Na rua, na beira, na esteira
Dos acontecimentos... nada
Pessoas caladas, tijolo na mão
Olhos baixos, nenhum senão
Na beira do que hoje é visto
Como relacionamentos digitais
Minhas palavras esmaecem...
Tortas palavras para um tempo
Louco como os que amam digitando
Teclando a pele alheia, luz nos olhos
Luz nos olhos que são os azuis
A violeta aqui não é flor... é dor
Da tela que passa tudo... traz nada
Na rua, na beira, na esteira
Do que proteje nossos dedos?
Neste tempo maluco, tudo é pressa
Corta a via como se estivesse só!
Mas à frente há uma criança...
Estava com sua mãe... grudada
Ao poste
Triste fim
Triste assim, logo fugiu
Na rua, na beira, na esteira
Mundo moderno não lhe vê
Ó flor...
Posta-lhe na tela, mas seu perfume
Fica contido no vasto campo
Onde alguns ainda ousam buscar-lhe
Mundo louco! Tempo louco...
O carro cortou a via apressado...
Era só uma criança... só uma criança...