quarta-feira, 30 de abril de 2014

Acalanto

No frio, o banho e a cama quente
Na rua, a chuva e um descrente
Sob o teto, da TV reclama... bolsa
Carro, casa, novela... abismo

Na rua fecha os olhos... e amanhã?
Não sabe quem o acorda... quem passa
Quem passar primeiro... Imprestável!
Fácil julgarão, mas a cama é fria

No frio, o banho e as roupas
Sopa na mesa, novela na frente
No frio um corpo lhe aquece
Na alma do excluído, anoitece...

Pelas ruas silêncio, são quase três
Um carro quebrou o sinal, acordou
Pensou 'quem era?' Seu pai talvez
Não... não podia ser... Insistia

E da noite a lua ausente
Como seu corpo cansado
Sob o papelão da televisão
Produzida para gente...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Vindo se foi

Vindo se foi
Indo se ia
Ia e vinha
Vindo ficou

Ficou e partiu
Foi e parou
Olhou não me viu
Viu e se foi

Vinha e ficou
Voltou e me viu
Se abriu me amou
Foi e dormiu
Assim me deixou

domingo, 20 de abril de 2014

Tempo louco

Na rua, na beira, na esteira
Dos acontecimentos... nada
Pessoas caladas, tijolo na mão
Olhos baixos, nenhum senão
Na beira do que hoje é visto
Como relacionamentos digitais
Minhas palavras esmaecem...
Tortas palavras para um tempo
Louco como os que amam digitando
Teclando a pele alheia, luz nos olhos
Luz nos olhos que são os azuis
A violeta aqui não é flor... é dor
Da tela que passa tudo... traz nada

Na rua, na beira, na esteira
Do que proteje nossos dedos?
Neste tempo maluco, tudo é pressa
Corta a via como se estivesse só!
Mas à frente há uma criança...
Estava com sua mãe... grudada
Ao poste

Triste fim
Triste assim, logo fugiu

Na rua, na beira, na esteira
Mundo moderno não lhe vê
Ó flor...
Posta-lhe na tela, mas seu perfume
Fica contido no vasto campo
Onde alguns ainda ousam buscar-lhe
Mundo louco! Tempo louco...
O carro cortou a via apressado...
Era só uma criança... só uma criança...