sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Dizes não diz

Luz ali
Nada aqui
O mar de amanhã
Ondas de um vizir
Os olhos n'água
O sol tímido a sorrir

Luz ali
Qual noite a sorrir
Uma lágrima?
Dizes não diz
Olhos vibram
Coração pulsa

Luz ali
Quieto calmo
A chorar o luzir
Dizes não diz
Se o amanhã
Sozinho chega
Infeliz perdura...

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Parto

Parto
Não antes de morrer
Deixar um pedaço do ser
Escondido entre palavras
Como a um imenso maldizer
Parto
Não antes de esquecer
Os pedaços que viraram
Das metades que deixei
Em cada verso vencido
Ai de mim manter escondidos

Parto
Não antes de esmaecer
E que estes meus olhos pardos
Que das luzes que viram florescer
Em cada sorriso cínico, perdão
Voltem às sombras dos perdidos
Parto
Mas primeiro chego a esclarecer
Que à morte sigo ao entardecer
Mas antes que os vermes venham aparecer
Parto em vida para renascer

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Vidas

Todos os dias acordar
O passado refletir
Do presente esperar
O melhor que pode vir
Metade de tudo embrulhar
E no esquecimento afundar

O novo há de ser
O melhor do existir
São vidas que se vivem
Quando a paz enfim retorna
No presente sempre estará
Metade do outro tudo a lapidar

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Pássaros

Há um tempo para pousar
Soltar  as penas no ar
Defecar sobre cabeças humanas
Cuspir sempre o mesmo ditado
Enfim amargar o que se come
Pelo próprio estômago embrulhado
Há um tempo para pousar
Deitar-se sobre o próprio vento
Sussurrar o que foi dito
Engolir o restante das palavras
Não há forma fácil de dizer
Nada tão emocionante
Quanto a dura arte de viver
Seja no riso seja no impossível
No choro contido
Ou rios de emoções e culpas
Há um tempo para pousar
Voltar no tempo sem sair do lugar
Refazendo as veias coronarianas
Que regam a alma confusa
Há um tempo para domar
O louco interior
Há um tempo para amar
Todo o tempo que vimos passar

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Sucumbi

Leve chegou
Sem alarde sumiu
A brisa deixou
Alegre invadiu

Olhos vivos de luz
Qual dia de sol
Estaremos assim
Leves acordando
Transbordando o dia
No café da manhã
Durante o dia afãs
De peito, alma, coração

Ainda que esteja distante
A estrela sobre mim
Brilha e traz seus olhos
Leve chegou
Sem alarde imprimiu
Um trecho do que
Incógnito busco

Uma brisa serena
Um sorriso ameno
Ainda que distante
Meu coração sucumbiu

terça-feira, 27 de junho de 2017

Paraíso

Por que você empreende fuga
Dos meus sentidos abertos
Meu peito quieto sussurra
Em sua saudade inquieta
Esconde o fogo sob a chuva
Mas ainda assim o fogo
Consumindo minha essência
Por que sua loucura perdura?

Não haveria confusão
Não fosse toda essa ilusão
Somos crias de dias estranhos
Feitos de pedra somos mutantes
Os pés alheios nos afrontam
Como fossemos sentimentais
Talvez apenas pessoas normais
Construindo alguma inteligência

Ao lado de palavras truncadas
Verdadeiros devaneios, dirá
Ainda que houvesse uma leve sensação
Que mostrasse enfim o que
De nós roubou sem perceber
Palavras de admiração, torpor
Que antes eram construídas
Hoje são traçadas num paraíso

domingo, 25 de junho de 2017

Alma plena

Espere... sob a lua
A meia distância
Sua cura
Amores distantes
Coração distante

Espere sob a lua
A toda distância
Nossa cura
Amores errantes
Almas juntas

Que nessa injustiça
Vida que segue injusta
Dorme serena
Beijo quente a dormir
Corpo a corpo... alma plena...

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Vivíamos

Por sobre muros caminhamos
Cada um de um lado do sol
Fazendo sombra, dormimos
Sem tempo para dizer adeus
Sem flores para regar, cuidar
Por sobre muros flutuamos,
Ruímos

A descida é vertical
O chão se engrandece na queda
Mas o som me denuncia
O rouco da voz guardada
Por sobre os muros festejamos
As flores secas receberam sol
Fluímos

De onde parto não tem volta
Cada um de um lado dessa nuvem
Densa como um vulcão
Frágil como um dente-de-leão
Os ventos nos arrastaram
 As flores enfim receberam abelhas
Vivíamos


sexta-feira, 16 de junho de 2017

Rarefeito

Pelas ondas do ar, sem mar
O mais alto que foi, sentiu
Que dentre as nuvens, meditando
A mais perfeita harmonia surgiu
Faltou ar, faltou falar

No alto de uma montanha, pousou
E de tanto que voou, descansou
Entre músicas e sons, sonhou
A mais perfeita harmonia emergiu
Soprou forte o ar, gritou

Lá do outro lado um pássaro acenou
Veio em ritmo lento e pousou
Sentou-se calado, se refazendo
Nada precisou dizer, senti
O ar rarefeito o transformou

Partiu sem olhar pra trás
E no mais alto que foi, encontrou
A felicidade entre nuvens
A mais perfeita harmonia
Respirou fundo e sumiu

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Rua

Não me olho no espelho
Corro em direção oposta
Na contramão do tempo
Observo o que gosta
Falo do enrosco, torto
Não, não me olho
Sigo em direção contrária
A rua fica escura
E o buraco nítido

Não me olho no espelho
Vejo um velho poeta cego
Que quando vê uma estrela,
Brilha,
Corre para o outro lado
Segue o seco do rastro
Pela rua iluminada
A lua se cala e silencia
A noite que foi só...

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Entre olhos

Fecho os olhos, lhe vejo
Sinto o doce que arrastou
Pelo ar quando pisou
Marcou meus olhos
Igual a um Zé
Desci da solidão
Por um minuto somente
Num momento de efusão
Abro os olhos, sinto o cheiro
A comida pronta está 

Abro os olhos, o espelho
O poeta denuncia
Entre olhos, expressão
Do dia que foi dia
Hoje frio
O poeta renuncia
Encaixa palavras
Busca assim lhe querer
Fecho os olhos, lhe tenho
Nesse frio, do outro lado

Quando acordo, saudade
O poeta renuncia a si
Cheio de palavras escondidas
Pelo ar quando pisou 
Mesmo distante
Mesmo que tenha ignorado-me
Algo enfim despertou
Calor combatendo frio
Tensão sem sentido
Amar sem ser banido


 
 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Objetos

A pedra disse ao rio, chega!
Foram muitos furos
Virei aberração, uns pedaços
O rio não quis saber, jorrou
Com tanta força a mais
Que a pedra enfim morreu...

O aço revelou ao fogo, ai!
Não me derreta neste chão
Virei brasa líquida, mudei
Fez em mim transformação
O fogo se lixou, assoprou
Com força fez derretição...

O coração disse ao corpo, cure!
O corpo se disse refém
Entorpecido pelas loucuras
Fez de mim escravidão
O coração então assentiu
E dela quis seu coração
O corpo então sucumbiu...

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Vida

No momento em que me deito
Cabeça levada pelo tempo
Somente penso qual nosso ideal
Se ando pelas ruas pensando
Soltando este grito que faz tanto mal

Neste instante seu gemido
Temido desastre se as palavras soltar
Toma conta do passado
Sorrio e levo esse tapa, penso de cara
Você me fez tanto mal

Mas enfim eu consigo explicar
Que na vida, se tem algo a errar
Erre até quando me encontrar
Que soltando esse grito eu lhe digo
Foi um prazer lhe amar

terça-feira, 11 de abril de 2017

Fortaleza

A fortaleza do meu corpo
Sob a força de um retalho
Emudece minha dignidade
Viés de um triste abraço
Não! Não sorrio fácil
Sua mão não é bem vinda
De seu pulmão nada quero

A sutileza do meu corpo
Somente a mim apraz
Não! Não quero sua atrevidez
Não tenho placa de sua
Meu espaço tem limite
Sou flor que perfuma
Mas assim murcho, amargo a rima

Não! Nunca mais grite
Não faça o que me aflige
Longe quero que fique
Sou flor solene deste mundo
Cercada em meu próprio jardim
Não lhe dei da porta a chave
Longe, bem longe deve ficar

A fortaleza que é meu corpo
Acompanha meus olhos
E eles focam outra direção
Não é o que visto, mas como sou
E longe assim deve ficar
Não! O direito não lhe dei
Fique longe de meu bem estar

segunda-feira, 10 de abril de 2017

E se

São os 'e se' que caminham
Lado a lado com este sonho
Um dia conversar, assim enfim
E se tudo se firmar, amar

São esta lua e este sol
Juntos misturando nossa vida
A estrela guia a intenção
De um dia ter única direção

E se de um lado seu olhar
Feliz mirando o meu casar
Sob um manto de chuva
Molhando nossas mãos

No alto de uma montanha enfim
E se olharmos para trás
Qual pedra foi mais difícil quebrar?
Qual dia foi o mais feliz esperar

E se um dia assim estar
Lado a lado com o ser
Que ao meu coração domina
E qual luz doce me ilumina

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Luta

Dias cinzentos, luas escuras
Mais perto de si, mudanças
Lutas travadas contra o invisível
Mais exigências do corpo, mente sã
Dias de luta, invisível luta

Das dores que espalha, acolho
Parte que queremos livrar
Qual dia de sol ainda guarda
De um dia de paz que há de vir
Após as batalhas travadas, vencer

No céu os pássaros gritavam
Embelezaram a seca árvore
O grito que me alertou, apontou
Alto na montanha, lá a paz
Dos pássaros incrustados nos galhos

Dos sonhos que tem, traz a luta
Dias cinzas transformam-se
Em um sol que lhe faz bem
Nenhuma luta pode ser invisível
Nenhum sonho pode ser afundado

Mais perto de si, da mente do corpo
Está a parte que queremos lembrar
Que quando o sol enfim chegar
Estará onde sempre esteve
Radiante em seu perfumado luar

quinta-feira, 30 de março de 2017

Inspiração

Sinto, nada sinto
Os dias que passamos
Foram muitos
Não o suficiente
Assim, sinto muito
Quase suspiro
Mas insisto, sinto

Sinto, muito digo
Nestes dias foi um mito
Que foi suficiente
Hoje suspiro
Foi um grito
Foi tudo que ouvi
Quando enfim disse

O oi ouvido
O dia restrito
Noite adentro
Respiração vil
Amor sentido
Algo vindo
Doce inspiração

terça-feira, 28 de março de 2017

Me leve

Sinto seu cheiro
Como ao mar
Presa a mim
Sinto o beijo
Claro nú lábios

Numa tarde qualquer
Num canto você
Noutro sonhos
Qualquer canto é canto
Olhares extensos

No céu lua
Talvez o sol
Aqui desejo
Talvez amor
Apenas o leve
Me leve...

Hiato

Se escrevo, enlouqueço
Me perco entre meus anseios
Devaneios que me levam
De onde mais cedo parti
Me deixe aqui

Se percebo, lhe vejo
Logo ali na multidão
Enlouquecida pedindo perdão
Para o que se foi
Uma democracia no caixão

Se não lhe tenho, adormeço
Qual abutre num valão
Louco comendo qualquer senão
Não lhe apercebo assim
Não sou eu dentro de mim

domingo, 19 de março de 2017

Coração louco

Meu encontro comigo
Neste cáustico domingo
Observando as plantas
Correndo pelo mar
Não foi nada bom pousar
Neste lado de mim
Me parece ser o fim
Se assim decidir

Meu encontro comigo
Deixou meu coração torto
Pesando do lado bom da alma
Fazendo sumir a calma
Trazendo um forte cheiro de dor
Coração louco ficou
Perdido na mata
Na densa floresta de mim

Meu encontro foi desesperador
Pelo caminho apenas vi terror
Gente comendo gente
Bicho dirigindo carro
Pelas ruas muitos escarros
E eu perdido dentro de mim
Tentando da chuva desviar
Enquanto o coração queria chorar


quinta-feira, 16 de março de 2017

Reverso

Uma tarde um descuido
Sensação pele olhos
Caminho pela rua
Onde foi parar?
Estava aqui agora
Falava falava falava
Era bom...

Faço o caminho reverso
Desejo o que falou
De noite vou me esconder
Sob o travesseiro
Ver a lua, talvez estrelas
Estou inverso
Talvez perverso... reverso
No caminho certo

Estava aqui!
Pra onde seguiu...
Amanhã talvez eu seja
O que será certo
Hoje sou cobertor de calor
Denso, intenso, dormindo
Imaginando...

sexta-feira, 10 de março de 2017

Sombra

O leve enlace
Árvore crescendo
Vida louca leve
Sob a sombra busca
Ver querer sentir
Qual mão tocar
Face nua
Olhar mirante
Ofegante e densa
O leve enlace
Sob meia luz
O cheiro a cor
Por aqui dor
Rezar sofrer amar
O leve enlace

sexta-feira, 3 de março de 2017

Flor

De repente ela se abre diante do sol
Se ilumina mais que aquele astro
Esconde seu perfume consigo
Faz da vista do mar, abrigo
E eu, um espelho quebrado
Faltando alguns pedaços
Não sou reflexo perfeito
Ao contrário, sou assim sem jeito

Flor que se conserva fora do jardim
Seu perfume escondido em si
Eu, condenado, por alguma solidão
Como posso assim sentir
Errado sei como o astro no céu
Beijando a Terra, cuspindo fogo
Passeia como um respiro
Escapando assim seu reflexo

Não, eu não tenho um espelho
Sou reflexo turvo em mim
Sou verso inacabado
Pretenso a ser escravo do eu
Este, perdido nesse oceano
Observando longe o mar
Desejando assim não mais voltar
Subindo subindo subindo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Seu verso

No fim sem início nem meio
Vem você dizendo saudades
Eu que só pensava num número
Senti falta do que não houve
Senti saudade de amar...

Neste meio sua boca
Toda nua sem sentido
Mirando um infinito qual
Estou aqui com os versos
Outro de mim... onde nasci

Não existe meio sem início
Mas sim um fim sem um meio
Eu que só esperava paixão
Achei amor, em forma de alma
Neste verso seu me encontrei

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Talvez

Talvez o sol volte a brilhar
Talvez minha estrela reapareça
Talvez algo possa encaixar
Talvez sua aura responda

Talvez eu consiga chegar
No ponto em que talvez esteja
Escrever talvez um poema
Que talvez possa explicar

O que talvez eu não saiba
Que talvez seja tarde
Para quem sabe talvez

Tentar um novo talvez
Com uma alma enfim sábia
Que talvez vá me amar

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Perdido

Se eu me perdi eu me acho
Na confusão do dia a dia
No coração de algum faminto
Me acho
Eu sempre me acho
Perdido dentro de mim
Me acho
Noutra rota no deserto
Nas loucuras que lhe falo
Me acho
Às vezes me acho no espelho
Ou num pedaço de jasmim
Me acho no outro
Sem ouro nem marfim
Acho às vezes que nunca me acho
E perdido fico
Nesta de procurar achei
Uma luz no fim
Um lado meu perdido
Sempre achado
No fim

Mudo

Ao invés de olhar o céu
Vou entrar no mar
Deixar sua alma presa
Em alguns versos tolos
Ao invés de lhe soltar
Vou lhe atar a mim

No lugar de amor sabor
Entra o torpor sai a mesmice
Em contrapartida ao caos
Mistério
Se houver ainda algum beijo
Deixo

Ao invés de molhar no mar
Vou ver aquele céu
Alaranjado como seu corpo
Perfumado como estrelas
Largo tudo que não deu
Na esperança de algo salvar

No lugar de você alguém
Se houver um bem bem
Entra o amor sai a dúvida
Vem a verdade
Em contrapartida ao mistério
Olhares
Se houver um único beijo
Torpor

Devaneios

Perdido em cena
Temendo o gemido
Ruído de um coração
Quando de noite queima
O corpo denso, suor, tentação

Perdido apenas
Temendo ser
Um grito de solidão
Que a noite teima
Em soar nos ouvidos

Invalido o sistema
Amargo o estômago
Respira respira respira
O pássaro conta até três
A árvore enfim deu fruto

Perdido em cena
Com os devaneios
Mesmos de antes
Mesmos de sempre
Quais amanhã?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Alguém

Passam os dias
Dias nublados
Perdido no mar
Sem um farol
Um porto pra chegar
Você se foi, partiu
Para longe encontrar
Alguém

Passam os dias
Noites de luar
Sem você vou buscar
Noutras terras adubo
Perdido neste falar
Sem um ponto de partida
Sem tempo pra voltar

Para onde foi não consigo
Sequer esticar a mão
Dar-lhe um pouso neste chão
Ouvir sua voz a sussurrar
Contigo desejo estar
Sem perder o tempo mais
Sem querer daqui voltar
Nos seus braços só amar

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Lua

Mas tu é lua
E como tal
Precisas de uma estrela
Sou apenas um pedaço
De uma galáxia
Sou nada
Sou poeira
Da estrela que se apaga
Para receber
Neste lado
Um adeus
Um sopro teu

Vício

Um vício mudar seu mundo
Um vício querer o mundo
Transformar você num vício
Ser aos poucos consumido
Com a loucura do amanhã
Quando nada há de ser
Qual jeito enlouquecer
Seu vício doce coração

Um vício querer o mundo
Todo o espaço só pra você
Transformar-lhe num início
Ser aos poucos consumido
Com a loucura deste peito
Quando tudo há de nascer
Qual respeito há de ter
Por este viciado coração

Um indício do que pode ser
Esta noite sem um quê
Transformar palavras
Ser aos poucos engolido
Com a loucura dos versos
Qual ensejo há de querer
Para se entregar à emoção

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Entre a boca e o silêncio

A boca entrega
O silêncio encerra
Quando me calo
No escuro me perco
A boca exagera
O silêncio pondera
Quando lhe falo
No escuro me vejo

A boca retrata
O silêncio imagina
Quando lhe trato
No escuro domina
A boca escancara
O silêncio examina
Quando lhe tenho
No escuro surdina

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Uma qual

Teço loucura com a sanidade
Através da vida nossa mente
Sendo bordada com palavras
É quando bate a saudade

Trecho de uma dura realidade
Uma lâmina cortando sua carne
Fingindo a morte de qualquer
Trazendo de sua pele a suavidade

Que esmero qual uma flor desconhecida
Intocável presa numa rocha
Entediada com sua rotina
Tão parada quanto pedra no deserto

Teço loucura com minha sanidade
Faço dos segundos horas
Assim não passa o tempo que tens
Para me mostrar suas verdades

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Assim

Sim, cresci
Soube do enfim
Olhei o mar
Quis você
O sol brilhou
Você acordou
Chorei corri
Enfim entendi
Em qual ponto
Está a condução
Do amor da dor
Dor apagada
Sim, cresci
Enfim o tudo
Que algo trouxe
Umas palavras
Tantas palavras
Cruzadas num fim...

O que de mim

Apague o que não está escrito
Grite
No silêncio da noite um gemido
Mudo
Como sempre um estalido
Nem sempre quieto
Quase sempre falido
Daquilo que procura
Sente
Sinto
Falo calo abro sempre
Eu, exposto, o que você vê?
Numa leve sensação do ser
Qual canto se admira
Apague o que agitada vê
Que daquilo que lhe tortura
Nada há de ser
Senão um não
Talvez um ser
No amanhã o sol há de ser
O que busca
O que busca dizer
Apague o que não quis dizer
Fique assim meio sim
Meio o que quer sentir

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Não pense

Não pense
Repense
O que há hoje
Senão o que
Avidamente buscamos
Ontem

Não, não pense
Nunca tente
Forçar o que não é
Seja assim
Doce como o mar

Louca feito um vento
Derrubando tudo
Forçando a maçaneta
Deste coração
Que não quer largar

Sua maneira de entender
O que aqui faz nascer
Uma música sem nota
Um feliz qualquer
Por ter sua prova

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Inícios

No início explosão
Palavras muitas
A tensa necessidade
Em receber suas palavras
Assim emoção

No início conhecer
Sob o sol entardecer
Seu coração entender
Ao receber suas palavras
Sensação

No início compreender
Em qual porto atracar
Qual aceno acenar
Qual momento lhe tocar
A alma tensa, a face doce

No início sempre a dor
Com o tempo sobra amor
Para o sol enfim brilhar
Sua mão enfim beijar
Toda suave num altar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Lugares

Uma dor é como um pássaro
Nunca se sabe de onde vem
Pra onde vai
Mas suas asas batem
Empurram sutilmente o ar
Às vezes pousa em nós
E dormentes não expulsamos
Seu canto mais triste

A dor é um pássaro
Vem às vezes de onde quer
E nos leva a lugares desconhecidos
Abismos onde contemplamos
Uma dor somente nossa
Um ardor no coração
Bate as asas empurra o ar

Tome fôlego e fuja
Como um pássaro bate asas
Para o céu sempre mais alto
A dor é como um abismo
Quanto mais bater as asas
Mais distante dela ficará

A dor vem num fio fino
Para cortar cante
Errado certo meio talvez
Como um pássaro, desafine também
Não se importe com o ar
Bata as asas, deixe para trás...
O ar rarefeito do abismo
Lugares que não fazem efeito

Vem

Suave como a flor
Entretida em sua dor
Temendo ser amada
Dona de um feliz odor
Digo digo vem!

Remanso como o seu
Um descanso que ninguém
Espera... Reitera
Daqui digo apenas
Vem!

Feche os olhos, imagine
Na parede alguns deslizes
Fácil conseguir
Alguns carinhos para vir
Diga diga vem!

Talvez da noite nada traga
Talvez assim um dia pense
Diga vem! Mas fique bem
Feche os olhos, imagine
Até que o bem se justifique

Mar

Não sei como é
Quando ensinará
Quando se vê poeta
O rio que eu nem imaginava
Por aqui percorreu

De longe o pássaro se ouve
Quando o corpo agitado
Consumido pelo som
Misturado do mar e passarinho
Quer de você um talvez
Lucidez

Na areia da praia o sol
Sob a sombra lembrança
Um dia de cada vez
Para viver uma esperança
Que seja pelo menos doce
Que chegue nas horas certas
Abrace com o perdão cego
Controle o beijo com o fogo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dias

De frente pra montanha
Céu escuro, nuvens chuva
De frente pra montanha
Na rua na chuva na mistura
No pedaço do mundo
Onde caminha?
Em que põe os olhos

Ah como sinto sua entranha
Céu limpo doce música
De frente com a mulher
Menina de olhos fechados
Longos minutos deixando o sol
Molhar sua mente
Deitar sua semente

Ah como me calo
Com minhas ideias loucas
Jeito de pousar na grama
Pisar tranquilo seu terreno
De frente pra montanha ouvir
O delírio dos seus dias
Querer assim que seja ameno


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Amanhecer

Frio, nebuloso
Sem sentido
Uma mistura
Sobra de tudo
Desentendido
Uma chuva
Uma martelada
Quando ensolará
De novo

Frio, cauteloso
Quando o mar
Não recebe
O rio, o curso
Nada sobre tudo
Peixe a boiar
Entendido do que
Uma chuva causa
Durante a madrugada
Quando o dia amanhece?
Novo

sábado, 21 de janeiro de 2017

Pássaro

De longe o pássaro
Observou sua bebida
O rio, que caudalosamente
Ia para o mar
De longe o pássaro ouviu
Seu bater de asas
Viu seu brilho e voou
Foi em direção da sombra
Sob a chuva que forte caía

De longe o pássaro
Observava sua beleza
Vestida com um perfume
Perfeito como a natureza
De longe o pássaro
Sentia sede de sentir o vinho
O gosto da seiva
Em direção à sombra
Bateu asas e voou

De perto o pássaro
Viu a passarinha e cantou
O mais alto que conseguiu
Cantou cantou e assim ficou
Preso no seu canto
Frisando seu encanto
Na árvore ele pousou
Acalmou as asas e dormiu
Em meio à chuva ele acalmou

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Teoria

Qual o último pensamento
Na hora do impacto
Onde miram os olhos
Desesperados pelo fim

Qual a última cena
Que na cabeça emerge
Ante a iminente morte
Fez certo?

Quem nesta hora sorri
Dever cumprido
Elo enfim rompido

O que nesta hora acontece
Quando o corpo encolhido
Na hora do impacto, padece?

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Menina

A menina no  meio da  rua
Saia prendada
Corpo em alinho
Jeito sereno
Olhos de fada

Menina do meio do nada
Queria seu beijo
Seu corpo e saliva
De alma e trejeito
Os  olhos também

Menina que passa
Por aí vem aqui
Com o corpo agitado
Alma clara um beijo
Na boca o meu bem

Chuva

Na cama me engana
Assanha este dia
Nem o sol a levanta
Deixa chover na mente
Não levante, fixe-se
Nestes olhos que imaginam
Suave como fica
Sob os lençóis

Na cama esperando
Se enche do perfume
Que de noite no sonho
Emprestou à lua
Não espere, corra
Tenha a calma necessária
Suave como tens
Os olhos agradáveis

Canta reclama encanta
Quando se vê pega os olhos
Que a migrar pelo espaço
Pousam num canto qualquer
As vozes variadas
O tempo atribulado
Deita dorme descansa
Que a chuva por você desce

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Grãos

É... um algo no nevoeiro
Vindo da chuva que recai sobre a montanha
De onde entre árvores vens
É um algo neste nevoeiro
Na paulada que vem de todo lado
Peito acelera, corpo palpita
E nada se explica, na rua a menina

É... um revoltoso de passagem
Que de tantas idas e partidas, ficou
Qual curiosidade se assemelha
Que está escondida na poeira
Tal qual somos nós, uns grãos
Misturados nesta tábua da vida
O vento sopra e nos espalha 

Foi... algo que poderia ter sido
E foi, resultado de uma imensa desilusão
Os ventos deram meia volta
Os grãos foram novamente postos à tabua
Esperando nova revolta
Escancarando silenciosamente a vida
Esperança sempre tivemos de sobra

São Mateus

O choque chega
Nas famílias instaladas
Nem um canto lhe oferecem
Estão sendo assim largadas
Crianças, cães e outros ladrões
De suas casas enxotadas
Sem chance sem chance

O peso da bala fez-se ouvir
A senhora idosa sob a lua enfim
Seu novo lar está por vir
Na ponte foi lançada
Em meio à lama, caos
O cassetete foi lançado

Choro correria volver!
Gritaram logo o caminho certo
A injustiça da justiça
Cega como a luz da ganância
Nada fez nada quis saber
Criança na rua pra valer

O poder escroto do alheio
Acertou famílias em cheio
Sem norte desnorteadas
Alguns presos pra boa moral
Outros largados em algum canal
Da mídia, do porre, da sociedade
Doente...

Seu caminho

Tentando andar pela trilha, mas desvios
Caminho tortuoso e cheio de subidas
Tentando ir sem desvios, mas as trilhas
São tomadas pelo ódio, ela não anda
Desanda este meu coração, alinha

No meio do nada o desalinho
No fundo a água corria
Mansa pelo caminho
Da cachoeira ela escorria
Através do rio trazia vida

Nada de voltar atrás
Nem mesmo soltar o ar
Talvez deitar e ver

O que a lua deixava perceber
Uma alma livre no ar
Com o coração a transparecer

Verdades

Não
Não há uma só forma
De ver alguém
Não
Nem um modo certo
De julgar
Qual loucura se tem
Daquele desdém
Ofuscar
Não
Não se recebe de alguém
O tilintar
Dos sinos um breve
De você
Um soar
Não
Não negue a alguém
Seu amar
Mesmo que custe
Breve que seja
Seu caminhar

Dádiva

Foi um surto
Uma lágrima
Algo parecido
Um insulto lástima
Foi queda talvez nada
Foi uma fuga
Uma dádiva
Algo como alma
Um breve porém
Talvez um talvez
Quase lua
Quase céu
Quase a ler pele
A maciez
Foi uma fuga
Um breve porém
A fugir sumiu
Sim emergiu
Nesta imensa vida
Neste fio de  talvez

Lampejo

Olhos de luz
Que o corpo
Tão dócil traduz
A voz... ah aquela voz
Dia tempo noite vem
Entre a embriaguez se traduz
Onde está onde se pôs
Olhos de luta
Menina mulher
De mulher se traduz
Da menina que tem
Entre sua embriaguez um anjo
Onde está sua luz
Se quando vejo se traduz
Toda esta aura
Um fino espaço de cheiro
Uma pétala no jardim
Todo um perfume sem jeito
Toda uma forma de luz
Onde vejo este sol
Se na beleza me perco
Se no intelecto lampejo
Faltam uns ais para enfim
Com palavras assim
Ter um breve sossego...