quinta-feira, 31 de maio de 2012

Juntos

Tantos anos te olhando
Tantas noites contigo sonhando
Nuns dias mais escrevendo
Noutros contando estes dias
Sua luz sobre mim, desde
Quando nos conhecemos...
Meu coração aflito, teu sim
Meu coração jubiloso, teu sim

Tantos anos e tantos por vir
Teu amor por mim, teu sim
Tua vida entrelaçada à minha
Qual dificuldade poderá vir?
Senão todas as que juntos enfrentamos
E nosso coração unido gerará outro
Ainda mais espelhado que nossos olhos
Quando nos vemos...

Tantos pormenores que nos completam
Felicidade em minha face em ver-te
Quando os dias que nos separam são longos
Sua foto me acompanha...
Tantos anos fazem desde que tomei teu coração
Não devolverei a menos que tu diga sim
Diante de todos que nos percebem
Diante Daquele que nos guia sob Tua luz

Nada pra mim

Vida chata
Calo morno
Rasgo ereto
Vida simples

Rodas alheias
Pernas bambas
Beijo largo
Mãos bobas

Vida passa
Gente cala
Rodeio maltrata
Beijos longos

Pernas bambas
Rodas vaporizadas
Céu claro
Noite escura

Foi assim
Nada pra mim
Mesmo instante
Olhos fechados

Foi assim
Nada pra mim
Seu coração
Ora distante

Mesmo assim
Nada pra mim
Nesta ilha
Neste coração

Nada assim
Respirando forte
Boca colada
Corpo atracado

O que eu quero

Quero por um instante ver humanos
Não as cascas duras pintadas na face
Quero neste instante me achar
Não mais esconder as palavras
Todos que estão na luta pairam
Sobre as verdades que se escondem
Nas mentiras que postulamos

Quero por um único momento
Observar aquela estrela cadente
Meu pedido que foi feito
Minha aura lançada ao mar
Quem achará? Um peixe?
Tão grande quanto a bestialidade do mundo
Postergando a falta de miséria

O que eu mais quero
Ver palavras lidas
Ter palavras repetidas
Cantar alto e estar mudo
Por que minhas coisas
Sem nenhum receio de causa
Podem ser suas, cante!

O que eu mais quero
Ter palavras lidas
Ver palavras repetidas
Silenciar alto!
Por que nada do que sou
Foi instantâneo
Senão aquela vontade de lhe ver

Quero então ver os humanos
Livres de suas maldições
Deixando a ganância
Trazendo para a Terra sua garra
Deixando a miséria
Trazendo sua barriga cheia de fome
Saindo cheia de alívio

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Longe

Preso numa corda esperando a noite
Intrigado também pelo sol
Mas as ações ficam obscuras
Escondidas pelas obrigações

Preso num redondo e sonoro balaustre
Apenas observando o movimento
Já é hora?
Ainda não, mas abra os olhos

Lá longe uma luz vem sorrateira
Os passos sutis com sua cria
Os olhos vão ao chão, prestando atenção
É isto e aquilo e aquilo outro, dizia a vozinha

Preso aqui neste recanto, mas feliz
A poesia às vezes trava a boca
Mas sente o perfume do que seria
Longe de si, longe de mim, longe daqui

terça-feira, 29 de maio de 2012

O desejo

Outro dia espero
Não demoro a ver
O que quero
Quero é ser

Antes de tudo cantar
Pra que minha vida
Simples e sem razão
Seja como o simples voar

Outro dia lhe vejo
Com sua face oculta
Sua beleza encantadora
Quero seu beijo!

Outro dia me calo
Aqui meio estranho
Sou assim vivo
Com meu corpo entrando

Nesta ala do seu coração
Neste seu lado, perversa,
De me ditar dias
De me deixar desejando...

Verdadeiro amor

Tempo de apenas mudar
Frutas caídas recolhidas
O tempo chegou, não há mais nada
O que podemos fazer de novo?

Esta tudo aqui a nos servir
A água, o papel, o lápis
A cabeça a mil reconhecendo
O terreno onde os pés se aventuram

Tempo de mudar o coração
Conhecer gente sedenta
Dos beijos esquecidos no armário
Das mãos suaves eletrizando o corpo

Tempo de ficar aqui
Findar os dias juntos
Conhecer melhor
Viver mais a rigor
Com lares alheios
Olhares fartos
Filhos fortes cada vez mais
Olhares afoitos
Você aqui na espera
Da primavera que quando vem
As flores enfeitam o caminho
Deste seu verdadeiro amor...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Resta o que?

Alguém me explique
Gente esperando gente
Não consigo perceber
Aqui estou parado
E só quero esquecer
Ritmo frenético deste desejo
Qual outra intenção
Bastava saber de tudo
Mas estava a saber de nada
Resta o que?
Todos os sons da terra?
Algum som real? Ou coração real?
Aqui percebo
Gente esperando gente
Já não espero mais
Já estou em paz
Sentindo apenas esta paz

Meus 30 versando

Qual dia mais especial
Enquanto espero pela vez
Cantar mais alto?
Ou poetizar calado

Qual dia mais encantador
Enquanto minha vez é estar
Aqui e pular os precipícios
Dos resquícios do que é escrever

Dia em que meu coração migra
Pra uma fase madura e alegre
Posso ver uns olhos felizes
E pensar que são os seus

Meu dia 29, mas é 30 e versando
Sobre minhas alucinações
Sobre as coisas que a escrita traduz
Neste dia nada mais quero pensar

Senão estar a observar-me
Com os dedos sobre as letras
Para tentar trazer-lhe em vida
Antes que a morte nos separe

terça-feira, 22 de maio de 2012

Na praia... em casa

Na praia arrastado pela onda
Pensei em tirar meu corpo de lá
Mas deixei o sol me pegar
Me deu um tombo, caí, demorei a ficar de pé

Na praia arrasado pela onda
O sol queimou minha boca
Olhei em você e pensei na solidão
Iluminei seu caminho neste instante

O seu sorriso me apareceu
A onda ficou pequena diante disto
Sua felicidade estampada em seu sorriso
Trazendo calma... do jeito que preciso

Na praia conhecendo os dias
Uns mais desajeitados que outros
Em casa a chuva balançando a vidraça
Seus olhos... onde? Me dê a mão!

Na calada da noite


Na calada da noite calo
Uma sombra esguia se eleva
Uns olhos metidos na cara
Um brilho suspenso pelo ar
As palavras fogem sem razão
O ar parece mais ávido
Por novas descobertas
Sua pisada fica ainda mais suave
Acompanhada do vento
Que remexe seus cabelos com encanto
Sento-me na espreita
Observo apenas sua sombra sob a lua
O que vem depois?
As pessoas pararam de se mover aí
Quando tudo foi-se
Embora para onde não podemos tocar
O corpo, a face, o coração

E ficar ali parado apenas olhando
Fez com que palpitasse
As íris que me sobressaíam quentes
Naquele momento
Naquela hora sem razão

Na calada daquela noite
Enya rebentava sem parar
Uns olhos dormindo
Um brilho refletido pela pele                    
Palavras ficando mudas
O ar mais suave e rígido
Com as novas descobertas
Seu corpo deitado descansando
Sentei-me à espreita
O coração condenou-me
As pessoas pararam ali
Quanto tudo se aquietou
Embora houvesse barulho
Mas era do mar a rebentar as pedras

domingo, 20 de maio de 2012

Batendo asas

Eu queria ser um pássaro e planar
No alto e poder descobrir os atritos
Que nos regem aqui nesta terra
Entender como o vento nos leva livres

Eu queria ser um pássaro e poder migrar
Para onde o início não signifique quebra
Onde a vida possa ser soprada com verdades
Um lugar onde bater as asas seja
Como um beijo lançado ao ar, simples

Eu queria transformar-me num pássaro
Por entre as nuvens observar a humanidade
E suas maldades, minhas maldades
Em tentar entender como a vida segue...
Por que os caminhos são tortuosos
E porque às vezes as desavenças são tão estúpidas

Eu queria poder bater as asas do meu coração
E como o vento visitar as nuvens brancas
Assim transformar minha visão e a alma
Escrever coisas mais suaves e às vezes vis
Voar enfim... e em paz...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Falso

Posso passar por várias nuances
"Eu amo você" pode parecer
Vago o suficiente para prestar
Ainda assim estarei aqui esperando
Pelo seu melhor... pelo meu melhor

Posso até me esquecer dos dias sãos
Mas não esquecerei da paixão
Estar tão apaixonada assim pode mudar
A forma com que vejo minhas palavras
A forma com que moldo minhas palavras

Num instante assim meio distraído
Eu até esqueceria de você, mas
Tentar ser alguém com paixão
Sem ao menos saber a quem vai ou porque
Traria meu melhor de volta aos trilhos

Consigo perceber o que se passa
Nos momentos dispersivos e instigantes
Quando leio palavras suas, misturadas
A tudo o que possa ser banal...
Sobressai daí uma fina sustância
Apaixonado fico... estarrecido permaneço

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O sol de hoje

Onde encontro minhas respostas?
As perguntas que ainda não fiz
Onde encontro este sol de hoje?
Os dias que ainda não vivi...
Quero libertar-me e assim ficar
Próximo do seu coração e aquietar

Onde encontro estes desejos?
Fazem destroçar-me por dentro
E ao juntar os cacos, não há nada
Nada que possa ser aproveitado
Quero libertar-me destas correntes!
Ficar próximo de você e dançar

As respostas não satisfazem-me
São talvez os entraves que machucam
Por que nas horas de sono, sonho
Que liberto fui
Que os acordes estão em sintonia
Com os dedos que tocam as cordas

Fica mais uma década!
Ou esconda-se como o sol à lua
Fica mais um século!
Ou vá-se embora e deixa este sol
Louco brilhando
Estranho mastigando
Esta alma e este corpo
Por que a verdade dói se cantada
E corrói se queimada debaixo da lua de hoje

terça-feira, 15 de maio de 2012

Inspiração

Uma conversa um papo um dia
O que sai de mim parece vil
Um pai buscando o filho triste
Perdeu-se na selva de pedra, poesia

Uma conversa uma jogada nos cabelos
Um olhar e o desabamento do amor

Uma passada, o perfume, o cheiro
No ar neste sentido, nesta ausência
O que inspira? Cantar a música certa?
Estar ali apenas pelo acaso... certo

Uma conversa no dia certo sem crise
Um olhar meigo, sagaz e sem intenções

Mas ali esta um motivo... escrever?
Não posso dizer, queria lhe beijar
Trocar o dia pela noite
Tomar algo quente, abraçar e deitar

Uma conversa na noite, o violão a rajar
Uma voz doce... triste a cantar

Esta tudo ali sem que haja motivo
Não posso dizer assim... sou assim
Os olhos seus, o jeito seu
É o que me faz inspirar... palavras...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desfiladeiro

Cala calo ouça escuto
Não quero mais
Ouça calo escuta cala
Não posso mais

Pensa penso demais de menos
Não calo mais
Demais penso de menos pensa
Não escuto mais

Cala pensa escute ouça
Não faço mais
Pensa cala demais demais
Não fico mais

Então vá não posso mais
Calo cala penso silêncio
Então tá é demais de menos
Cala escute a porta... lá

O tempo

Tic tac
Rola o tempo da criança
Tic tac
É o tempo de esperança
Do relógio que não para
É tempo de andanças

Tic tac
Rola o tempo do menino
Tic tac
É o tempo de zunidos
Do relógio que acelera
Quero crescer e ver a Terra

Tic tac
Rola o tempo adolescente
Tic tac
É o tempo de apressar
Do relógio adulto demorado
Quero aquela namorar

Tic tac
Avança tempo!
Tic tac
Avança tempo!

Tic tac
Rola o tempo de adulto
Tic tac
É o tempo responsável
Do relógio de contas
Quase todas a pagar

Tic tac
Volta tempo!
Tic tac
Volta tempo!

Tic tac
Rola o tempo à meia idade
Tic tac
É o tempo de estabilizar
Do relógios econômico regrar
Quase todas as contas acertar

Tiiic taaac
Rola o tempo do idoso
Tiiic taaac
É o tempo idolatrado
Pelas experiências bem vividas
Quase todas esquecidas

O relógio enfim parou
Num buraco acabou
Rola o tempo rico
Rola o tempo pobre
Diferenças não mais há
Que senão a terra daqui
Que senão a terra de acolá

sábado, 12 de maio de 2012

A força

O caso a casa cada passo
Do dia à tarde em cada vão
Que rege e mata e renasce
Dentro deste forte coração
O sol pela manhã me traz
Ardência dentro do corpo
Vontade me dá de ver o mar
Rever as ondas e me banhar
Que quando tudo que penso
É em seus belos lábios

O caso a força e o céu
Donde observo suas andanças
Aquele rio pequenino visto daqui
Carrega os barcos da ilusão
Porque nada fica estático
Ante a força da natureza
E eu? Ó doce coração...
Porque aqui fico parado
Esperando me revelar
A foice que me mata
O relento que me abriga
A força que eu espero
Do amor nesta vida...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Impaciência

Na rua caiu mais um
"Prestatenção!"
Gritaram de dor, outro pai?
Poderia ser você... confessou
Quanta covardia...

Impaciente a costurar os carros
Como o crochê da vovó
Tempos de gente de verdade... saudade

Na calçada tem coisas que não deveriam
Rodas de carros em cima de pessoas
Pessoas que não disseram a quem
Tanto o amor lhes era importante
Pois seu último suspiro fora roubado

Impaciente a gritar aos outros
"Merda! Sai da frente!"
Às vezes prefiro apertar a descarga

A lua chegou repentinamente
Algo ali não estava certo
A sirene soava como um canto
Uma noite fúnebre e as crianças
Não sabem que seu pai está com o Papai...

A couraça

Mirava o infnito com olhos tristes
Atento continuava num canto
Passavam por ele e o ignoravam
Não importa... estava fechado

Na calçada
Em sua relva particular
Junto a sua cama
Na calada

Passaram alguns e o banharam
Parecia que se importavam
Mas o sabonete? Pensava
Como aquele que sua māe usava?

Na calçada
Em sua selva restrita
Atearam fogo ao relento
Ninguém notou

Meu sabonete mamãe!
Pensava enquanto observava
Seu corpo com a alma liberta
Da pior forma... subjugado

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Afogamento

A onda cobrindo
Meu corpo com medo
Seu corpo na areia
Mantive-me vivo

A onda atacando
O mar revolto
Como este coração
A onda fechando

Os olhos ardendo
O sal temperando
O corpo passando
A onda fechando

Seus olhos já longe
A onda fechou-se
Abri os olhos e tudo
Tudo branco

Doutor?

A onda fechando
O corpo morrendo
Você passando
Nada fazendo sentido
Até que... os olhos
Os olhos viraram-se para trás
Acudiu-me... apaixonei...

terça-feira, 8 de maio de 2012

O poema

Os olhos vorazes, porém distantes
A alegria nos olhos gritante
A pele viva, queimada como o mar
A beleza encrustada no olhar

A voz distinta contando os luares
Como areia jogada espalhando feitos
Ditando regras e encantando o ar
Como uma ala inteira de sambistas

Desnudada de sua verdade
Seu corpo doando seu perfume
Mas ainda assim sentindo-se desprezada
Por que?

Poesia que vem lhe dar... o sol
Poesia que ousa lhe beijar... a boca
Poesia que quer lhe oferecer... abrigo
Poesia estranha a lhe ofertar... o ser

Quando pensar no atrás
Quando deixar de sonhar
Quando não lembrar-se de si
Apenas saiba... estarei aqui a poetizar...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Alastrar

Dia noite verde pasto
Gente crente de dia passa
Na penumbra do alastro
Gente simples. Qual arraste?

O porteiro nem quis mais
Esperar por sua entrada
Fechou a porta e esguiou-se
Não merece mais a casa

Quando olhou caiu em si
O abismo logo a frente
Gente crente crê que nada
Foi verdade em sua mente

E quando mente mente só
Quando cala cala a boca
A sua hora é nota é dó
Porque aqui nem se sussurra

O dia é dia quando acordo
Não importa se é de noite
Vivo insano e prego os olhos
Na penumbra do alastro

Quando acordo acordo só
Nesta vida nesta casa
Porque tudo que sei é nada
E nada que sei é verdade, é pó

Talvez

Pela manhã um leve suspiro
O sol carregado pelo vento
A brisa soprando a loucura
E meu corpo espreguiçando vi

Durante um instante de lembrança
Um talvez me vem à mente e salva
O que desejo, dias crescendo bem
Dias vivendo de lembranças, as suas

Talvez eu queira explodir-me em mil pedaços
E deixá-los para o vento decidir
Talvez ele os leve pra longe e espalhe bem
Minhas palavras estarão lá

Talvez eu junte tudo de mim num saco
E minhas palavras serão espessas, mas frias
Você as terá só pra si
E talvez assim eu não seja mais feliz

Talvez ainda eu permita que a chuva
Molhe estas mesmas palavras e as carregue
Até o mar onde talvez muitos nadem
E sintam que o sal pode ser uma letra ou três

Muitos talvez nem se darão conta
Do que ali pode estar expresso
Um coração em dívida com os olhos avessos
Uns olhos avessos em dívida com um coração

O fim do início

Qual encanto tu carregas
Qual o perfume de tua alma
Onde tu atendes pelo nome
Qual a cor que tu exalas

Por qual razão tu não esqueces
Que outrora fui estranho, inquieto
Qual o gosto de tua boca? Qual?
Qual entrada esta livre... da dor

Um dia foste embora sem razão
Apenas colocaste a emoção à frente
Não culpo tua triste arribação
Mas foste precisa e não consistente

Por qual razão devo eu, poeta menor
Retornar o coração para o fim do início e recomeçar
Qual o motivo para atravancar a caminhada?
Hoje ando suave, os olhos sutis, à noite dormir

Ainda me lembro

Caminhei sem rumo, mas achei
O cheiro, o gosto, a boca
O caminho tinha um olor suave
Da alma, da aura, do sentido

Lembro sempre do dia
Enquanto ainda é noite
Dentro do meu coração
Aqui, junto da razão

De noite no carro quero ir
Ao nosso lugar único
Onde nosso beijo esta
Esquecido, mas ardente

Na noite neste escarro estou
Implorando
Onde foi que perdi?
Meu sentido, minha verdade
Onde foi que me esqueci?

Ainda lembro do dia
Do toque, das mãos, dos seios
A suavidade exalando amor
E eu me achando neste calor...

sábado, 5 de maio de 2012

Tudo de novo

Passa! Passo... Faça! Faço...
Que é? O quê?
Nada... Nada? Como assim?
Nada... Viu? Vi?

Não! O quê?
Deixa pra lá... deixa...
Faça! Passo... Passa! Faço...
Um dia... piiiiiiin

O que é isso?
Não sei, uma fúria
Sei. Amor de novo?
Ah o amor... Retoma

Passa dia, passa noite
Traz à tona o velho beijo
Da jovem amada, que foi-se
Passa dia, fica noite
Para que o sonho perdure
Para que lá eu seja... feliz...

Passa! Passo... Faça! Faço...
Que é?
Não sei. Tudo de novo...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rastros

Sim eu posso tentar ver-lhe
Sem a máscara que pôs
Mas o sangue que derramou
No gramado em que passou deixou
Rastros de sua perversidade
Momentos de sua má vontade?

Não, mas eu não quero lhe ver
Não com esta onda de reflexos vis
Onde não encontro uma só razão
São rastros de saudade
Mas são também do aprendizado

Onde perdeu-se minha emoção?
Por você, por seus olhos, sua boca
Onde esqueci-me de voltar?
De onde nunca deveria ter saído, ou entrado...

Hoje o dia vai mais suave
Quem está aqui, ora me beija
Hoje os olhos pesam mais cedo

Que quando nada der certo, pensarei
De novo e de novo e de novo e sempre

Onde poderei me achar novamente?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Gente presa

Crianças doentes nascendo
Gente grande esfalecendo
Criando gente que não existe
Tomando dos que nascem, inocentes

Crianças torpes crescendo
Ouvindo sons medíocres
Gente grande sem importância
Tomando a opinião alheia, interesse

Gente crescida sem nada
Sem nada no coração, morrem
Sem nada na alma, matam
Sem nada nos olhos, fogem

O toque de recolher foi dado
Quando o sol estava quadrado
A loucura estampada na face
O sistema estava falho, criou-lhe

Como um monstro que não tem culpa
Como a um mero objeto
Para justificar sua segurança
Sua incrementação afortunada

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Silêncio aqui...

Cala-te quando me sento
Fala quando aquieto
Entrega-te quando me esqueço
Mas fica quando saio

Aquieta quando precisas falar
E às vezes esquece
Que preciso de ti
Preciso do ser intacto

Do coração teu?
Tua boca escancara quando me vês
Mas tua veia me quer?
Não! Provaste...

Com o ardor que encanta teu perfume
Com a boca que cala e nunca canta
Com o ardor de teus feitos frios
Com o silêncio que haveria
De ter sido feito com tuas palavras

Respire

O tempo devasta
A mente ensurdece
O corpo se cala
O coração... bem...

A vida se esquece
O que o sol aquece
O sonho desfeito
É verdade?

Respire, respire
O tempo passa
Não ceda, aguente!
À noite esfria

O tempo esgotou
O que não foi certo
Sempre aqui
Tormento tormento...

Cale-se! Fica...
Apenas o silêncio
O que preciso,
O que respeito

Respire, respire
Não ceda! Ainda...
O sol veio por você
Aquecer seu sonho...

Respire, devagar
Não desista ainda
É como um pássaro
Esperando a hora de voar