula

Se anda se vai se cai, se foge
Mas ama como libélula, no ar
Se anda, não corre, não some
Livre como tal, apenas amar

Veja o voo duplo, amantes
Dois pares de asas, ao infinito
Se corre, foge, some
Presos como aqueles, perdidos

Se anda se vai se cai, se foge
Mas ama como libélula, no ar
Livre como nós, mas distantes

E nenhuma prisão perdida fica
Numa vida que é mal vivida, e
Desperta em nós, prazer de amar

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Depois

Depois que sua voz ecoou
Numa mistura de anjo e dor
Transformou o que era seco
Em uma chuva de unidade

Umidade

Depois que seu olhar me encontrou
Numa mistura de paixão e solidão
Transformou o que era denso
Na simplicidade das coisas

Que coisa!

Depois que voltei a mim
Logo após a quebra
O esmaecimento do sonho
A varredura do que houve

Ouve?

Depois que sentei-me na calçada
Sua voz ainda ecoando
Tudo à minha frente e nada além
Apenas aquela sensação de...

... Nossa!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Mesmo que

Mesmo que não saiba
Mesmo que não caiba
Mesmo que não saia
Mesmo que conflua pra longe
Mesmo que conflua pra sempre
Mesmo que conflua de longe
Mesmo que nada mude
A menos que tudo mude
Mesmo que você mude

Mesmo que caísse
Mesmo que sumisse
Mesmo que sumisse

Mesmo que os brancos cabelos
Hoje reluzentes como o sol
Numa tarde após um dia de estol
Na despedida crua das mãos
Nada me desse, nada me falasse
Uma poesia apenas sussurrasse
Mesmo que... sem palavras...


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Visita

Sob o ritmo que segue a música
Do poder de poder lhe vitimar
Em minhas palavras ásperas
Com toques de piano ao fundo
Sob uma crista de chuva, som

O ritmo que desencadeia o coração
Sem poder ter poder de expressar
Numa visita inesperada, da borboleta
Com suas cores surdas, não me ouve
Mas houve uma concisão, palavras

Desnudadas no papel que cobre seu corpo
Como tatuagem que some com a chuva
Que por estar longe numa sala de estar
Entre o que é real e um sopro de paixão
Fica gravado, como se fosse uma exclamação!


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Aos anjos

Seres com asas mágicas
Longe dos olhos num vale
Mas parte de nós, humanos
Com o amor do alto, a dor
Que trazem no espírito
Dor dos dias sofridos, unidos
O coro sem som

Seres com asas fluidas
Longe de nós, seres mágicos
Parte de nós, da criação
Com um amor sem dor
Sem vivência da Terra
Somente um triz de nossa
Triste existência

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Convicção

Não sei ao certo
O quão certo sou
Vou quarando
Este errado coração
Para ver se clareia
Semelhante à sua paixão

Não sei o raso
Do errado que fui
De tão profundo
Atolei na convicção
Que se certo não sei
Foi uma amostra do seu perdão

Sei que sim, certo
De tão errado que estava
Convicto de que
Sob o sol clareia
A mente insana
O coração sem razão

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Tudo através

Num dia comum, um nome comum
Uma vontade esquecida, qual dia
Ficou, lavrou a certidão, lavou a alma
Num dia comum, me viu?
Largado na cama, no chão, na praia

Ver-lhe de longe intocável
Tocar suas palavras
Saber de você
E saber que é amável

Num dia incomum, um nome destrói
O que há de ser dos dias comuns
Se na alma o desejo de você longe vai
Quase que dorme, quase que sela
Nada demais, mas é tudo através

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Chegada

Jeito nulo, roupa seca
Olhos vidrados, miragem
Jeito fulo, noite intensa
Parece água, suor

Tenso dia, pele lisa
Creme nos olhos, viagem
Tensão da noite, chega
O que apraz, o lado

Que olha,
Se perde,
Espera! Quando?
Me olha!

Jeito cheio, esperança
Olhos intensos
Olhar...
... virando a rua...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Quarto vazio

Um quarto vazio é o que consegues
Com palavras curtas e aos gritos
Desejos que não podem cumprir
Em desmandos de personalidades
Se não és tu a flor a emitir o perfume
Da paz que tanto buscas... O quarto vazio

Para se sentir mal bastas esquecer
De manhã, a suavidade de ontem
Com palavras que cortam a alma hoje
Desertam o amor e sucumbem, ao fim
Com tudo!
Ficando um corpo vazio perambulando

Pelo quarto vazio
Pelo trecho arredio
Deste célere ser
Que de tanto ser o nada
Acabou virando tudo
Menos uma pessoa de verdade... Neste quarto vazio

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Soneto ao inesperado

Umas palavras antigas largadas num papel
Alguns papéis amontoados num canto, cegos
Cegos se ninguém os ajuda a desvendar
Os mistérios que as frases podem conter

Qual viagem faria lendo sobre o que, se ali
Exposto nu, alcançasse seus olhos, sua mente
Tão diferente do que já buscou em frases
Em palavras que se amontoam nas estantes

Apostaria sua vida ao inesperado que são
Os capítulos que outrora foram uma nau
Navegando solitária sem ninguém o alcançar

Toda a sua ênfase em uma história marcada
Pelos dias de turbulência que trouxe à tona
Em um entremeado de aspas, sua história

O tempo do vento

Vai-se o tempo
Na crista do vento
Como um pássaro
Perdido fica

Vai-se o vento
No fim dos tempos
Como um sinal
Perdido fico

O tempo do vento
Me leva, me atrai
Sou pássaro assim
Perdido não mais

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Escrever

Poema sussurrado, digitado, mastigado
Quais palavras poderiam surgir?
Não fosse o sol lá de fora, sairia
Veria a nuvem que está passando
Pode ser mais uma frase, será nefasta?

Poema gritado, nas ondas digitais, suave
Palavras coagidas pelo próximo ato
Não fosse esta lua que vai no alto
Estaria lá dentro culminando o fim
Por mais uma frase, antes de dormir

Poema de um estranho olhar, um meio
De se fazer amor... Afinal escrever...
O que é?
Senão compartilhar aquilo que o coração
Estranho coração... deseja em seu viver...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A carta

Mande-me seu perfume
Numa carta postada
Com sua face selada
Seu sorriso remetido
Ao portador mande amor
Não se esqueça de entregar
Em alguma caixa de correio

Mande-me também um pedaço
Da sua boca que beija
Cuspa na carta e sele a cela
Tranque bem suas palavras
Seu sorriso mande ao destinatário
Não se esqueça de selar a carta
Para que chegue ainda hoje

O teu firmamento

E se a medida que trago for inexata
Com estes olhares que me queimam
Trazem um não sei o que de gota de paz
Por que tanta desmedida com as palavras
Se na medida tudo se acerta e cala

Foi, o que foi perdido desta vez?
Em meio a estes olhares de fogo
Trago dentro de mim a exatidão
Não mudo meu ser num segundo
Reajo tentando defender-me... Caio

E se a medida que trazes for inexata também
Já pensaste que podes ter uma colher menor?
Trazem até minha porta uma flor mudada
Que assim mesmo plantei, mas foi desnudada
Pois na medida da terra faltou água...

Fui, fui o que estava perdido desta vez
Em meio ao nada que formou as palavras
Que trouxeram à luz do dia minha alma
Reagindo tentando se firmar, firme, neste
Teu firmamento onde não consigo brilhar

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Segundos

Os segundos que vêm dos minutos
Das horas que conto para ver-lhe
Somem rápido neste relógio da parede
Angustiam demais meu coração

Os segundos em seus olhos são ternos
Eternos gravados dentro do meu peito
São tão reais os irreais dias que chego
A sussurrar para mim, amanhã acontece

Acontece que saber que os segundos
Formam todo o conjunto do tempo
E sendo este devorador da juventude

Atenho-me na angústia de viver
Assim errante querendo lhe ver
Quando finalmente o tempo para?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Do cavalo das águas

E teu corpo, tua pele, teu colo
Escondido entre quadro paredes
Largado num canto, reluzente, sim
Emanas o cheiro de tua carência
Os seios expostos dizem o quê?
Senão a ternura de teu desejo

E teu corpo, tua face escondida
Sob a luz de outra luz que te retratas
Nesta ânsia de amor sempre querer
O corpo chama a chama deste ser
Que com palavras parece que labutas
Mais que a tudo, além de estremecer

E se a luz que parece se ascender
Acender a luz que parece enfim temer
Entendido estou que posso até andar
Por estes pixels e não mais me afrontar
Com o teu cheiro que vem me oferecer
Seu prato cheio, com o olhar deliciar

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mar, uma imensidão no olhar

Temos diante dos olhos um infinito mar
Ante o imenso mar, mansamente olhar
Qual a diferença entre o mar e o olhar
Ambos não sabemos onde acabam, se perdem

Assim diante de ti, na tela pintada na parede
Levada pelo mesmo mar daqui, fico a olhar
Qual a diferença entre o mar e o olhar
Senão a correnteza que carrega a esperança

De um lado a outro, infinito como olhar o mar
Ambos não tem um fim que possamos decifrar
Mas ambos ficam parados diante de nós, rende-se

E quando os olhares se cruzam diante do mar
A onda sobe e carrega o destino de mãos dadas
Infinito como teu olhar, apenas o imenso mar

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Idas e vindas

Idas e vindas numa história louca de paixão
Caras e bocas em ritmos descompassados
Machucados por alguma palavra mal dita
Coloca uma pedra, segue some invade! Destoa
Assim no jardim um suave sopro do seu perfume
Vem soprado pela brisa da manhã. Briga o amor

Idas e vindas num medo imensurável de perder
A boca que beija e cospe o meu amor mal feito
Torturado com a ideia que o amanhã nunca vem
Se mete num quadrado sem porta, perdoa
Que de mim pode vir sem mais nem menos
Um vento soprado de amor perdido, fica a dor

Vindas bruscas em ritmos descompassados, passados
Por ruas esburacadas e cheias de ternura, assim
Que a ternura perpassa por altos e baixos, mas
Não se perde... Renova-se
Que de mim podem vir idas sem vindas, perdoa
Pois o vento ainda sopra este eterno conhecer-lhe

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Dias de renovação

De tanto pensar que poderia esquecer
Aprendi a lembrar que não se deixa
De lado um sentimento que se carrega
Com força no peito esmiuçado e gasto

De tanto pensar que poderia lhe esquecer
Aprendi a me lembrar dos momentos doces
Ao lado de um sentimento sem nome algum
Algo que lhe abre a manhã num sorriso sem razão

Por tantos dias que vieram ao seu lado, aprendi a esquecer
Coisas que em alguns dias soam estranhas
Estranho mesmo é este lado nosso de labiar palavras
Que às vezes podem nos fazer matar o amor, mas amanhã

A manhã se abre, num novo e renovado amor
De tanto pensar que poderia me esquecer
Lembro-me cada dia com quem estou, na dor e na flor
Dos dias surreais que nos fazem querer mais, viver