quinta-feira, 30 de julho de 2015

Poeta romântico

Te aquietes, se presta, poste o eu
Que sem este fio lhe segurando
Arde em mim a vida que foge de ti

O fio que lhe aprisiona nestas odes
Entremeadas às palavras tuas, poeta
Se faz de um preço alto pra mim

Poeta romântico, te aquietes, floreie
O âmago de quem lê o que susurras
Qual verdade estampas sem pudor?
Sem a dor que escondes sob os olhos

Te aquietes, pois se presta, poetizes
Que este fio entrelaça tua esperança
De palavras conduzirem teu futuro

Poeta romântico, soneto sem ordem
Corpo sem calor, amor sem uma flor
Tudo junto num ardor, na mente do ator

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Reflexos

Não veja as coisas deste jeito
Você sabe muito a meu respeito
Não me atire pelas costas
Pois eu sei lutar

Nesta onda de ilusões
Onde o certo encontra o errado
Neste barco de ilusões
Vou me afundar

É o reflexo do amor
Das coisas que sei contar
É a certeza de que a dor
Pode enfim cessar

Não veja as coisas deste jeito
Não duvide do meu respeito
Não peça para eu voltar
Pois eu posso aceitar

Nesta onda cristalina
Onde o amor me alucina
Há um barco repousando
Quieto a nos esperar

É o reflexo do amor
Das coisas que sei contar
É a certeza de que a dor
Pode enfim cessar

terça-feira, 28 de julho de 2015

Da rua

E se possível fosse viver
Como vocês veem o mundo
Sem estas nuances tristes
Deste lado da rua.. fome

E se possível fosse querer
As mesmas coisas que têm
Sem malabarismos suados
Do outro lado da realidade

E se impossível é seu colo
Como meu corpo se eleva?
Do frio que vem mansinho
Nesta noite de barulhos vis

Qual mão terei pela manhã?
Estendendo o bom dia e café
Com um ligeiro adeus, até mais
Sem isto nada sou, sou barro

Sabe em qual dia não há solidão
No dia que a rua se enche de risos
Alheios risos que não são de mim
Se fossem seriam choros, amargos

E se possível fosse de vez crescer
Deixar para trás estas sujas mãos
Ver de novo minha vida alinhada
Cresceria em paz com meu coração

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O salto

Em qual salto não há risco
Não importa qual, onde
Qual bike tem nas mãos?
Senão a que lhe veste
Como uma morte a caminho
Mas o coração
Este agradece a loucura

Em qual salto não há risco
Os saltos da vida
Qual mãos tens no corpo
Senão a que lhe arrasta
Como uma sorte a caminho
De que tudo
Acabará tão bem quanto começou

Se não saltar, não se vive
Não importa para onde
Salte, solte, molde, estatele-se
Amanhã recobre sua energia
Como um amor a caminho
Num salto de felicidade
Acabará tão bem quanto sonhou

terça-feira, 21 de julho de 2015

O pássaro

Voas com o ar macio
Doas, como o mar agitado
Teu sal, dor e alma
Ecoas como penhascos íngremes
Por entre as entranhas
Da terra esquecida
E dela apenas tiras
A beleza para teus olhos

Voos alçados e fugidos
Queres chegar, bate asas
Por entre desfiladeiros
Onde tua vida se eleva
E cai tão depressa
Quanto a cachoeira na montanha
Não te esqueças
Não há evolução sem paciência

Por isso voo tão alto
Que do chão um rato me acerta
Tamanho peso de minhas asas
E, sem deixar de acreditar alcanço
O fim, o fundo, a pedra no alto
Onde me recolho em meu silêncio
Me quebro e retorno para a terra
Nos braços da vida

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Aí basta...

Se meias palavras à meia luz
São meios de falta de ar...
Uma noite sob a lua, sob o céu
Escuro e denso céu, vozes ecoando
Do rádio à meia distânica
Ante a luz que é cravada
Em meio às rochas vulcânicas
Na grama os latidos silenciados
A mão de repente toca
Com a leveza de sua alma
Aí basta...

São ainda meias palavras
De onde palavras inteiras
São o desejo que permeia
A luz que rebaixa a escuridão
São meios de falta de ar...
Ante àquela luz sob a água
Da noite de verão...
Nu como nua está
Esperando as palavras
Moverem sua boca e sim

Aí basta...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Meio de tudo

Num único momento
Juntando tudo que não
Pode...
Pode ser assim, meio louco
Meio eu

Num único ato
Juntando eu
Pode ser um segundo
Uma onda na praia

Num único momento
Juntando assim os mitos
Do que faço, vejo
Posso?
Ser assim tão eu...

Dela

A noite
Sem filtro
Sem fila
Uns olhos
Metidos aqui
Entre a indecisão
Qual toque
Qual perfume
Entre suas investidas
Qual dia me beija
Sem filtro
Sem batom
Barulho
Som sim sexo
Nenhum som a mais
Apenas seu...

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Dois sentidos

Vamos? Segue? Vai onde
Qual destino segue
Onde a lua ilumina a ilha
Onde nada há demais
O jeito
Mistura de passado
Das mãos nas mãos
Vamos? Sigo! Onde vai?
Qual destino seguiria
Sem esta lua que ilumina
Onde nada mais há que...
Ser eu
Vendo você... Não vendo!
Sou dois mas sou seu eu
Poeta...

Poema contra a derrota

A pior parte de si
Quando julga errado
A parte do 'e se'
Ninguém lhe derruba
Ninguém lhe empunha arma
Alguém lhe deseja
Alguém lhe almeja
A parte de si
Que não se entrega
Mas se entregar-se
Nada há mais que fazer
Senão assistir

A pior parte de si
É quando se julga errado
E parte do 'e se'
Você se derruba
Você lhe empunha arma
Ninguém lhe deseja
Ninguém lhe almeja
Nenhuma parte de si
Pois se sua entrega
É para a derrota
Nada mais há que se fazer
Senão lhe assistir

terça-feira, 14 de julho de 2015

Mudos

Mude, esqueça, refaça
Que aqui o tempo passa
Pra onde vai quando acorda?
Estou parado ao seu lado
Mesmo que para nada
Mesmo que para ser nada

Mude, não esqueça, refaça
Que um dia o tempo passa
Quereria que não tivesse
Medo de acordar e viver
Mesmo que por um segundo
Mesmo que por uma vida

Mude, mudo, refaço
Que na vida o mundo passa
Onde acorda quando vive?
Estou no passo do seu coração
Mesmo que este não perceba
Mesmo que você não se atreva

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Lá vem ela

Lá vem ela, pela estrada
Quando está viva, perturba
Quando resolve morrer, aflige
O que era para ser somente um fim

Lá vem ela, pestanejando
Não quer saber o que há
Se bem que nada há que haver
Senão apenas um amor bucólico

No fim da estrada o cruzamento
Qualquer forma de seguir é...
Mero acaso de uma decisão
Lá vem ela... bagunçar a estrada

Deixar seu rastro de beleza
Migalhas apenas, jogadas
No caminho percorrido
Lá vem ela... Lá vai ela

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Explosão

O que explode entre meus dedos
Não é o amor que sinto por você
Mas o desejo que carrego
De vê-lo refletido em seus olhos

O que move minha cabeça
O que por dias me escrevo
Que sai tão sutilmente
Está na porrada do meu cérebro

O que explode entre meus dedos
Não é a beleza de sua face
Mas este ensejo que tramita
Por dias debaixo desta mesma lua

Qual dia o som do rádio será o mesmo
As baterias serão as mesmas
Os olhos serão os mesmos
As poesias não serão mais as mesmas

Por que o que explode de verdade
É este intenso cheiro que sinto
Quando retrai sua decência e se mostra
Com os mesmos olhos que aprendi amar

Nestas palavras não me acho, mas
Conservo aquilo que me mostra
Estas palavras às vezes me suprem
Mas sempre me trazem até você...