domingo, 21 de dezembro de 2008

Ah... estes olhos...

Um dia era preciso saber e deixar rolar
O amor que ora indeciso fez-se notar
Não é preciso, pois, que se faça nascer
Um sol tamanho se confundindo ao ser
Por que tudo é manha... socorro
Nem que se faça um dia... seu final esporro

Por não deixar seu coração em paz, sua vida sã
Por não deixar algo acontecer... você se esconde
Por detrás deste sorriso doce... discreto e sensato
Tem a fronte tão suave, incógnita, desejável!

Por onde vou nesta noite? É dia ainda... e só
Na esquina da cidade tem o que agrada a ambos...
Um doce molhado, uma ligação tão simples...
Foi um rock desbocado naquele dia, foi o fim?
Uma dúzia e meia de dúvidas e o mate na boca...
Foi a cólera, palavras ditas afoitas, porque era preciso saber!

E agora o livro que escrevo está parado... na moita do tempo
Vai devagar se mostrando ao mundo, mas ainda escondido
Divagando um poeta meio vivo meio cego meio tudo e muito nada
Na escapada do futuro um algo muito maior que o hoje vai brilhar!
Na luz escura da noite, que não virá em vão... talvez seu corpo
Sendo tateado e lábios sendo sugados com voracidade e amor...

É assim que se vai levando... vivendo... sem vida, atrás de vida
É assim que vamos viVendo tudo que agRada(r) na área
Os olhos! Ah... estes olhos...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Disperto

Muitas palavras... muitas mesmo...
Caindo do alto! Daqui deste lado

Meu coração caindo junto... minha vida
O que me traz a este lado, nesta sombra...

Nesta penumbra chamada coração
E que abriga um incerto amor!

O tempo... o que é?
Uma cifra de música? Qual? Dúvida?

Voe! Voe agora e regresse tão logo se sinta bem
Tão logo não se importe... com ninguém

Quer ir pra longe... vamos...
Pras nuvens... o futuro é grandioso demais!

Para nos atermos a isto... ou aquilo... ou a ele...
Pra onde? Diga!

Só não quero ficar aqui parado na praia... vendo o sol
Sozinho sem o despertar verdadeiro...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Voe!

Voe! Voe como voam pássaros despretenciosos
E chegará ao pico daquela montanha
Sã e salva... para sentir a brisa do mar...

Voe! Como se nunca tivesse sabido voar,
Como o vento, que vem trazendo o perfume
Que toca nosso corpo sem frescura, com paixão
Sem a presença dos olhos do tempo e da razão

Voe! Com o coração, remindo os ventos,
Sem a mesma razão descabida e desnexa...
... que teria se pensasse que sou errado, vil
Sem qual força não olharia em seus olhos e pensaria...

Voe! Como se o amor, que vem lento, fosse ágil...
... o suficiente para lhe buscar hoje...
... o suficiente para entregar-me agora...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dia de praia

A areia sob os pés, a sede nos pés
A espera pela água do mar
Corpo ereto observando os grãos... a força
Os ventos não uivaram, o coração entrou em transe
A luz se misturando às partes louras, o mistério
Do que o dia pode trazer, do que o sol pode fazer
Com as horas em que caminha... ora pára ora se vê
Sendo uma só paisagem, uma só beleza rara
Pernas entreabertas marcando o chão, ensaiando
A chegada... o retorno do corpo sob o sol
Queimando como se queima uma paixão, lentamente...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Parceria errada

Ruídos os pés tocando o chão
FAZENDO ESTARDALHAÇO NO QUE NÃO TEM RAZÃO
Retidas todas aquelas falas
ENGOLIDAS NO MEIO FIO COM A CARA ESCARRADA

Os olhos, os cabelos na imensidão
TENTANDO SE ENCONTRAR COM O DESNEXO DA VIDA
A fita na cabeça desenrolando o nó
NÓ DA DESCONFIANÇA DE QUE SOU AINDA HUMANO

E aquele pensamento de ilusão
QUE RONDA UM ÍNFIMO ALFINETE E INCOMODA OS CORAÇÕES
Qual deles poderia nos ver sem dó
NO PASSADO, PRESENTE E O QUE VIRÁ DEPOIS? LUZ?

Por que o que sente, fala e permuta
ESTÁ AQUI NA ÁUREA DOS SONHOS INTERCALADOS
Não é assim que tudo se esvai
PELOS RALOS DAS PALAVRAS ERRADAS EM MOMENTOS VÃOS
Que a intenção e o coração mudam?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Pés e toques

Os pés tocando o chão
Lugar onde meus pés estavam
Os seus pés tocando os meus
Repicando minha inconstância
Inebriando-me na noite silenciosa

Os olhos me miravam com despretensão
Era tanta coisa acontecendo... eu morrendo
Que nada poderia ser melhor que a explosão
Seus pés deixaram meu corpo aceso
Quis tomar-lhe a cintura e expor minha força

Ainda há o que chamam... TEMPO...
Para que tanta recusa de verdades?
Ainda sinto os pés pulsando os meus
Como se fossem batidas de um coração
Acelerado como o meu
Buscando forças nesta intensa oração

Por que você faz isso...
Quer ver-me beijar o que me deixa louco?
Ou simplesmente dar-me inspiração
Seguir assim trocando a razão pela...
O que finalmente rege minha ação
Na próxima não deixo passar em branco

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Soneto à insanidade

Queria ser certo, tão certo quanto o mar
Que chega até a orla sempre no mesmo ponto
Queria ser feliz como são os humanos
Eu queria ser humano, queria ser mortal...

Queria ser certo sempre! Casual...
Como são seus olhos, que já sabiam
O que vai aqui dentro deste coração
O quão sincero... fui, e não ligou

Ser assim meio humano, meio louco
Meio poeta e meio maduro
Que revela coisas insanas, pense...

Que se não há nada em seu coração
O sorriso que brota de sua face...
Não faria sentido pro seu jeito de ser...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Quatrix da busca

Desgasto o regaço deste calo gasto
E gasto a força já desgastada pelo calo
Que quando calo gasto o silêncio e desgasto
O andar e os calos desgastados pela busca gasta

domingo, 7 de setembro de 2008

Luz dos meus cadernos

Outro dia e quem mais fria que a lua
Numa valia noutra foi feita, vendida!
Quisera ser liberto, feito estrela, feito o mar
Que como minh'alma caminha livre
Escreve como quer, a quem merece
Qualquer marisco, qualquer lula, e a toda lua
Nem se incomoda com o som da voz
De quem está encravado na falta
Do que se faz, se come, se envolve

Outro dia e mais a lua pra se ver
Como menção de luz... de noite
Que como a verdade que corrói a poesia
Transforma-a em seguidora da ilusão
A que penetra mansamente nos olhos
E dá-me uma ponta de luz
Para clarear as folhas dos meus cadernos...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Em minhas mãos

Nos cantos da sala onde mora minha razão
Está o quadro silencioso dos desejos seus
Este move a inspiração que habita meu coração
E que versifica todas as nuances do espelho meu

Raras as vezes que esqueço de lembrar seu jeito
Sua beleza, sua vida, sua sensualidade de andar
Raros os momentos que vivo e que lhe vejo
Nas esquinas, nas praias, no meu ilógico jeito de sonhar

Que lá pelas tantas horas da noite já é lua
Meu coração sorri sonhando acordado
Com sua luz, sua poesia e sua voz

Nos cantos da sala aqui deste meu coração
O seu quadro vigora e me direciona
Para o fim, a ilusão, a loucura de minhas mãos

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Quatrix nulo

O nulo que anula o amor
La luna amorosa anula
É o que seu coração nulo deixou
A vida anulada deste poeta nulo

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Estátua de sal

A sensação de perda de memória
Nas ruas falam em dizer o nome
Do que se soma à imensa falta de você
Insisto que não devemos mais lembrar
Mas já é tarde demais... o corpo cede

Minha alma vai derraderando pela vida
Lembrando da aura que se siitua não sei onde
Vem de malas não sei porque...
E devolve pro meu coração a esperança
De um dia enfim realmente ser

O que almejo solitariamente
Sem nexo nem paixão por mim
Tê-la como tal, estátua de sal
Questionando minha conduta
Fechando os olhos para o mal...

Onde quer que você esteja

Faces que somem...

Um vulllllllllltooooooo... na noite clara...

Entrecortadas as mãos deste
coooraaaaaaçãooooo... em q u e d a l i i i i v r e

O que é que há com este... a b i s m o
que se instalou aqui...
não escuto a mim mesmo...

O som tah lá no fuuuuuuuuuuuuunnnnnnndo
Mas as tragédias ainda são visíveis

Nunca mais escutei sua voz
Onde se acha sua nitidez... que me diz onde ir...

Qual? Onde? Você diz... ooooooo...........iiiiiii

Mas vem separado...
Mas ainda assim amo
O que você não sabe
O que parece estranho
Onde quer que você esteja

O amor que é seu

Seu semblante misterioso e sua lente
O que há tempos me confunde e mata
Torna minha vida assim cheia de inspiração
Revela a mente insana e resvala
No que modifica tudo o que quero ser
O que quero buscar e o que quero escrever

Se a lua nasce mais alta, mais cheia e mais brilhante
Observo-a e vejo o que seus olhos buscam
Na noite clara vejo seu coração e sua alma nua
Buscando o que é cego aos olhos seus!
O que me torna mais certo e decisivo
O que faz meu coração escravo e vil!

Sua boca transforma meu desleixo em superação!
Se simplesmente imagino seus movimentos
Numa fila de trégua e de lamentos vãos
Que me fazem sorrir quando estou ao lado seu!

Seu corpo faz minh'alma tremer
Se simplesmente fico assim ao lado seu
Sem fazer nada, sem dizer nada
Somente sentindo o amor que sinto e que é seu...

Quatrix incerto

Saber seu nome às escuras
Sem referência nem lado sem frescura
A voz suave ditando meus anseios
Pra que voltar se lhe quero nestes seios?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Traços Vermelhos

Os olhos semi-cerrados delineados em forma de ataque
Olhavam tudo e todos para entender cada resposta
Os movimentos observados foram postos na máquina
E processaram o que se esconde no caso torto

Quem vai me entender se nada posso fazer para deixar
Com que penetrem meu mundo, meus versos e meu coração
No ar foram ficando traços vermelhos do movimento alheio
Que buscavam única e somente meu eu para expor ao custeio

Daqui fui mais intenso e traduzi o que estava acontecendo
Sua voz passou e seu nome foi como canção
Você queria me estudar e dei-lhe o que sabia. Nada!

Daqui uns dias ainda vou estar por aqui vivendo
Seguindo sempre as regras que me manda o coração
Vivendo sempre perto do que me atrai, que me leva ao mar... Não dá...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Ponto final

Ponto
. . . p . . . o . . . n . . . t . . .
Do qual nasço .. . .. . . . . o po n t o s e m n e x o
Cuspa- m e s e u s e x o o e u i v e e
O q u e h á c o m v o c ê e s e u p o n . . . . . .
M e e s q u e c e u ? f o i - s e n o s v e n t o s ?
En t ã o p o n t o f i n a l .

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Uníssono

Sinto, calo, confio
Nego, não vá, volte!
Minto, sim calo, envio
Pedido, de volta, perdão!

Corro, oh mar, solidão
Vivo, olho, descanso
É hora, oh céu, coração
Verdade, olhe, é paixão

Renata, Fernanda, Carolina
Respeito, silêncio, sonhos
Patrícia, Érica, Aninha
Irmã, amor, solidão

Viver, tão logo, crescer
Sofrer, atos, morrer
Calar, contigo, enfim
Sonhar, viver, e amar...

Quatrix da covardia

Num portão de madeira de lei parei
Visualizei aquela árvore morta
A marreta deitando-a chão abaixo
A fortuna pobre por este portão aqui pago

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O querer

O querer impõe limites à minha vida
Que tal e qual me levam à beira do céu
às vezes me levam ao inferno...
É que quando passo por portas fechadas
Sem abri-las e trinchá-las
Somente consigo ver o que o querer anseia
A beleza estampada num desejo ardente
De cores e formas suturais que encanta
Querer lhe ver para amortecer
O que me eleva no vinco úmico
Da sua leve e suave abertura de cismos

O querer demasia minha luz
Deixa minha vida no escuro e some
Me deixa sem vontade e sem perdão
Olha-se de cima e ferve como água
Que se esvai num solitário jalão
Sua vida, minha loucura... minha solidão
Nesta crua e inóspita carne e coração
Que já se abala com o vento, com a força
De tudo que me faz sentir esta paixão...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Meus versos

Foi sem sentido caindo por terra
O que ainda teimava em ficar vivo
Todas as suas histórias e perfumes
Todo o seu olhar e seu amor

Se de toda a Terra só sobrasse você
Construiria nova vida novo amor
Quase que me perco e recomeço
Por não mais suportar tanta dor

E quando sua voz ouço, o peito inflama
Soluço e corro pros escritos
Para onde meu coração frio me chama
Aquecer meu sentido, dar-me vida!

Sentar-me à beira do mar aos sábados
Ouvir as ondas me levar pro fundo
Sentir a areia sob meus pés e pô-la nas mãos
Esvaí-la no vento e imitar minha vontade...

Por que amo você e seu coração, sua serenidade
O local onde vive sua força, seu peito
Sua intensa percepção de mim... meus versos
Meus versos mudos, intactos, ainda esperançosos...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Renasce

Começa assim... o tempo
O tempo sempre passa quando não deve
E quando devo, sempre procuro o tempo
Quando você passa estou sem tempo
Por que o que há é somente vento... esvai-se

Quando começa, eu logo acabo... medo
Seus olhos lhe entregam e você ao tempo
Este medo me toma, me escondo... ah suas vidas
Sua intensa morosidade em descobrir coisas

É que quando dou por mim, já estou a escrever
Sobre seu brilho vital, sua inspiração...
E quando finalmente acabo sinto vergonha... da lua
Do que do alto vem abaixo e me esmaga... seu olhar

O que vai fazer neste fim de semana? Nada...
Vou fazer a vida! Fazer os versos que me perseguem
Que me levam onde quereria ir... noutra data
Noutro mar, noutra condição deste amor... que inflama...
Não só a mim, mas às minhas partes de 'eus' que você conhece...

O que se foi, por enquanto...
O que está vindo, mascarado... inóspito
Engasgado na garganta... intalado no coração
Sem sentido, mas sem pudor... com todo amor...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Desejo

Da sala o som do seu coração eu ouvia
Os contornos dos seios eu imaginava, tocava
Seus pés me embramavam... sua pernas balançavam...
Estava nervosa com aquilo, tensa

A lua veio... e a noite foi clara...
Sua mão da cama escorregou
Lá fora os ventos esvoaçavam seus negros pertences
Você dominava o momento com os dedos

Sua perfeição, suas mãos avançando pro meu lado
Eu que lá de longe fui pro fim
Finalmente dispo seu corpo, sua alma, seus olhos
O som clássico envolve o momento

Eu que de longe fui pro fim
Sentei-me à beira do mar e comparei você às ondas
Tão logo ela bateu nas pedras o telefone tocou
Deitei na areia e não quis mais viver...

É assim que vai-se longe... um livro devido ao tempo
Uma vida errada devido ao tempo
Um ser feito de sal agora na chuva
Uma luz se ascendendo e acendendo minha vida

O que você enfim busca...
O que meus sonhos mais secretos já me entregavam
Seu corpo por mim desejado...
Meus dedos acariciando sua carne e sua alma...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Quando a lua se deita

Quando a escuridão toma meus olhos
E quando meu corpo cansado se deita
Viajo para além de mim, pra você
Não espero nada nem ninguém, o acaso
Não vivo por nada nem ninguém, espero em casa
Que quando os olhos se fecham, os meus, rio
Vejo a nuance serena da lua
Tenho visto um anjo, que à noite me chama
Tenho visto um nada, caminhando ao lado
Que não espero por ninguém, sigo só
Sigo em frente por mim, a lua está lá!
Está lá e se deita quando o sol retorna...
Durmo então e me esqueço...

Um dia

Seu sorriso ainda me encanta, motiva
Por seus olhos vejo sua alma nua
Sua fala doce e ritmica eleva-me às pedras
Seu corpo suave e perfumado não me deixa em paz
É que quando penso que me afasto me vejo
Indo adiante no horizonte medíocre
Minhas mãos me levarão pra longe
E ainda que minha carne tenha de ser trescortada
Levarei seus olhos comigo, guardados num pequeno
E familiar apetrecho que escondo dos olhos
Por me trazer lembranças que trazem consigo o sol
Com toda aquela luz que entranha
Que faz-me perder neste mar de vida
E contanto que tudo que faz me arranha
Assim me lembro de sua carne, afoita e encrispada
O que costuma chamar de platônico
Prefiro distante, prefiro chamar de Um dia...

Um dia numa noite

Bom dia... e foi-se pelas fendas deste espaço
Resvalando nas encostas desta manhã
Os olhos caídos pro lado e nenhum abraço
Indo longe... virou-se e viu o nada
Os passos vagarosos e a lembrança
Do tempo em que fomos crianças
Onde cada um poderia se exaltar? Como?
Levei certo tempo para me ver aqui
De mãos atadas tento ao menos sorrir
Escondido em algum canto você está
Neste imenso alfabeto de ondas curtas
Seus olhos procuro quando durmo
E se em algum canto enfim lhe acho
É na areia... na fina areia da praia de manhã
Quando a prova foi à bala... e difícil
Os olhos fecho... a água dos olhos me percorre a face,
Mas luto, ainda que não seja seu... luto pelo olhar
Para que seja apenas meu... ainda que de noite e frio
Boa noite... veio vindo e dormiu serenamente neste espaço
Resvalou-se do frio no encalço e me abraçou...

Fragmentos

Num dia, uma tarde de sol e aquela sensação
Tudo que foi ontem hoje impregnado no ser
Os pedaços que restaram daquela repúdia
Desfragmentados para encontrarmos razão
Viver por viver e reconhecer a fúria
Que vem dos mares do sul
Hoje meus olhos reparam os olhos da menina
Que tem o capuz sobre a fronte e chora
Tem olhar sagaz e manhoso, derretido
Mas com brilho e ternura nos gestos
Aqui estão os fragmentos, enrijecidos
Escondidos deste lado do oceano, numa oferta
Um quebra-cabeça incontável
Do que ontem fora meu coração...

Rupturas Suturais

Do dia em visita, longe de casa... sedento... em silêncio
Um dia, uma noite... insana noite... sonho em disfunção
A janta de curvas... o melão no copo, um olhar, imensidão
As rupturas do real, do que foi o passado e são presente
Palavras que não disse... guardei-as a fundo, neste mar solidão
No quarto o olor da fumaça de vidro, impregnado no túnel
Mesclado ao cheiro que sua face exalava... eu olhava pela janela
Via a lua, também sutural, me remetendo às mechas úmidas de seu cabelo
Via o céu crispo! Fechava os olhos e imaginava... lábios sedosos
Imputando contra minha boca seu néctar fluvial, doce!
Rupturas dentro de mim... fazendo-me pensar em nada além da noite
Rupturas suturais que me levam longe neste mar
Que desejo sempre e nunca mais voltar
Por que de seus olhos escapam este desejo de me matar...
Pôr-me à prova sobre seu corpo imerso em lírios
Para sentir-me quente querendo lhe amar...

Une

As mágoas deixadas da noite em claro
Se dissiparam no som da manhã
Ínfimo nó retido na garganta
Solto nas palavras sonegadas num afã
Se a dúvida fosse retida e filtrada
Meu coração, hoje, estaria só
O calor intenso do seu corpo naquela noite
Me deixaram louco por muito tempo
Desgastando suas frívolas e sutis folhas
Unidas pela carne que lhe forma a entranha
E se neste céu sua mão me arranha
Na cama me deito, fecho os olhos
Pois meu olhar voltado para o sol
Me deixa perceber o quanto seu corpo se assanha
"A luz da face esconde a escuridão do sentimento"

Seu

Pela fenda no risco dos olhos cegos
Tento entender a repulsa que haverá
Se tão aberto por meus olhos deixar passar
Todas as palvras que quero lhe expressar
Que me vejo indiscreto e insistente
Não escondo, muito menos me esquivo
Como o pássaro que canta seus desejos
Escrevo os cantos que enlaçam meus segredos
Que por entre sua porta se esconde a luz
Que move os dedos e a tinta, confuso
Sigo, não escondo, arremeto
Para além da luz... o brilho seu
Um suspiro, os olhos abrem-se
É outro dia, mais uma vida!
À espera do que nunca aconteceu
"Sempre esquecem as palavras, soltas, presas a mim num momento único. Apenas sobra isso! Para mostrar o que quero... Um poeta não sabe falar, escreve."

Luta

E antes que o sol fosse embora avistei aquele gesto
Era simples, porém febril gesto...
Controlando a máquina de meu coração...
Toda a minha poesia sucumbida a esmo
Pelo descaso daquele gesto!
Desordenar meu ser! Como? Quando foi isto?
Nas tardes de sol... as aves sumindo
Nos argumentos seus... meus pés indo
Pra onde não sei... os olhos fechei
E se seu olhar fosse firme?... tarde cheguei...
Não pude ver a lua... veio só pra nós...
Você apreciou o céu como tal! Vil!
E longe na estrada, já cansado... seus dedos...
Sua estrela se apagando, aquele gesto...
Se remoendo... me matando... matando minha poesia
Que quando voltar da lua... vou olhar-lhe de longe...
Ver o quanto as aves voaram... medir o céu
Ser um olhar... perdido neste tamanho casco do seu véu

Na imensidão do mar

Os braços grudados, entrelaçados nos meus
A cabeça recostada, fugindo do frio, em meus ombros
A boca escondida, os olhos fitando o chão, a grama
Os passos largos, afoitos, querendo chegar em casa
Assim fomos pernoitando, suando a alma, o sentido
Na beirada da cama parou vendo os quadros, dormiu
De olhos abertos, de alma despojada, com o coração quente
As mãos por entre as pernas, e estas entreabertas
Meus dedos percorri lentamente os cabelos frios
Escureceu, o zunido do vento sobreveio aos pássaros
Às borboletas do seu estomago valeram as investidas
Da noite intensa... das palavras insentidas e não entendidas
Lembro-me dos cabelos frios, acalentando a faca dos meus sentidos
Sua tão suave máquina, seu corpo, tão doce, perfeição...
Nas nuvens tão suada vida, olores, das noites sãs
Num minuto tão quentes palavras, não as ouço, durmo...
Anoiteço e me esqueço... é hora de voltar, ver estrelas
Procurar meus olhos na imensidão do mar...

Poema de bom dia

Era uma manhã espetacular!
Perdi a hora e meus cabelos estavam ainda rebeldes...
Parei a ouvir as sensações do sol
Em minha cabeça turbilhões de informação
No fundo mais ao norte uma luz piscava
Uma voz sussurrava "vá devagar"
Não entendia a solicitação, era sem sentido
Caminhei rumo afora, e num canto da aurora
Um sorriso quase despercebido sem segundas intenções!
Me tomou desprevenido quase que sem querer ser sentido
Era como se Deus aprovasse minha estrada...
Aprovasse minha vida nos lábios inocentes daquela menina
Naquele gesto de bom dia que chegou ao meu coração...

Se fosse

Fosse o que fosse... acertei
Na veia da tua indecisão... mesmo distante
Aquela tua ilusão... tudo acaba bem... se vai
Mundo afora meu carro acelero fundo
Buscando nos túneis a adrenalina escondida
Em sonhos e "déjà vus"
São flashes que me afligem o ego
Meus olhos se perdem pelas estradas
Meu carro brilha como estrela... se evapora
Na escuridão, os faróis em chamas
Tua lembrança no sangue... sangue verde
Miscível ao desejo de enfiar-te o corpo na concha
Fechar-te os olhos pelas sensações inebriantes
E calar-te pelo cansaço de teu doce corpo...
Fosse o que fosse tu estarias certa... exagerei...
Se fosse assim tão real... seria tão mais ausente...
O carro exarcebado naquela via sem fim... se matando
A crista do tempo cortada pelo estopim
E o zunido em nossa cabeça... entrevados...

Dias místicos

Num dia na semana te ver
No outro em casa pensar
Na vida no eterno fenecer
Dentro dos mundos estar
Bem visto bem feito!
Com um beijo enlouquecer
Se virar e dar de frente, ficar!
Em casa, na rua num angar!
Aviões despencando, saturando
O céu, a corja de feras
Todos os sonhos que ousas sonhar
Que quando de novo te enfrentar
Não darei chances pra escapar
Da feroz ira do meu desejo!
Da fração de segundo que me espalha
Pro lado negro dos olhos meus
Pro lado sutural de tua nuvem
Sombreando toda vida, todo ser
Que desejando ousas me endoidecer...

Retorno

Corre em minhas veias um sangue quente
Fervendo meu hálito escorrendo entre os dentes
A furiosa gana de saber que tenho que voltar
Pra onde? Queria muito saber
Mas só sei que tenho que voltar
Pelo tempo que leva uma hora andar, me perco
Saio da rota e desvencilhado queimo minha chance
Meu sangue ainda escorre pelos dentes
Cato tudo pelo chão e esmago a injúria
Ir na praia e avistar os barcos
Vão todos para o mesmo lugar!!!
Ainda não é aqui... ainda não é dia aqui...
O dia claro que promulga a noite infinda
Meus olhos cerrados como varão na caça
Minhas pegadas demarcando meu trajeto
E tudo girando, tudo esmaecendo sem sentido
Por que já é hora de voltar... para o fim...

Ser-humano

Vivo, logo penso, não sei se existo
Mas resisto, enfrento o tempo, não sei se corro
Pelos tempos, já devia ter mudado
O teu nome, tua casa, tua estrada
O ser-humano não se esconde e leva tapa
Da natureza, da presteza do saber divino
Ser humano não é deixar tudo pra trás
Quando na praia não me cerco a ouvir tua voz
Cacos aqui, trapos por lá, natureza por si
Ser-humano, quanta coisa tu te desprendes
As vestes do teu corpo vão ficando para cá
As latas da boca, os papéis dos olhos
Enfim cada pedaço de ti!
Ser humano não é deixar tudo pra trás
É demonstrar presteza com quem te ama!
É recolher cada pedaço que te dana
Pelas praias teu rastro acho fácil
Tá no pedaço de tudo que não quis pra si
Penso, logo vivo, não sei se quero
Ficar aqui, parado a questionar
O mundo, tua vida, teu revés!
Vou sacodir a poeira, me limpar...
Olhar teus olhos, outra vez me perguntar
Ser humano é deixar tudo pra trás?

Mensageiro dos Ventos

Cinco dedos em minhas mãos...
Cada um uma certeza
Para cada qual uma função
As direções que percorrem os ventos
A mão fechada... ansiedade...
A mão aberta... até logo!
Numa roda gigante fabricada pelas mãos
O anúncio dos ventos que estão próximos...
Mudanças
Um jeito tímido de mostrar a andança
Pro lado que se vai longe...
As cores com que pronunciou seu coração
Em cada traço dos passos que sondou
Em cada pingo de cola que soldou
Cada peça de enlaço... de regaço
Ali pendurado meio sem vida
Um dia parado... rescaldo do verão que já ficou
Ali pendurado servindo de vida
Pra casa que ora só se deita em sono
Pro véu que ora sem dó lhe apurrinha
Com respaldos das vidas alheias... das rãs
Que ao fazerem suspirar as mazelas do dia findo!
Acordam sua noite pro sol nos olhos a procurar
O que se foi... o que não está mais
O que fora bem verdade... uma passagem sem fim...
Pra vida que se acende e apaga num instante
Pros cinco dedos em sua mão! A esquerda
Vazia e fria a soluçar a noite inteira a teia
Da vida entremeada... do incerto entrecortado
Dos mistérios mal contados, que rondam meu coração...

Ríspido

A noite fria, os olhos quentes
A solidão ausente,
O que move este coração errante
Teus olhos úmidos, tua verdade crente
Na verdade que se seguiu, duas luzes
Brilhavam dentro de minha mão
E a vontade de te tocar o corpo
Tilintar meus dedos por teus sinos
Dar-te loucura nos lábios
E dúvida no coração... o fim
Na noite clara as obras de arte brilhavam
Teus olhos brilharam determinando o azimute
Entre as auras que se seguiam
A trilha bem ao longe delineando o horizonte
Minha cabeça tão distante quanto tua boca
Na noite que se seguiu em silêncio
Na madrugada que se seguiu ausente...
Meu corpo todo quente em frio
Teu corpo tão suave qual brio
Fértil flor com o corpo ardente!
Não me redime ao desejo... um beijo
Um simples ato e sumo com minha mente...
Meu coração...

Páscoa

Dentre os gestos esquecidos pelo ser
Tua voz anunciava uma lembrança
Teu olhar preservava a amizade
E o sol brilhava apenas por uma Verdade!
Em meu denso mundo a vida recalcava
O que todo olor busca enfim
Um suspiro agradável ao fechar os olhos
Tua mão a estender algo simples
Que fora preparado com carinho!
Minhas mãos sujas recebendo algo doce
Um olhar, uma espada... uma decisão...
Dentro e fora do que este mundo me propõe
Mistérios que se escondem
Em ovos de Páscoa! É a vida que nasce
Nasce o que tu te propõe a ser!
Vida! Viva e siga sem saber
O que vai aqui dentro quando vejo pessoas!
Quando vejo gente assim... a devanear minha mente!
Vida! Algo tão grandioso e simples
Que se confunde com o que pensamos
Do amor e do bem, do que fazemos por amar
O que vem do sol, meu corpo recebe e doura!
O que vem da lua minhas mãos recebem e escrevem...
O que vem de mistérios minha mente recebe e cria!
O que faço não pertence a ninguém... pertence ao tempo...

Corações

Corações partidos... o que fazemos!
Sentidos sentidos mínguos e findos
O amor que por ti sinto é início!
Não temas... te quero sempre!
Saudades são saudades... não minto...
Ilusões e desilusões são sempre os mesmos
Sentidos frios, cacos espalhados... olhos fechados
Bocas caladas pra sempre ou quase ao fim de tudo
Ainda te amo... como se fosse hoje, o nosso coração
Como se fosse amanhã que ontem já te amei...
Não temas, sorria! Que te quero pra sempre
Corações são corações e não mentem... sentem
Sentidos que os trazem ao breu da fria verdade...
Mas te amo! E penso em flores quando te quero
O sensual perfume... a derradeira palpada no doce
Doce olhar que me atrai e me culpo se te faço chorar!
Não te mereço... o quanto te amo!
Mas corações são corações...
Sempre trazem mágoas que por vezes
São usurpadas para fora, maltrapilhas...
Sussurradas pelos cantos do mistério
Do que realmente é um coração...

O desejo

Escarnecendo da mira do teu zelo
Foi que percebi teu chegar ígnóbil
Veio assim tão sorrateiro...
Tua lembrança inda vem dócil
O cego ao léu deu-me chamas
Noutro lugar, noutra hora tua sina
Em camas quentes teu céu inflama
Como as pautas das insígnias
Em tua boca quase seca
Meu fel derramo incessante
Para que te lembres da deixa
Aquele dia, meu foco inebriante!
Tentando de tudo para esconder
Os lábios, os olhos, o escarro
Sumindo dentro em orvalho na boca que se queixa
Da falta, do gozo, da vil morada
Em fins de se fazer algo errado...
Nada houve que pudesse arremeter
Pra algum lugar donde víssemos
Areias e mares... são apenas lugares
Das volúpias tuas! De teus sabores
E que me fazem de louco... um apetrecho
Um adereço reciclável para a próxima lua...

Em busca de um coração

Nos ventos que vinham do sul vieram as lembranças
Nos ventos que voavam velozes vieram a frieza
Deixados pra trás o azul do céu, do mar... da imensidão!
Enfim chegou o dia! O grande dia da redenção!
Numa outra ocasião meus olhos cerraram... escureceram...
Vi meu filho dormindo... pedindo por meus carinhos!
Eu estava ali pra tudo... pra hora do adeus!
E vi minhas mãos buscando o infinito... os caminhos!
Não mais queria ser como os ateus...
Nas ruas falavam em destruição... em casos roucos...
E numa longínqua terra... distante daqui, meu coração...
Foi se perder e morrer... subtrair da mente...
A feliz maneira de ganhar sua atenção...

Do lado sul de minha vida X

A décima parte do que se cumpre... a promessa...
Insana e vil... mortal... pecadora...
A décima vez em que um olhar se cruza
Com o nada... a incerteza... o céu escuro...
Na décima noite de susto! um mito vivo... a existência do irreal...
Décimo surreal apetrecho... um poema sem sentido...
E na décima parte daquela conversa... aquelas palavras imedidas...
Fizeram de meus poemas escravos! de teu olhar...
De tudo que é vida e que não sei rimar...
Nem sei ao menos amar... tamanha indiferença...
Foge com os olhos da mesa ao lado... se põe a nadar
Na décima hora do dia diz BOM DIA! e some no mundo...
Na décima vez minhas palavras já são passageiras...
Só está longe o décimo ano... o décimo beijo... naquele sonho...
Era de noite e os planetas estavam frios...
Quente somente o sol com suas lampejantes ruínas!
A décima e última... o morto cem... a morta promessa...
Nos finalmente... não compensa a lida... o lido que não se vê...
Nem se ouve...
Foi bom assim... melhor o fim... do que nem começou...

Do Saber!

Do saber pouco sei, pouco vivi
Na ânsia de querer, lhe esqueci...
E vivi como o nascer! De novo cresci...
E antes que eu me meta... lhe amei!
E se ainda lhe amo... domo o saber...
De que se sei que estou do seu lado
Nada mais me falta... senão o viver!
Que quando me olho no espelho vejo o mundo
Que por trás das cortinas de fogo sofre...
De ganância... de fome... de guerra e poder...
Do saber nada sabemos... não somos sábios!
Pois sábio é todo aquele que acorda sem saber...
Que a vida pouco passa... a morte é sim verdadeira...
Todo sábio se entende na dor... no amor...
Pois amar é ter sempre a exatidão do outro...
Quando nada mais... nada... parece enfim crescer...

Renascer

Na noite fria e estranha
Mais que tento ser feliz
Algo está entre o que entranha e assanha
Feliz se vai!
Triste se apanha
Da vida do ar do mar!
De tudo o que me arranha
E a vida doce vai!
Para o lugar onde se ganha...
A feliz idade! o feliz beijo!
Que é tudo que quero lhe dar!
Todo dia e cada dia!
Mais e mais quero lhe amar!
Como se fosse ontem o que aconteceu...
Aquele beijo... o primeiro... que hoje enfim...
Não parece, mas de novo nasceu!!!

Do lado sul de minha vida IX

No canto da parede... aquela sombra
Aquele cabelo esvoaçante me domando...
De longe... você agora fica de longe...
Talvez medo... talvez orgulho...
Eu que não consigo lhe esquecer, pareço um bobo
Corro daqui prá lá e nada há lá
Corro de lá pra cá, mas meu coração não vem junto!
Lá no sul... naquela praia você iria me encontrar
Lá no norte, naquele cais... eu preferi me encontrar...
Talvez no cem... aquele beijo eu vá encontrar!
Talvez ontem... eu contigo devia estar... mas frio!
O frio do sul... o calor do norte!
É tudo o que eu posso lhe contar...

Caminhos

Os caminhos estreitos estreitam ainda mais a proximidade com que sinto o pulsar de tuas veias contra meu peito. Teu coração às vezes em que o sol vai já alto embora, toca tão intensamente minha furiosa vontade de ter-te que tendo-te transformo minha viril e túrgida constância em céu e mar num só ato, tão intenso e longo que me perco com os olhos saltados nas costas...

Do lado sul de minha vida VIII

Na manhã do seu retorno... os ventos do sul
Na manhã daquele seu olhar... o ar frio do sul
Nas praias do mar sem fim... no Norte talvez...
Seu olhar deu-me uma intensa nostalgia
Queria esquecer que lhe falei... lhe ouvi... lhe amei...
Mas apenas querer esquecer não é suficiente
É preciso que eu me perca e me ache!
Torne minha vida suscetível aos seus atos!
Quando você deu uma prévia de canto de olhos...
Loucamente me fechei... dei-me um tapa e me calei...
Na estrada você estava sozinha... ouvindo um blues
Pensava em mim e regressava ao passado!
E se me achasse antes de tudo! Antes dos fatos...
Só sonho revela o real... a virtude de buscar o que se acredita...
Não acredito em nada talvez,
Mas busco tudo quanto me apraz
Seu olhar... sua fonte de vida! seu perfume... seu corpo...
Minha vida e minha esperança... seu corpo em chamas...
No lado sul você descansa... recita meu poema para si!
Para o mar e para o ar... querer amar... não basta...

E se eu não te encontrar?

E se na hora h algo falhar?
Tu não te preocupas... estás tão longe!
E se não te encontrar... como me prometeste!
Em tua perfeição avistei minhas vulneráveis nuances...
Meu coração aflito cortando os ventos
Para avançar mais rápido e mais rápido!!!
Teu coração... onde está tu?!
Se necessito de tua voz me elogiando!
Se necessito de tua mão me acariciando...
Se necessito de teu olhar me vigiando!
Onde está?!!
Um dia acordei e pensei bem...
Não era por aqui que devia estar a caminhar...
Mas já era tarde demais... adeus...
Um dia tu me vens e soletra a dor!
Noutro foge e me deixa o amor!
No último dia tu retornas
E me embalsama com teu frescor...

Na mira do tempo!

Na mira do tempo o vento
O seu relento no espaço adentro
É quando me sento na varanda
Tudo parece ir meio lento
A furiosa arca dos bichos mar por dentro
Navegando e estancando ao relento
Crú tempo e frio vento!
Queimando-me por dentro!
Causas e releios ao nosso tempo
De quando era pura imagem o nosso rebento
Agora paro e penso, mais que tento
Amar e ter um coração repleto
De boas histórias, de quente assento
Que quando eu me for, serei mais um
A derraderar pelo vão do inatingível tempo...

Perdida...

Nos dias de morte, a vida me persegue...
E se eu jogasse aquele teu olhar lindo pela janela?
Tuas nuances não seriam tão apreciadas...
Que quando me pego refletindo tua aura, tudo se esvai
Pela onda do tempo, pela corrida das ondas; quem chega primeiro?
Nos dias de vida, a morte me persegue
E se eu atirasse teu olhar pra cima de mim?
Tu não terias tempo de respirar... ficarías ofegante
Ficarías sufocada com minhas mãos a te deliciar
Tu gostarías? não sei... simplesmente não sou seu...
Naquela lua perdida de anos e anos luz atrás
Lá estavas tu... radiante! com certo grau de pureza inda...
E onde está o teu coração hoje... onde foste te perder?
Não sei... nem gostaria de saber talvez... você se foi assim...
Num dia destes e tão logo se perdeu! se arrependeu...

Os olhos teus...

Ah! se o sol tivesse o mesmo brilho dos olhos teus
Ah! se tivesse a mesma luz do olhar que trazes na face
O mesmo cintilante olhos do céu que banhas tua tez
E que traz o desejo ao meu coração de tocar-te em nudez
Ah! se a verdade fosse fácil de dizer, provar e calar!
Se na verdade fosse somente um espúrio de momento
Na cabeça minha nada pode ser tão ao relento...
O aconchego de um lugar, para enfim poder te provar
Ah! se a lua trouxesse no brilho o reflexo deste mesmo sol!
Numa noite inesquecível sobre nós o imenso céu!
Te imitando na cor e no olor como espelho reluzente
Eu abriria bem lentamente meus olhos e tua boca
E colocaria em teu coração toda a leveza de minha mente...

A busca

Faço coisas e penso se faço realmente
Se digo algo, vem o céu e pune
Sinto as chamas do meu corpo friamente
Se afinando no corredor do que é impune
Um coração que vaga sem sentir não tem sentido
É como um pássaro que voa sem planar
Lá no alto quando chego observo
A terra, o mar, os humanos... a desmentira
Daquilo que foi seu coração... me restam os dedos
Nostalgicos buscando forças!
Penso nas crianças e em como é tão bom!
Acordar e beijar a tez serena... d'um pingo...
De gente que vai crescer e me chamar de PAI!
Sigo aqui... e chego ali... onde você está...
Vou assim... e volto a mim... onde estou...
Num arranha céu... na vida buscando mel...
Dentro de mim... buscando... eu...

Do lado sul de minha vida VII

Caminhos estranhos e incertos
Na verdade que soma minha vida
Um desejo imenso de saber!
O que move na verdade este poeta
Se no sul algo há que o apeteça
Aqui no norte nada faz com que esmoreça
Aquela surda voz de sua vida
Noutra insana luta pelo amor!
No lado sul da praia você ainda se espreita
Olha esgueira e priva do calor
Meu corpo... minha luz! minha simples vontade...
De na tez serena lhe beijar...

Do lado sul de minha vida VI

A chuva vem do alto e seca
A força que os humanos não querem!
Se noutra esperança houvesse outra época
Minha verdade seria dita pelo quando você vem
Se no sul meu corpo fosse se perder
Eu ficaria aqui parado
Com meu coração pasmo
Não poderia contigo ir viver!
Se no sul houvesse somente um beijo
Uma vil sensação da maciez carnuda
Meu coração talvez se balançasse
E sumiria pela estrada afora procurando
Uma flor, um perfume, um sabor...

Do lado sul de minha vida V

Manhã de sol, tarde de sul
Noite de norte, sono azul...
Abraço de manhã, sonho de metal
Um beijo de maçã, macio como tal
Sul para esperança... de ver e viver
Que mais pode esperar... o cego...
... senão a verdade da boca de quem o ajuda!
Do sul o vento já sopra sereno! tal qual brasa
Que se apaga lentamente... inicia a queima demorada
Joga-se água e vem a tempestade!
Você a alimenta... daí do sul da praia... do ar...
Duvida? Então um pequeno abraço...

Do lado sul de minha vida IV

No coro seleto da estrada
Uma vida, um coração e uma chegada
Se a vida me diz: vai embora! digo fico, erro e aprendo
Sigo rindo, me apego, me largo! na estrada, no fim, no seu olhar
Num instante uma luz e dor
Uma noção da flor, do que me espera
Se n'alma teima, seu corpo quente vem e seca
Sua boca aflige, minha boca, meu peito, meu til olor
Do lado do sul o ser!
A verdade que teima transparecer
Do que foi passado e hoje vive sem saber!
Que por um beijo vai longe todo o meu fenecer...

Do lado sul de minha vida III

Cai pelas horas um certo lúcido
Pessoas maltratando pessoas
Do sul um som surdo!
O som de alguém resistivo! resistiva!
Nas ruas passos de descaso...
Um ser prurido... de tanta dor!
No sul aquele olhar suave... um amor!
Mas aquelas pessoas nas ruas! sujas...
Nem o mais belo dos poemas...
Pra lhe tirar da dor imensa
Nem a mais bela das palavras!
Para dizer-lhe... tenha esperança!!
No sul ainda... um sentido... uma breve luz
Do que foi dias atrás... e será... será?
Talvez o tempo... nu... cru... rasgado e túrgido...
Vai me tirar o sono... a procurar-lhe!
Sem saber do sul... do sol... do sal do mar!
Apenas quero voltar e dormir... sentindo...
Sua respiração densa e quente... úmida...
As pessoas da rua estão em minha mente...
Passam fome... por quê eu preciso passar fome?! pensam...
Passo longe de você a fome que tenho de você...
Engulo uma farinha miúda... sem graça... mas saborosa nos lábios
Pessoas passam isto... passamos aquilo... o tempo vai passando
Quê mais vai voltando? do sul?

Do lado sul de minha vida II

O poeta começa assim observando uma ave
Um pássaro que voa raso
Vem à janela do ser e da alma e rasga
O verbo contra o tempo, os homens a multidão!
Do lado sul, nas praias, no além mar
Há o cheiro, a força o frio relento
E de toda a provisão de bens, esquece-se o amar...
Resta a vida, uma gota daquela água benta!
Que assim, o poeta vai longe, se perde
Na imensidão do nada... sem rumo... ao norte!!
Como uma ave deixando seu ninho, voa raso ao sul!
Como uma pena que se perdeu da ave... um coração...
... sem nada... caindo... olhando ela... dormindo...

Do lado sul de minha vida I

Daquele lado da montanha
Perto do mar e do vento de sul
Lá no alto onde descansa
O olhar terno e todo azul!
Daquele lado de minha vida
Onde não há dia nem hora
É às vezes escuro e frio
Seu calor ainda não trouxe afora
Para o lado oeste onde se deita!
Os olhos cerrados na espreita
A ventosa do coração pulsante!
À espera deste poeta errante...

O querer

Naquela tarde, sol de meio-dia
A imagem de sua voz!
Um zunido no fundo de meu coração...
A beleza aliada à suavidade
"Como vai..."
Não vai, já foi... é esperança...
Você quis assim...
E o ar que respiramos... é essencial!
Vejo você! Assim como respiro...
A lembrança doce daquela sua voz...
Questões e palavras quaisquer, mas a voz!
Como quando na cama... minhas mãos tocando
O coração... a boca... o ardor dos gritos!
As costas nuas... o sabor em prazer!
Enfim o arrepio... provocado pelo poeta...
Ainda insano e intálo! Réptil no átrio!
Devorando meu oxigênio...
Mas a ver-lhe sou todo força!
E somente quero dar-lhe prazer... somente isso...
Querer bem... o bem querer de se querer alguém...

Ontem

Ontem digo coisas e não penso!
Que o amor n'alma vem e sacrifica
O que o peso do coração teima e não faz
Amar demais, sem amar o que o satisfaz
Faço coisas e vamos aonde?
Pro céu numa nuvem, ou nada...
Se lhe olho... logo sinto...
Se lhe vejo... logo amo!
Ontem foi assim e será sempre assim
Um dia incerto... uma ilusão mal formada
Que quando você souber muito farei!
De seu corpo precisarei...
Para massagear a alma nua!
O seu jovem corpo debaixo da intensa lua!
Simples assim... como foi ontem!
Amar e amar... como foi ontem!

Start over!

I give up of my life!
I don't do nothing right...
Every other day I think in my dreams
But I can't do nothing
I see a flower in the garden and close my eyes
Cause I need that she talk!
And she doesn't talk
She waits for me...
She always gonna be waiting
And I... So I always will be wait a sign
And signs don't do miracles
They seems to us and make us believe
Believe bardo!
Believe...
Believe that you can broke in sometime of your life
And begin again...

O fim...

Foi naquela manhã
Os seus olhos fixos e intensos
Eu me perdia em cada momento
Minhas mãos tremiam
Intenso e suave... o seu cheiro me sacudia
Era de música que se tratava...
Mas meu coração não sabia
Olhos nos olhos e pronto
Sua alma toda pra mim... seu cheiro
Desejo você... sua boca... seu suor
Como se fossem uma só razão
A de que a emoção não se cala
E a sensibilidade não é unânime
Sou todo coração!
Preparando-me para dar-lhe um adeus!
Logo mais... que você se for...

O frio tempo

"Há muita gente"
"Não há não..."
"Há sim...
Estão devorando o tempo
Como numa pintura...
Não te acho"
"Estou aqui"
"Talvez eu tenha perdido minha visão
Você deve estar l o n g e . . ."
"O que houve com sua voz
O que se ouve daqui"
"Nada que não queira...
Minha voz quer dizer-te! Estás linda hoje!"
"Ah"
"Onde tu estás?...
Não vejo tua casa nem teus olhos..."
"Estou . . ."
O poeta foi pra casa
Sua roupa estava diferente
O ar que respirava gemia
E a sua volta nada era reluzente
Ela sumira como num conto
E a pintura devorando o tempo...
E estas mãos coradas do teu escarço!
Fez-me saber que nada é mais que o vento
Nada... nem mesmo o algoz relento
Daquele teu belo coração!

Pedido...

Na noite triste
Uma mulher esgueira me pediu um cobertor
Em minha casa
Senti a falta do mundo e do amor!
Havia uma criança chorando
A falta de sua mãe que na rua andava
Pedia e era sempre chutada
As pessoas não compreendiam
Era Deus quem as pedia!
Ajudai povo!
E na manhã seguinte observei o jardim
De lá florescia um jasmim...
Um perfume suave dominou o ar
Ah que vontade de chorar!
E contar-lhe os anseios por que passo...
E penso naquela mulher solitária...
Pedindo para assim prover
O que seus filhos necessitam...
E eu assim me sinto pequeno
Com tantas coisas grandiosas por me acontecer...
Morro...

Ô meu sol...

Hoje vi o sol brilhante como a lua
Em certos olhos avistei a suave luz
E como se o mar virasse o ar, respirei
E como se tudo fosse nada, feliz vaguei
Pra onde foi o sol?
Pra onde foi o mar?
Nada mais eu vejo, do que vi tempos atrás
Foi hoje, vi o sol
Em vestes luminosas cheirando a jasmim
Toda rude, nem olhou pra mim
Se virou e deu no pé,
Veio a loucura
E me tirou do sono, deu-me fé!
Acredite!!! Ela vai ser sua...

O desejo

No futuro aquele beijo
Guardado dentro de mim
Não será também um jeito
De trazer-te um dia enfim
Para perto de outros ares
Pelo adentro mar sem fim
Para a sombra dos lugares
Que nasceram para mim
Não percas tempo de saber
O que move este incrédulo
Tente sentar-te e deixe o ser
Tocar-te a tez nua, crua e pura
Que quando o sol for já no alto
Então os olhos eu fecharei!
Para que a noite nos aperceba
E então de amor eu morrerei...

O tempo avesso

O tempo é um universo misto
É como a vida que se esvai
Nada mais que um visto
De Deus e que a gente não chama: Pai!
O tempo é um pedaço do céu
Que se vai longe de nossa vista
É como uma pêra suculenta
Dana-nos a sensação mista
O tempo é uma mistura de tudo
Do próprio tempo, do amor e da vida...
Daquela coisa que mexe no nosso ser
Da alma e do doce e suave amanhacer...
O tempo é um pedaço de mim
Pois faço do meu tempo versos
Transformo-o em canção!
Apenas para ver o meu avesso...

Na manhã

Um brilho estranho
Meu coração estranho
Um olhar penetrante... despindo-se
Palavras quaisquer que fossem
Eu não prestava atenção...
Via somente seus lábios
E desejava-os!
Palavras foram esquecidas
O que você me alertou mesmo?
Não importa...
Seus olhos sorrindo valeram mais...

Desejo...

De manhã o teu cheiro me invadiu
Ouvi teus suaves gritos da finda noite
Fui levado em transe ao teu olhar
Que ainda com medo sondava meu mar
Se com graça teu andar me encanta
Tu encantas também a luz
Que com prazer tens tua vida
Sob a claridade do poente raro
Entendestes que algo quero
E por isso tira os olhos e foge!
Pra bem longe para não te apaixonares
Por um poeta insano e quente...
Na fervura desta louca vida
Tentando sempre não te desejar...
...o beijo ardente...

Nosso lar

Ouviu-se o grito!
A menina saiu correndo
Todos fizeram silêncio na casa
Deu meia-noite e nada
Nem um suspiro
Nenhum caso veio à tona
Todos decidiram correr
E disputaram a frente
Mas o grito novamente!
Pararam e olharam pra trás
Era um abismo, corredeira
O menino ainda chorava
Ela apertou minha mão
... e rezamos ...
Pedimos proteção
Dormimos então
O menino ficou tranquilo
E sonhou com o paraíso
Sua casa
Nosso lar...

Manhã

Os teus olhos de manhã
Tua boca se abrindo
"Bom dia"
Foi tudo que eu ouvi e vi
Era uma cena de choro
Um sorriso vindo de dentro do abismo
As crianças sabem o que fazem
Nos embolam com carinho
Mas ainda hoje de manhã
Teus olhos, de mulher serena
"Bom dia!"
Foi tudo que eu ouvi e vi
Fechei os olhos e pensei
Bom dia pra ti também
...

O amanhã

Vejo sim o sol
Queima como o gelo
Os seus olhos
No momento da fúria...
... se esqueceram
Agora vago
Corro e chego em frente
Vou só
Tão só quanto a águia no poente
Era tarde
Tudo estava quieto
Menos este coração ardente
Na cama estava só
Alguém dormia serena
Era ilusão
Apenas uma nítida sensação
De que tudo se transforma
Tudo volta e recomeça
Coração
Algo que não sei explicar
Tenta me convencer
Que o melhor sim é amar
Só não sei o quanto dura o amanhecer
Para vermos a luta de viver
Ser tão real e verdadeira
Quanto o carinho que sentimos
Um dia, um sol, apenas um momento
E tudo vem a favor...

Abismo

Onde! Onde!
Não te vejo
Noutro canto tu estarias
Mas me perdi...
Onde! Onde!
Quem fala do outro lado do muro?
Como eu poderia te esquecer
Meu amor... não!!!
Não fique, vá!
Não te vá! Fique...
Não sei não... quero!
Beije-me! Beije-me...
Hummm... risos
O amor é bom, mas...
Tem o ... a...b...i...s...m...o...
...

Um estranho amor

E como se o céu desabasse
Eu dormia
A vida por si só nos contasse
Que chovia
No tempo de outrem notasse
Que nada sorria
Era o amor, apenas ele
Que movia
A vida, o ser, a esperança
Como um palito sustentando um elefante
Na boca crua de uma criança
É a vida assim serena
Trazendo paz e aventurança
Corre... fica... se vá!
Quem?
Assim está bom
Olho calado
Sua suavidade e beleza
Sua intangível beleza
O seu perfume adocicado
Da manhã e de orvalho
Fecho os olhos...
Durmo...
Sorria!
Vai...

Tempo

O tempo no relógio passa
Humanos reclamam do tempo
O tempo em miha vida é curta
Humanos reclamam do vento
O tempo para uma criança é longo
Humanos reclamam das brincadeiras
Vivemos intensamente o amanhã
Com sonhos e palavras ao ar
Esquecemos intensamente o hoje
Com conversas e anedotas dos outros
Viva e faça, tudo acontece
Viva e me veja, tudo passa
Deixe de lado o triste olhar
Dê a mim sua couraça
Que faço de sua suavidade
Ponto forte como vidraça
Os humanos não nos verão
E você sentirá prazer
Sua pele será tocada
Os olhos seus fecharão
A lua vai lhe encontrar
Quando as estrelas do céu
Não puder mais contar...

As luzes

Do armário o som surdo
O silêncio tomando meu ser
Luzes vão se apagando por onde passo
Derradeira é minha paixão
Que quando parece amanhecer
Me perco em sua escuridão
As silenciosas e densas matas
Vão me engolindo de prazer
Luzes apagadas, suor e casco
São minha fonte para jovem crescer
Meu corpo em cacos descansa
Sonha com sua vida
Desliza em todo fenecer
As portas se abriram, o encalço!
Pareço enfim morrer
E quando abro os olhos
As luzes novamente vão a se acender
Vejo seu corpo frágil, ali dormindo
Fecho os olhos e desejo
É a seu lado que quero permanecer

Um simples poema

Num instante uma estrela
Um cometa, um pedido
Uma cadente, o espaço, o nascente
Nada de escarço, apenas o repente
Tudo em um laço, até meu pente
Onde foi que larguei meu pente?
Não importa
Meus cabelos vão ao vento
Assim são modelados, como minha vida
Vão tomando espaço... do ar, do mar
Um simples dia
Uma simples vida
Um simples coração
Mas você me vem cansada
Choramingando estressada
Um dia é um dia
Amanhã só eu decido...
Mas amo amar-lhe
Amo estar assim
Como um simples poema
Escancarado aos sete ventos
Desmiuçando meu pobre coração

O saber

Conhecer no dia-a-dia no trabalho
Tirar de mim este modo falho
E tirar dos outros a opulência vasta
O conhecimento que me basta
Saber que muitos passam fome
Que meu saber poderia ser pelos outros
Me tranco, me espanco, me sigo
Pelas estradas do meu cérebro
Pela via das soluções do mundo
Um conhecimento só é pouco
Preciso dos olhos do mundo!
Preciso da abertura de mais olhares
De verdes palavras, longe os azuis lugares!
Meu saber me leva... conduz...
Pr'um lugar ainda estranho, mas que ficará gravado
Num lugar pra sempre... como aquele amor...
Que não esquecemos e utilizamos... nos dias tristes...

O tempo que se vai

O tempo que se vai indo
As promessas que vão ficando pra trás
Tudo bem, quase que findo
O que deixou meu coração
Os cabelos ao vento na imensidão
Do mar, do sul, da revelação
E quisera eu que os pássaros fossem vistos
Com olhares rumo ao norte!
Ai ai ai... quanta sorte... falta de luz
Plantei carvão, pintei a minha morte...
Se saio correndo, vôo longe
Longe do alcance da vida, do meu amor!
Vivo intenso... quase nulo... o contrário
Da beleza do saber... conhecer aquele beijo ardente
Que não me dera... que assim ficou no tempo ao vento!
Contando a história daquele dia... de goles... de gulas...
O seu olhar na frente... e minha mão em penas...

O canto do mar!

Ah... o mar esta manhã
Tão doce e fiel ao que vemos
Numa estrada caminhada por pés
Dos que trabalham por viver
Dos que vivem por trabalhar
Meus pés eu molhava no dia de lua
Naquele mar de Martins... na Prainha de luzinha
Eram ainda cinco horas da manhã
Minha raquete esperava pelo sinal... o início
A grande partida... com um grande amigo!
Os pés no mar... o sal no ar!
Meu coração aqui sereno
Sereno a divagar e vagar rumo ao nada...
E o nada é tudo... tudo que amo!
Que ponho na ponta dos meus dedos...
Os meus corações me esperando em casa
Para o meu beijo... minha vida!
Doces corações! Lindas canções!
E oro por todos aqueles que não sabem o que é isso...

Esperança

O que é poeta?
Não sei, as pessoas chamam de esperança
É só o tempo
Talvez o vento, rupturas
Mas, poeta!
O quê?
Declama pra mim
A esperança some de nossas vistas
E meu coração anda tão deseperado!
Bonito...
Ainda não acabei!!
Desculpe...
Minhas mãos estão procurando por algo no escuro
E não vejo meus olhos em seu espelho
Caminho deserto de mim
E me encho de sua terna sustância
É a esperança de lhe ver
Que me faz caminhar cego
É a esperança que não conheço
Apenas sinto
Pressinto e minto
É tudo uma visão deste pobre coração
É apenas um suspiro
É o amor querendo uma razão
Pronto
É...
É o quê?
Nada, dorme aqui comigo
Durmo
Tens um corpo quente
...ahã...
Ahhhh... uhhhhh
...tic... tac...
ACORDA POETA!!!!
O QUÊ?!?!?
...nada
tive medo...
Era só um sonho
Falta de esperança...

O alvo

A cor do céu da noite
A lua imitando seu brilho
A coisa que move meus sonhos
A alva cor dos seus olhos

A cor de sua solidão
Querendo me contar então
O quão feliz se sente
A espelhar um poeta demente

A cor verde da natureza
Nos traços quentes de sua beleza
Fazem-me querer estar presente
Junto à sua beleza ardente

O seu mistério é tão ingênuo
De tamanha beleza e atenção
Desmentem um poeta em desalinho
Fazem dele presa fácil deste seu coração

O bem sobre a verdade

Na verdade não há bem sem amor
Que tudo que cresce, sente e sabe seu valor
Como uma flor que se abre de manhã
Como uma canção que desponta num afã
O bem da verdade é que lhe amo
Mais que ao céu com seus pássaros!
Mais que ao mar com seu cheiro...
Mais que a mim com minha arrogância
O bem de tudo que é verdade está nas mãos
De quem me encanta e me inspira
Você com seu coração... sua paz!
Seu doce jeito de me revelar... seu coração...

O que vem!

O que vem é sempre novo
O que ficou é sempre lembrança
Dos tempos de criança
Da chuva refrescante
Dos seus olhos cantantes
Ah! Como era bom
Poder caminhar e seu cheiro sentir
Levantar os olhos e sua roupa despir
Enfim acordar e de novo inovar
Novo ano
Nova forma
Novo ser
Novas idéias
Doze meses para sonhar
De novo acreditar
Tudo pode ser diferente, novo
Novas roupas
Nossas velhas roupas novas
Novo beijo
Novo jeito de lhe beijar
De novo lhe amar
Feliz ano que entra
Querosempre contigo estar
Feliz vida meu amor
Quero contigo sempre amar
A vida, a luz, o dia, a noite
Novo ano e novo fôlego
O que vêm é novidade
É tudo o que podemos suportar...

Anormal

Anormal...
Andamos enterrados...
de dívidas... desesperos... solidões...
Quando me agarro à sua vida
me perco... embriago... enfim rio!
É que quando eu me lembro que vivo
me acho... lhe amo... não nego...
E quando você enfim me achar
sorria! disfarce! me veja!
Minha vida está normal...
anormal... só o meu coração...
É que quando me pego dormindo...
sinto o perfume... que permeia seu coração...
As pessoas pelas ruas me olham estranho
não ligo... buzinas... ai! quanta disfunção!
Quero me deitar no meio da avenida
dormir... cantar... morrer...
Pois quando você me olhou...
me deu razão... um novo amanhecer...

Estrondo

Que quando você notar
Eu estarei longe
Que quando você ligar
Eu estarei aflito
Que quando for tarde
Eu estarei dormindo
Que quando eu lhe ver
Um estrondo atormentará-me
Não notarei, nem ligarei
Estarei aflito e será tarde
Tentarei dormir e lhe ver
Você irá me estrondar e atormentar
Morrerei...

Desmentira

Um desvio, uma noção
O acaso tomando conta
Um atraso em meu coração
Minha vida ninguém conta
Uma luz, um caminho
Um erro, arrependimento
Uma luz, hora de lutar!
Desmenti, calei e ouvi
Era verdade, tudo verdade
E tudo que eu quis foi correr
Andar e sentar-me à luz
Não fui até o mar
Preferi voltar, contar estrelas
Você estava lá
Calei-me novamente
Só pude ouvir
Aquele som suave
Cantarolando o amor
Durmi, sonhei, lhe vi!
Acordei, sozinho me espantei
Enxuguei-me as lágrimas
Você sumiu, assim me amou
Logo se foi, entre nuvens e serenatas
Aqui estou, desmentiras e gostos
Apenas mar, o meu ar
Apenas o ar, o meu intenso mar

Soneto à busca

As luzes vão se apagando por onde passo
Dentro do meu peito a claridade se apaga
É a escuridão que vai tomando seu espaço
Um único fio de luz teima e não se cala

Minha vida oscila assim por entre o deserto
Às vezes penso que nada é coerente
Muitas as vezes penso que muito está perto
Longe apenas o meu coração poenteAh!

Como eu queria um coração nascente
Pra correr sempre na direção certa da luz
Estar entre os que sonham com firmeza

Caminhar por dentre as labaredas ardentes
De toda a esperança que brota dos seres vivos
E assim viver feliz e... simplesmente... viver feliz

Caminhos...

E antes que você se perca, eu me aprumo
Coloco uma gota de Deus em mim
e tudo volta ao normal
Meu coração volta a crescer e se multiplicar
Nossa vida anda a passos largos novamente
Uma vidinha vai surgindo e encantando
E os caminhos da vida e da alma vão se encontrando
E nossos caminhos vão por fim se modificando
Quanto mais tempo temos mais lhe amo
Um infinito corrente de nossas veias
Dispersa nosso sangue em nossa batalha
Venceremos!
Seremos grandes e pequenos, serviremos!
E nossos caminhos se cruzaram a tantos outros
Esta é a vida, nossa vida
Que o orgulho de poeta me faz imaginar
Tantos anos atrás, a lembrança da infância
Tantos anos à frente, quanta infância depende de nós!
Quantos caminhos a percorrer
E tanta gente pensando em morrer
Oremos por todos, amor!
Nenhum caminho irá se perder
Nenhuma alma ficará sem consolo
E nem nosso fruto se perderá
Terá o amor sincero e majestoso
Nosso príncipe caminhará sereno
Caminhará o caminho dos justos e certo
de que o sol irá brilhar novamente
Posso lhe dizer que seu sonho é minha vida
E nosso sonho é o caminho que escolhemos...

Calado

... que calado eu supere o silêncio...
... que em pânico... você me ensine a ter paciência...
E que nada mais precise da ciência...
... que eu me esqueça de viver... se assim deixar você nascer...
... que meu sim seja apenas de coração...
... que façamos nascer uma nova canção...
E que venham a nós banhados de compaixão...
... que nos perdoem o mau jeito...
... com as palavras e com o céu...
... que nos perdoem e dêem-nos uma paz amiga...
... que o coração esteja sempre quente...
E que saibamos nos amar... para todo o sempre...
... que você seja sempre minha... e seja sempre louca...
... pois é assim que eu lhe amo...
É assim que eu LHE AMO!

A poesia de quem nasce

Pra quem nasce é uma luta!
Um primeiro suspiro e engolfa uma mísera poluição
Mas não desista... vamos para o campo!
Ah... lá sim tem ar puro bebê
Vem com o papai...
Faltam alguns dias... eu vou melhorar o mundo pra você
Falta pouco... os seres humanos estão aprendendo
Viver é difícil... deixar os outros viver... mais ainda
Mas vem tranquilo nenem... eu vou lhe amar
Vou lhe filtrar o ar...
Vem tranquilo... eu vou lhe deixar viver
Dar-lhe a sensação de um novo amanhecer
Você sabe que eu já lhe amo
Que você faz parte do meu reino
Faz toda a diferença...
No meu modo de pensar!

Poesia

Que a poesia cresça como crescem as crianças!
Que meus sonhos sejam sempre eretos!
Que minha vida seja sempre certa...
Que os caminhos turvos sejam apenas furacões!
E que durem apenas um piscar de olhos...
Para que eu possa lhe amar tão intensamente...
... quanto as ondas do mar a quebrar as pedras!