quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Entre a lua e o corpo

O ar sopra lentamente no ventre, enquanto o mar segue calmo
O mar então se surpreende com a lua, veio cedo com a brisa
A brisa não quis se alongar e trouxe um pássaro para cantar
Dormiu assim suavemente em meio aos burbúrios sutis

A noite exalava cheiros diversos, mas o seu perfume
Manso e floral, se destacava qual uma fina camada de pele
Que suave nos incita a manter os movimentos de carícias
Revitalizando o ego e dando à mulher sua fina expressão de desejo...

Queria eu, em minha ínfima maneira de expressar carinho
Poder ser como a lua que abraça os amantes apenas por estar lá
Ou ser como um pássaro semeador e deixar cair ali
As grandezas que trago com poucas palavras

Não veria algo assim sendo tão ruim a ponto de calar
A boca que ora traz uma vertiginosa vontade de se drogar
De todo o olor que podes me dar sem sequer sair do seu lugar
Apenas olhe, sinta, viva e me peça para tocar...

O corpo quente, o desejo ardente, a vida insana
Sendo eu assim tão egoísta (?) o que poderia haver
Nada... Absolutamente nada de ruim
Apenas a lua, o silêncio, o toque do seu corpo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Do lado sul daqui desta vida - parte fim

Em partes o submundo e flores várias
Em proveito do sol apenas um fio do olhar
As voltas, as palavras me fazem pensar
Que no lugar que nem imaginava... viemos parar

Uns dias são apenas transitórios,
E as flores quando vem, vem para mudar
O que noutro canto pode ser acaso
Aqui passa os olhos, cansados, mas a admirar

A beleza incrustada em cada gesto
O olor dito real e afrodisíaco embala
Cada dia que é vista apenas pela fresta
Da porta aberta, da janela nua ou de longe crua

Do lado sul está vindo arrebatar
Para aqui terminar todos os anos que lhe resta
Com a alegria que que traz consigo no sorriso
O mesmo que vem do sul anunciando que alegre esta...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A razão

A razão não é pelo fato, mas pela repetição
O coração não suporta mais que dois olhos
E nem por isso deixa de procurar mais dois
A razão é sim pelo simples dia a dia

Esta razão revestida de desejo é crua
Por isso cai como pedra no estômago
O coração ainda tenta, mas não suporta
Tantos dias para amanhecer e ficar sob a lua?

A razão procura assim seus próprios caminhos
Que quando fosse de manhã você se lembraria?
Do trato ora feito sob o sol e sem conhecimentos
Deste lado de cá a razão seria apenas ilustre
Ante um coração que afoba por querer querer

E esta mesma razão é que me estala a escrever
O que não sei ao certo, mas o que é certo?
Nada que esteja entre nós, nada que esteja certo
Razão... filha do insondável tempo... Tempo de ser
Buscar... viver... amar... buscar... viv...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Desconhecendo

Quase uma nova ida
E a vida que não é justa
Se ajusta nestes meandros
Nesta luta, neste mar

É uma ilusão talvez
E paro por aqui...
O amanhã ainda é doutra
O amanhã ainda arde

É um triste fim sem volta
É uma alegria incontida
O conhecer é bom
Mas o desconhecer ainda é preciso

Amanhã pode ser
Hoje não rola
E o mar que ora se agita
Precisa se acalmar
Estar em transe com o entorno
Estar em clareza com a verdade...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cara escarrada

Cara escarrada, jeito escancarado, e sim, um silêncio
O que são dias? Senão a esperança de mais dias...

Cara esculpida, um espelho que mira, o que é real?
E o que pode ser senão a velha roupa que lhe cai bem?

Cara tampada e embrulhada... irá pelo correio... dizem que chega

Cara escarrada e sonolenta... toda suja do batom...
Era noite e o sonho foi profundo, mas quase real, o perfume

Da cara apenas o rosto, face branda e esculpida em mármore
A água ainda não desmancha, mas assim, ao tempo, logo se esvai

Diziam que chegaria, mas não acredito... poesia infame...

Onde vai o ônibus quando pega todo mundo?
Cada casa, cada história, tanta cara escarrada

Como se fosse isto só, isto fosse então verdade
Como a crua relevância dos dias que se passam

Como a dura importância que dou a certos ares...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Força Real

No telefone sua voz me aparece cansada
Tento entender, mas sei que me basta
Preciso encontrar sua estrada, o caminho
Um que seja certo, de uma vez por todas, o ar
Do qual não posso mais voltar e pensar
É dia ainda e sua vida me espera

Foram dias felizes, seu corpo e sua aura
Posso voltar e tentar entender, mas se foi
Aquele dia aquele beijo
A noite estava a posta e foi assim
Um sentido nos lábios, uma força real

Ainda procuro, mas caio
O chão me parece mais duro e espinhoso
Apesar de a música ser mais suave
Os dias são mais suaves
Mas o que vinha parece mais complicado
Além de instável e tentativo... eram dias felizes
Passou e o que quero é continuar

O que vem? Ó pássaro da noite!
O que vem? Ó Pássaro da noite!
Apenas me beije... são dias assim
Dias de Força... é real?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mal dia

Estranho mundo estranha cor
Cabelos raros voz suave
De mãnhã café doce frescor
Umas poucas palavras... a tempo
Na rua alguém passou correndo
O carro não parou, atrasado

Saia justa, saia mais cedo
Estranho mundo, estranhos jeitos
De querer-lhe de apenas ouvir-lhe
Os sons do mar, uma noite assim
E o que mais me sai belo é o luar

Porque ali vejo uns olhos
Metidos numa vontade contida
De explodir, de me amar
Quer apenas acordar e desejar
Bom dia, mas é um mal dia

Dia de se separar, de se encantar
Com lembranças, último dia

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Redundâncias

Quando acha que acha que já foi longe
Não sabe que sabe que não é nada
Pensa que pensa em mim com força
E esquece que me esquece sempre só

E se vive bem ou vive mal isto depende
Do que sinto quando não sinto nada
Olha pro lado do lado do sol ardente
Nada vê e se vê é o que chamo saudade

Os olhos são olhos de pescados
Encobertos de gelo do gelo que me queima
São assim figuras como os figuras da noite
Não sabem de nada e nada fazem, é fria

E quando me sinto assim me sinto estranho
Quero voar e o pouso é pouso na mata
No estranho lugar que é lugar de ninguém
São as palavras que fogem das palavras
São fins onde começam estas sensações

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

É justo?

As últimas lembranças do seu rosto
Sua boca tocando o bebedouro de água
Num quarto, o seu quintal
Seus olhos querendo o que?
Destruir-me talvez...

As últimas lembranças de seu corpo
No mar se banhando com qualquer
Deixando uma fina brisa suavizar
Seu rosto, sua luz, seu coração

Últimos dias de espera... talvez
E talvez não haja nada mais que falar
Apenas observar um retrato seu
Um doce e inocente olhar
Um cavalo desconfiado, uma vaga visão

As últimas impressões do que se acerca
Do retrato então visto, da luz adorada!
Um poeta assim triste, uma vista pro lado
Noites quentes e você assim ausente... é justo?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

De um lado só da cama

Num dia o sol e a vontade de ver o céu
Algo estava entre isto e aquilo
Gosto de estar ao seu lado observando
As nuvens ligeiras e estreitas, promessas de chuva

Promessas de resfriarmos o que está fervendo
Causos e contos que nos destruiram
Promessas de andarmos em paz, você no volante
Eu dormindo só, sem nada mais por falar

Daqui paro numa esquina e vejo gente
Caminham distintas e distantes
Não sabem o que se passa do lado de cá, de nós
Apenas pleiteiam uma figura de sabedoria insensata

Mais difícil é observar o mar
E apenas imaginar-lhe a face dourada
Apenas esfriar-me com a noite repentina
Apenas dormir de um lado só da cama...