Coração

Mesmo quando nada parece certo

Ainda assim surge

Uma força obscura

Fim

Seu olhar longe

Falas distantes

Doces vis

Mesmo quando

Nada surge

Algo parece certo

Do errado o certo surge

Enfim o fim

Falso distante

Aqui estou

Longe... Aflito

Alma cambaleante em meio

Ao caos

Seus olhares estáticos

Nessas fotos de silêncio

Nada me ocorre

Nada me foge...

Uns dias

Nuns dias conversar saber

Noutros enlouquecer

Ela, igual lua, iluminar

Dúvidas, dias, aquele pesar

Enfim deixar ser

O que qualquer sentido

Possa 

Em último ato

Ser um, o ser

Muitos dias querer

Nuns dias silêncio

Como a lua alta no céu

Correr atrás e sorrir

Ser um feliz infiel

Às palavras

Infeliz

Sumir e ficar assim

Esperando cair o véu

Das nuvens

Do desabafo

Das pequenas coisas que

Queria em seus braços...

Oriente

Se oriente, tente

Não enlouquecer

Viver, ser

Nos arrancam as raízes

Voamos

Rumo incerto

Ao oriente

Se oriente, pense

Não vivo à beira

Mas o precipício está ali

Abro os olhos

Olho

Rumo certo

Pra frente, incerto

As raízes crescem

Nos guiam, miram

Tristeza que vem, rego

Plantas que cercam

Minha alma e miro

Oriente

Desse meu coração quente

Abro os olhos, vejo

Muita alma, luz

Sigo o sol...

Rosa

Rosa ela

Que me surpreende

Mesmo cansada

Calada

Rosa ela

Desde seu mundo

Em miniatura

Afogada

Rosa ela

Que surpreende

Chega e reza

Defende

Os dias de luta

Lua

Rosa ela

Que longe ali

Logo aqui

Chega e acende

Ascende

Rosa ela

Que quando me vi

Prendi

A respiração

Por onde nasceu?

Ela rosa...

Ela

Veio imensa invadindo

Meu espaço

Entre dúvidas

Nesse enlace, sábado

Domingo já

Numa noite seus olhos

Mensagens

Imagens de você

Fico em transe

Quero

Saber de você

Ver você

Ilustrar em voz

Tocar notas

Viver...

Explodo

Quando os dias são cinzas

Qual lado você ocupa?

Sendo a luz que cruza o horizonte

Raspando o fundo dessa tigela

Cheia de dúvidas

Respingando aos lados

Deixando limpa

Deter gente sā

Sou ouvidos e boca

E sentidos

Coração

Mas sou furacão

Dentre tantas outras loucuras

Sou poesia

Insano

Resto das cinzas que tento juntar

Sou furacão e me espalho

Espelho

Tem um jeito

Explodir!

Quem sabe...

Quem sabe o amanhã?

O astrólogo mostra os astros

A meteorologia, o tempo

O controlador, o tempo

Eu não consigo

Prever o coração

Mas vejo

Que você tem emoção

Amor e comigo não

Não sinto, minto, sei

Quem sabe o amanhã?

Previsões, todos os tufões

Vejo

Sinto, digo que sim

A meteorologia vê a tempestade

Eu não consigo

Não ser

Não ser seu

Amor como eu quero

Tu, controladora

Tu, atemporal

Eu consigo...

Chuva

Chove

Chove muito

Rompe o céu

Esse trovão

Qual noção

Entre o úmido

Seco o seco

Sexo

Chove

Chove muito

Dentre nuvens o ver

Seus olhos, alma

A entrega

Entrada

Gosto de sal

Mar

Chove

Chove aqui

Aí estive em pensamento

Tenso

Com o gosto do mar

Você sentada, plena

Eu aqui

Logo ali...

Partida

O som estrondoso de sua voz

Silenciosa

Qual dia ressoou 

Silenciosa

Nesse sol ficou amarrou me prendeu

Fui algoz

Nesse som me fiz mais

Que um poeta sagaz

Fiquei sem saber

Que dizer

Que ser

Que fazer?

O som estrondoso de seu silêncio

Gritando fez

Algo que me despertou

Em mim poesia

Que ser?

Que fazer?

Quero dizer, sou!

Nesse som inaudível

Por mais que tente

Sinto o cheiro de sua passagem

De loucos, aos poucos

Em algum lugar um som quando o dia finda me remete a um pensamento

Louco, um repente de repente

E nesse lugar sob uma luz esmaecida seu rosto surge, urge aqui amor

Loucos, quando?

E em algum canto esse canto rouco, palavras, gemidos... Risos infinitos

O louco, pouco

E por alguma fresta nessa janela nos veem, sim loucos, promíscuos, lindos

De loucos, aos poucos...

Perfeição

Ela foi ali, perfeita pra mim

Eu não pude ir, imperfeição

Ela esteve ali, sob o sol entre nuvens

Eu fui escuridão, não apareci

Ela ali esperando, esperança de mim

Eu queria esperar, mas o ir era preciso

Ela linda, sorriso escondido

Eu sonhando, sorrindo esperando

Foi o tempo quem decidiu

Qual tempo é o certo?

Quando o certo é paciência

Qual momento é resistência?

Aos desencontros

Aos planos plenos

Tantos anos ainda

Hão de ver nascer a vida...

Espera

A lua espera o amanhecer

Entre o frio e o calor

Do sol

Pulsando à noite

Como um dia

Entre vários dias de ardor

Entre um rio e a terra

Um carro a cruzar

O profundo desespero

De estar

Do outro lado

Em outra margem

E olhar

A lua adormece quando

Entre esse frio e o calor

Ficar

Dividida por assim saber

Noutro dia irá retornar

Sobre o rio repousar

Do lado de cima

Iluminar

Nessa outra margem retornar

E amar

Lençóis de lua

Tem alguém, sim

Que como essa chuva

De algum canto longe

Ouviu-me, e molhou meus pés

Suave cheiro do calor

Molhado

De uma intempestiva sensação

Apaixonante tempestade

Calando minhas dúvidas

Trazendo uma luz noturna

Olhar misto de amor e retração

Qualquer coisa que define

O que a chuva traz

Essa paz

Tem alguém, sim

Que me tirou daqui

E me deixou em lençóis de lua

Que não existiam sobre mim

Tem alguém... Sim...

Tolo

Tolo como um colo

Enquanto rimo

Tento seu cheiro

Rasgado como sou

Em vão por seu

Longe coração

Tolo como a um deserto

Enquanto busco palavras

Tento seu entremeio

Que seu olhar um dia

Disse

Não

Dentro desse tolo, sua

Verdade absoluta

Mistério que me põe

A ir onde me coração

Disse, não!

Não se furte sentir

Foi criado a perseguir

Aquela que enfim lhe fará desistir

De ser um ser

Tão sem chão...

Dias

Quando acordo bem

Quando mal me sinto

Nuns entraves da vida

Lembro aqui que sinto

Ardido tempo

Em que penso

Por onde anda

Quando acordo, bem

Sonho contigo

É dia e o sol

Ardido me chama

Nesses entraves me largo

É quando tento

Descobrir seus passos

Vendo o vento que sopra

O que vê?

Claro como nós

Nesses dias de desencontros

Enquanto o mar revolto

Batendo na areia e levando

Qualquer sombra de desengano...

Senão

Te vi por ali pregada

Olho no olho estava

Largada na minha

Foi como ver uma linda

Entre a lua

Do sol que rima

Te vi por aí

Vê se volta

Jogada comigo

Vê se não solta

Minha mão entre nuvens

Enquanto lhe amo

Poeta confuso é o que sou

Nessa vida amor

Lhe dou

Te vi sorrindo feliz

Olho no olho me olhou

Joga comigo

Esse jogo de amor

Vê se não volta

Na decisão então

Que é quando lhe amo

Senão

Inspira

Você está por aí

Defendendo papéis

Nós por aqui

Passando pelos éis

Do criar e inspirar

Entre o concluso e confuso

Um fio de solidão

Senão um se não

Você está por aí

Escrevendo entre normas

Nós por aqui assistindo

Parecem tortas

As palavras

Necessárias entrelinhas

Por entre contratos, trago

Do cigarro que parou

Entre os dedos, seco

Fiquei olhando

Admirando

Noites entre prantos

Palavras

Que dentre tantos

Momentos

São acalentos

Um louco

Alguém incerto

Nessa chuva nesse frio

Um poeta qualquer

Louco a seguir

Caminhos que ninguém

Ousa refletir

Perceber

Encontrar!

Alguém de certo

Numa curva a seguir

Há de chegar e vir

Sussurrar

O que no tempo há de ir

Sentidos que alguém

Num dia longe

Ousou sentir

E quando loucos se encontrarem

Nessa vida doce

Nesse peito escarrado

Quando a vida encaixar

Essa eterna lembrança

O louco será morto

Será a vida que gera

Palavras para poucos

Rotas

Nas descidas e subidas

Vida

Entre a lama e a poeira

O drama

Da vida que assovia

Num dia

Entre sorrisos e suspiros

Aventura

Com quem seria preciso

Estar

Nesses dias de descanso

Cansar

Alguém de longe a esgueirar

Essa aventura e ela lá

Entre rotas se aventurar

Viver

E nesses dias estranhos

De alguém o sorriso ver...

Sementes

Qual dia

O elixir da vida

Entre muros e destinos

Nasce

Qual dia

Que esse elixir

Entre palavras

Se ascende aos céus

Aceso, vivo

Sementes do bem que há

De vir de onde não

Se espera

Espera

Qual dia virá

Ser um nascimento

De um sopro que num repente

Abre os olhos

Mira olhos

E vivo se sente...

Propulsão

 Por ali no tempo sento

Em meio a tudo e tento

Sentir o que faz pensar

Quando nada parece ser

Aquilo que lhe faz usar

Nomes, cores e formas

Daquilo que lhe parece

Finito das palavras em usar

Por ali no espaço que couber

Da nave que vai decolar

Enquanto penso como ser

Sinto a chama de sua propulsão

Raiando em luta contra o sol

E eu remando passos

Acordando encalços 

Para dar essa mesma impulsão

Quanto adianta?

Ser assim responsivo

Em detrimento do coração

Que a mente nessa imensidão

Restante de alguma conclusão

Quer-lhe fazer intensiva

Com aspectos de luz nessa

Louca e intensa decisão

Paralelismo

Cito o arraso e rasgo

A emoção

Dito o acaso e passo

Sem essa noção

Do dito atraso e traço

Alguma relação

É como a mente trabalha

Nessa contramão

Cito o engasgo e raspo

O tacho que era vão

Vil no largo

Modo de ser tão

Completo que não

Era um fim básico

Uma metragem de distância

Dos que não estão

Cito esse rasgo

No véu da vida

Como a mente batalha

Parece contramão, mas

É um divino maravilhoso

De tudo ser tão

É como a mente trabalha

Paralelo ao coração

Gêmeos

Do alto a baixo

Fogo e água

O que lhe acalma?

Sossega a alma

É num instante

Sorriso errante

Quando lhe vi

Fiquei ofegante

Torto pro lado além mar

Que o vento misturou

Os sentidos em pensar

Que quando senti

Parei de falar

Sumi dentro de mim

Do alto eu vi

Um lugar que não se vê

Tão difícil quanto ceder

Encurtar distâncias

Dizer bom dia

Fazer correrias

Para enfim descansar

E diante desse olhar

Que mais lhe faltar ser?

Senão um completo acalmar

Para um dia viver

O que o sonho teima em querer

O que resumo, amar

Mental

Que a força do meu pensamento

Seja a onda que move

Teu oceano num momento

Onde num frio a chuva cai

E que quando uma flor se abrir

Exale teu perfume

Copiado e encravado

Em tuas pétalas sutis

Seja num momento tal

Que só de ouvir a voz do tempo

Timbre a leveza que possuis

Seja num instante o qual

Absorvendo a força do momento

Se torne um coração de peito forte

Que não falte o afeto que desejas

E quando pra lua cantares

Alguém te toque nos cabelos

Feliz a te acompanhar 

Saudade

Nos olhos me olha

Escrevendo a vida

Descrevendo sonhos

Saudade me reprova...

Quando a saudade me renova

Dias de encontrar

Os pontos a contar

Cada detalhe que preciso

Com detalhes imprecisos

A seu coração revelar

Só detalhes que preciso

Como a lua iluminar

Com o sol a se esgueirar

Em sua sombra pernoitar

Só detalhes que impreciso

Essa saudade a me buscar

Me traz você a me amar

Me faz você ser novo luar...

Esquecimento

Em meio a tudo somos

Forçados ao que formos

Esquecidos do que fomos

Nas nossas noites sem sono

Que coisas nos esperam

Mundo que gira à espera

De corações que se apegam

E que esquecidos se desesperam

Esquecimento por cuidado

Noutros tantos amores revirados

Que quando tudo se tornar dado

Um sorriso me terá restado

Somos sombra da sobra da Lua

Que nessas noites nos é dado

Sem sombras da dúvida do pecado

Enquanto viver lhe serei grato...

Ó Lua...

Maio, 29

É fim de maio

Outro ano

Mais um dano

Quais os planos

Acharei...

É início

Novo ciclo

Tentarei assim

Novo plano

Viverei

Num momento só

Noutro a luz vem

Quando ouvir?

Se a percepção é rara!

Se vir, veja

Que há muito por vir

Mesmo que não seja

A luz que costumava luzir

Quando vir, sinta

A mão que não conhece

A dor que você conhece

O amor que há de existir!

Segredo

Faz um tempo
Nada me sai
Tudo que vem esvai
Até um dia um ponto um contra ponto
São dias assim vis
Onde a alma tenta
Achar um lema
Algo com que seguir

Ali ficam momentos
Ora frugais ora essência
Essenciais os dias
Que ganho
Vendo-lhe, ouvindo
Voz que acalenta
Sons que num banho
De vida, ama

Faz um tempo que
Sem nada mais fiz
Ouvir...
E da lua sob
Nossos desejos fez
Uma química em ritmo

Num dia chorar
Noutro observar

Segredos trocar
Coração preservar...