quarta-feira, 31 de maio de 2017

Entre olhos

Fecho os olhos, lhe vejo
Sinto o doce que arrastou
Pelo ar quando pisou
Marcou meus olhos
Igual a um Zé
Desci da solidão
Por um minuto somente
Num momento de efusão
Abro os olhos, sinto o cheiro
A comida pronta está 

Abro os olhos, o espelho
O poeta denuncia
Entre olhos, expressão
Do dia que foi dia
Hoje frio
O poeta renuncia
Encaixa palavras
Busca assim lhe querer
Fecho os olhos, lhe tenho
Nesse frio, do outro lado

Quando acordo, saudade
O poeta renuncia a si
Cheio de palavras escondidas
Pelo ar quando pisou 
Mesmo distante
Mesmo que tenha ignorado-me
Algo enfim despertou
Calor combatendo frio
Tensão sem sentido
Amar sem ser banido


 
 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Objetos

A pedra disse ao rio, chega!
Foram muitos furos
Virei aberração, uns pedaços
O rio não quis saber, jorrou
Com tanta força a mais
Que a pedra enfim morreu...

O aço revelou ao fogo, ai!
Não me derreta neste chão
Virei brasa líquida, mudei
Fez em mim transformação
O fogo se lixou, assoprou
Com força fez derretição...

O coração disse ao corpo, cure!
O corpo se disse refém
Entorpecido pelas loucuras
Fez de mim escravidão
O coração então assentiu
E dela quis seu coração
O corpo então sucumbiu...

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Vida

No momento em que me deito
Cabeça levada pelo tempo
Somente penso qual nosso ideal
Se ando pelas ruas pensando
Soltando este grito que faz tanto mal

Neste instante seu gemido
Temido desastre se as palavras soltar
Toma conta do passado
Sorrio e levo esse tapa, penso de cara
Você me fez tanto mal

Mas enfim eu consigo explicar
Que na vida, se tem algo a errar
Erre até quando me encontrar
Que soltando esse grito eu lhe digo
Foi um prazer lhe amar