quarta-feira, 25 de maio de 2016

Humano miséria

De dentro do covil o que viria a ser
A esperança muda dos olhos calados?
O avanço dos que encontraram obstáculos
Que beleza há nisto? Que sabedoria mais insana
Estar gritando enquanto o jogo é de trapaças

Em qual periferia seus entes se encontrarão?
Cansados de cuspir o chão onde os carros correm
Os retrovisores estão a sorrir de sua marginalidade
Que beleza há nisto? Que sabedoria há de se perder
Enquanto se gritará por mais um tempo neste mundo

Na sala, na cozinha e nos quintais, o que há de entrar
Do que há de novo? A miséria será tratada novamente
Como uma mera condição do ser humano miséria
Lá dentro do covil penduraram o povo num quadro
E traçaram retas e curvas sobre suas faces, calcularam...

O exterior espera já sua parte desta matemática
O exterior dos pensamentos que não pensam 'povo'
Estarão a cabecear as bolas que forem chutadas no gol
Algumas baterão na trave, algumas pra escanteio
Quando outro mestre do gol estará entre nós?

Em qual periferia encontrarão os seus pares?
Serão contados como um número insólito
No jornal extraordinário do amanhã, mais um corpo
Alguém gritará da sacada: E o amor? No que o sol
Escaldante sobre a pele revelará apenas dor, suor, luta

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dias cinzentos

Vamos assim pela rua a desmonte
Removendo as pedras que atirarem primeiro
Não importa o ciclo que está chegando
Não. Não conseguirão ir lá muito longe
São uns pássaros sem devaneios, não são poetas

Vamos assim pôr um fim neste triste,
Porém preciso tempo, lavar a alma neste sangue
Da guerra travada sem ao menos darmos início
São tão envoltos em sujeiras que não enxergam
Onde está a pá da limpeza... O desinfetante

Vamos assim pela rua a desmonte
Assistindo as pedras rolarem nos holofotes
Deixa estar que os pássaros caem sozinhos
Quando é hora de molhar o bico
Vêm encardidos pela chuva ácida que os corrói

Vê aquela flâmula? Foi dada aos porcos
 Aos inocentes que gritaram por paz
Mas a paz começou com uma guerra
Tão ofuscada de nossa visão, que num salto
Gritaram: Fora ladrão! Enquanto estavam com ele



quarta-feira, 4 de maio de 2016

Angústia

Gosto do meu cheiro de dormido
Destes sonhos contidos
Que durante a noite lhe revelam
Numa sala num filme
Do alto de um para quedas
Esfolando um beijo voraz
Corpo quente na mente
Frio fora do cobertor

Gosto desta sua cara de espanto
Fazendo graça onde tem a raiva
Que ao me ver congela
Que ao me ter desdenha

Com esta sua cara de bandida
Velejando mar adentro
O que vai no coração se aninha
Dentro logo o que ficou neste senão
Gosto deste seu jogo de inverdade
Se jogando num abismo
Se num beijo pudesse lhe prender
Entenderia toda esta agonia