quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Redundâncias

Quando acha que acha que já foi longe
Não sabe que sabe que não é nada
Pensa que pensa em mim com força
E esquece que me esquece sempre só

E se vive bem ou vive mal isto depende
Do que sinto quando não sinto nada
Olha pro lado do lado do sol ardente
Nada vê e se vê é o que chamo saudade

Os olhos são olhos de pescados
Encobertos de gelo do gelo que me queima
São assim figuras como os figuras da noite
Não sabem de nada e nada fazem, é fria

E quando me sinto assim me sinto estranho
Quero voar e o pouso é pouso na mata
No estranho lugar que é lugar de ninguém
São as palavras que fogem das palavras
São fins onde começam estas sensações

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

É justo?

As últimas lembranças do seu rosto
Sua boca tocando o bebedouro de água
Num quarto, o seu quintal
Seus olhos querendo o que?
Destruir-me talvez...

As últimas lembranças de seu corpo
No mar se banhando com qualquer
Deixando uma fina brisa suavizar
Seu rosto, sua luz, seu coração

Últimos dias de espera... talvez
E talvez não haja nada mais que falar
Apenas observar um retrato seu
Um doce e inocente olhar
Um cavalo desconfiado, uma vaga visão

As últimas impressões do que se acerca
Do retrato então visto, da luz adorada!
Um poeta assim triste, uma vista pro lado
Noites quentes e você assim ausente... é justo?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

De um lado só da cama

Num dia o sol e a vontade de ver o céu
Algo estava entre isto e aquilo
Gosto de estar ao seu lado observando
As nuvens ligeiras e estreitas, promessas de chuva

Promessas de resfriarmos o que está fervendo
Causos e contos que nos destruiram
Promessas de andarmos em paz, você no volante
Eu dormindo só, sem nada mais por falar

Daqui paro numa esquina e vejo gente
Caminham distintas e distantes
Não sabem o que se passa do lado de cá, de nós
Apenas pleiteiam uma figura de sabedoria insensata

Mais difícil é observar o mar
E apenas imaginar-lhe a face dourada
Apenas esfriar-me com a noite repentina
Apenas dormir de um lado só da cama...