quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mundos

Como não olhar pra ti e deixar escapar um sorriso
Viver isolado... Cantar só!
Como não sentir aquela tua aura quando tudo é vão
Crescer miúdo... Poetizar triste,

Nos lugares escuros cantarolam os desejos
Sigo sem rumo, passo por eles
Naqueles dias de sol, o teu olhar me dominou
Sigo por ali, é tudo o que restou

E como não notar seu brilho, se é tão natural
Meus olhos não se contentam... é real
Como não imaginar o amanhã como a um doce
Se amargo como está, é perigo como fosse

Fosse isto então! Onde estaria a razão?
Ele largou a caneta e deixou os pés descansarem
Era o fim para alguns... início da guerra...
Dormiu sereno, pensou... 'deixa-os agirem...'

E como neste meio não notar tua feição?
Se o que vejo são flores no caminho...
E como não notar este mundo turbulento
Mas tento me esquecer...

Muito me faz feliz pensar em ti!
Em como seria viver sem esperar o amanhecer,
Estar somente ali pra ti
Fazer-te feliz... sem nada para temer...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Renasce!

O que é paz no espírito ante um mar agitado?
Corpo frio, casa triste, poeta em transe?
Há nas ruas verdades querendo luz!
Há aqui uma verdade que quer vir à luz!

Enquanto paro e ouço um canto qualquer
Minha mão vai delineando... é coisa de um pássaro!
Alçamos vôo e vemos do alto o que era...
Era uma vida sem sentido. Um coração só

Enquanto paro e me vejo como antes
Sinto o coração arder... é chance de superar
O que fica deste frio ar, o que nasce deste ventre!
Sinto a vida renascer, é chance de enfim viver...

Renasce então aquela virtude de acreditar
No amor que ora faz falta... que vem de dentro
Renasce assim uma verdade obscura
É uma caridade parida? Um visto de luz...
Umas poucas palavras sentidas enfim
Por alguns sussurros e dormi... renasci...

domingo, 22 de novembro de 2009

Sentido

Dias distantes estão mais frequentes
Como as marés que estão enchendo
Estão ficando intensos e dramáticos
Precisamos de dias frios... mais luas novas

Os dias quentes podem nos trazer o mar
Mas nosso barco pode não mais navegar
É um capricho da modernidade, um motor a menos
Preciso comprar aqueles remos, chego até a ilha

Será que preciso dizer o quanto dói... (?)
Acho que preciso apenas dizer que não quero
A saudade vem ainda mais forte
É um rebento que se perde do seu seio...

Será que vou descer aquela montanha? E chorar...
Vou ficar lá. Do alto sentir a brisa mansa que sobe
Vem lá do mar e pousa levemente, o corpo sente
O sol que já se vai, é quase noite... e a escuridão assola
É hora de dormir... hora de sentir a paz...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nascer

Saudade é como uma folha presa a uma árvore
Os ventos vão batendo e ela vencendo
Mas chega a hora em que cai... daí alguém a recolhe
E a põe no bolso... é um fim, fim da saudade

Não lembro mais daí o nome
Saudade é como uma brisa suave
Nos refresca a fúria do calor
Traz-nos assim uma leve sensação de paz

Ah esta saudade que sinto não sei de que
Mas que traz lembranças incógnitas de amor
Ah esta saudade que mexe com uma vida
Como se fosse um pássaro voando raso

E levando consigo toda a esperança de luz.
Precisamos então da paz, respeitar nosso tempo.
Cada dia é um pio a mais, um pássaro novo nascendo
Um coração que na vida vai florescendo...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Capitais

Num canto escuro, encontro água
E nesta água me espelho frio.
Sem expressão, a lua nesta água é refletida
Caem as estrelas todas, perece chuva

Fotografias de um passado recente
São estrelas apagadas, foram nas capitais
Foram alguns pecados imensuráveis
O que há de vir? A luz vem logo após

É noite ainda e a estrada está intensa
Cada vez mais perigosa com curvas sinuosas
Os retratos já não param para vermos
Quem nos espreita, com face feliz! Era um sorriso

Num canto, clareando mansamente meus olhos
Está o feixe de luz que adentra, é uma estrela,
Adentra meu peito e sussurra palavras doces.
A mão pousa na face, os olhos fecham... é dia...

"Não dizem nada de um começo truncado, é apenas um meio de se fazer certo"
                                                                                                                    Agassi

O Bom Dia

Todos os dias deveriam ser bons dias
Não fossem o sol e a chuva
Que sabiamente não nos deixam brecha
Para especularmos dias bons, ou (meio?) bons

E se os dias fossem despertados com quem a gente gosta
Nem sempre há assim tantos bons dias...
Nem sempre nos é dado tantos bons dias quanto damos
Na manhã de hoje, o sol é de um claro dia incomum

Quantas pessoas caminham numa praia à toa
Apenas para sentir a brisa (?)... é, somos felizes
Felizes em poder sentir um alvo dia de sol
E deixá-lo iluminar o corpo inteiro, é, vou me deitar

Na areia da praia e esperar no ócio criativo
As palavras que quero tanto expressar!
Talvez seja apenas escrevendo bom dia... ou oi
Mesmo assim estarei lá, sentindo a vida mansa...

A todas as pessoas sãs e loucas!

domingo, 8 de novembro de 2009

Pó em pedra

Dias de calor, porém muito nublados
Os passos das pessoas estão mais intensos
Deixando perceptível o ódio, não vejo
O sol, a lua e os olhos disputados

Dias sem graça, sem vista para o mar
As pessoas estão descompassadas
Querem apenas olhar para si, não sinto
O amor, a verdade e o que sou...

Eu quero correr mais rápido
Assim posso ver por onde anda
Aquela sua bela cauda de elfa perdida
Nem você se lembra... preciso lhe achar!

Minhas mãos andam atônitas sem luta
Sem fé não posso ter coragem, não acredito!
Que vou chegar sem ferir alguém, mas sem achar-lhe
O que sou? Talvez pó feito pedra viva... ou brisa

Que os dias venham e se vão talvez secos
Que a vida seja um mar temperado,
Também com a suavidade que carrega consigo
E que dá a quem tem medo!

As pessoas na rua já me olham estranhas
Sou quem na verdade?
Pó feito pedra viva? Um ser empoeirado...
Trazendo ainda a nostálgica esperança de sonhar...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Visão

O seu cabelo estava caído pelo lado direito
As mãos acariciavam um assustado coração
O sorriso que se estampava sereno e cativante
Com os três brilhos simétricos e perfeitos na face
Apenas fazia meu coração falhar, era muito rápido...

Os cílios acima dos olhos delineavam o contorno sutil
O olhar ia longe (buscas o quê?) e pousava feliz
Minhas mãos não contenho, escrevo!
Tento em vão explicar os momentos tristes, felizes assim

Pessoas iam passando e não tomavam ciência
Nem os tantos que nos disseram bom dia ainda em casa
Não podiam nem imaginar o quão atraente estava a cena
A sutileza com que o vento dobrou logo após seu sorriso
Passou pelos cabelos amarrados qual a um cavalo e soou

Era pela hora do almoço e o sol ía firme no alto marcando o tempo
Era um dia qualquer e um passeio nas nuvens com um cheiro forte
Não fosse pelos que passavam, minhas mãos caçoariam de sua beleza
E tão logo se aprumariam ante sua intrínseca vontade de me ter...

domingo, 23 de agosto de 2009

Num canto, num quarto
Na moita de um só coração
Um coração só na moita
Naquele quarto, naquele canto

O buscas da noite clara
Enfiando o pé no que foi
E se foi não volta e remexe
A noite clara de buscas

Nas horas em que se encontra
A vida que não se acha aqui
Encontro o que fica das horas
O que não acho nesta vida

Lembranças assim do ser só
Dos tristes dias tentando amar
Mas só consigo lembranças
Do que foi enfim amar...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Alguras

Os tempos modernos refletem a vida passada
E as lembranças são provas
Que trago presas junto às minhas palavras
As provas, pois na boca o seu sussurro permanece
Os tempos modernos não são apenas modernos em veias
São causos que ficaram da rua,
Onde os carros não tinham passagem
Os olhos atentos eram desesperados e loucos!
Era um tempo de mudanças sutis, no coração o medo
O que virá sem precedentes? Por onde foi meu coração?
Nos tempos de ontem era apenas lembrança
Uma prova irrefutável do viés em verdade, hoje retórica
Tudo muda assim com suas palavras, ou apenas passa?
Que daqui vejo o sol numa praia qualquer e vejo gente
São aqueles que fogem dos tormentos, da grande cidade!
E eu aqui... fugindo de que? (...)

... talvez nada mude com os anos, exceto aquela música que vai tocando silenciosamente, e que traz de volta todas as informações necessárias para este coração irremediável...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

No more, no more...

Não mais aquela velha roupa escura
Não mais este coração maduro
Não mais aquelas histórias mirabolantes
Não mais aquele céu todo encoberto de medo

Momentos simples, sim, ah estes (ou aqueles) momentos
Do carro o som ecoa sempre nítido, sem dúvida no asfalto
No som No more, No more! Não mais...
Chega de mentiras, de um coração no encalço

Corro pra ver seu corpo sobre a areia, tocar
Seu cabelo, sua boca e sua teia, sentir
Seu sangue quente correndo em sua veia, e ver
Os olhos simples, corajosos e sensuais dentro dos meus...

No more... no more...
Corpo descansado no calvo banco macio
Olho fixo na estrada, risos descarados a meio caminho
Luz escondida e inibida nesta vida
Nesta vontade de conhecer... o que não se pode... no more...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A sina dos meus dias...

A sina dos meus dias
No encalço de ser certo...
Buscar, falar, cansar...
Sem ser errado e estar só

A sina dos meus poemas
Esconder o que está aqui dentro
Mascarar o que me queima
Ser assim frio e intacto

São apenas palavras... largadas
Pela cabeça que me carrega
Pelo coração que não se cala
Dizendo coisas e coisas insensatas

São apenas palavras ditas incertas
Escondidas em linhas espúrias
Por que falam por si e se escondem
Desmascaram meu coração... minha sina

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O furto

Os tempos vão passando por aqui
Nesta vida de poeta sem eira
Tal como o mar quando a água se furta
E toca meus pés, no encalço, sem beira

Os tempos, implacável tempo, não nos priva
De preservar o que fica dos dias calmos...
Por isso escrevo, por isso me perco
São os olhos saudosos que me acompanham

É a imagem de algo que não é nada e que traz...
... ainda assim...
Nuvens carregadas de esperança, de luz!
Nuvens percebidas pela distância...

Ah esta distância...
Dessa caneta que me comunica
Com a pessoa que escreve, e que nem sabe, talvez,
O que é amar e o que é se apaixonar... ou o que é sofrer...

O poeta se furta de se mostrar
Aqui é tão emocionante! Tão temperado...