Então foi assim
Espinho cutucou a árvore
Reclamou das raízes
Convenceu que era fraca
Disse sobre o tronco
Pesado sob a copa
Um fardo dispensável
A árvore pensou, pensou e pensou
Que poderia dividir-se
O espinho de novo
Com firmeza a cutucou
‘Lança mão das raízes
‘Ao tronco deixa-lhe secar
‘Deixe seu fruto apodrecer
‘Assim irá protestar
.
A árvore assim secou
Feliz com seu trabalho
Cada um teve seu destino
Pelo fardo que a fizeram carregar
Agora estava livre
Livre para poder ser mais leve
Chamou o espinho
Chamou e o espinho ignorou
A árvore nada entendeu
As raízes secas sob si
O tronco descascando em ruína
‘Ó espinho que me ajudastes
‘Por que comigo não falas?
‘Espere árvore querida
‘Logo chega sua saída
.
A pobre da árvore estava sentindo-se só
Sem raízes os ventos muito a balançavam
O tronco todo desfigurado
Era pelo tempo tragado
Mais uns meses sem vida
A árvore quase silenciosa
Sem folhas e sem visitas
Tinha apenas ao espinho
Ansioso para se livrar da vizinha
Firme a vigiar sua presa
Os espinhos nada tinham com a pobre
‘Chegou o grande dia, ó árvore querida
‘Ceifador já vem lhe buscar...
‘Mas oh’! E morreu...
E a espinheira enfim se libertou...