segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Insensatez

Foi uma insensatez, separação
Do bem e do mal, qual deveria
Ser a escolha certa, senão o coração
Foi uma estupidez, mas era preciso
Era preciso precisar respirar, enfim

A cabeça estava baixa
Mas não estava vencido
Estava pensando
Não queria ferir o inimigo

Foi uma luz no fundo, redenção
De tudo que quis ser, poderia
Escolher o melhor, regressou
Foi uma insensatez, mas era preciso
Aprender a amar, enfim se entregar

domingo, 28 de dezembro de 2014

Correnteza

Queria ter dois corações
Um para os dias de sol
Outro para quando em lua
Porque a mim basta amar
Verdade que a mentira destrói
Em nada posso creditar o acreditar
Que não em minha capacidade, doar
Parte de mim
Parte de si
Coisas que não se vende, amar

Queria ter mais anos de paz
Todos para a poesia
Onde a lua rende o sol
Onde a verdade é toda sua
Nestes anos teríamos o olor
Da mais fina flor
A preencher todo o espaço
Da sala onde se deita, dorme
Descansa sob a atmosfera perfumada
Sentindo-se perfeitamente amada

Seria fácil dizer a verdade
Neste louco mundo de ninguém
Mas vou-me agora neste além, mar
Por meu barco n'água e velejar
Nas ondas serenas de suas palavras
Esgotar minha ausência de ser
Que mais vale observar os peixes
Deixar eles levarem a embarcação
Do que ater-me aos ventos surdos
Levando de mim todo meu coração

Dia de sol

Nada mais há que acordar
Ao seu lado estar e sentir
A presença do sol culminar
Num dia sereno, todo cheio
Cheio de afazeres comuns
Que à alma refaz, renova

Nada mais há que saber
Nas ruas falam em amor
São os anseios do querer
De novo renascer, acordar
Num dia cheio de sol
Na praia poder lhe amar

Queria poder com você ser
Estar, contar as medidas
Que a este coração são sombrias
Mas com este sol, um dia
Um dia há de se ajeitar
De novo viver, de novo lhe amar

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O velho ano novo

É quase o velho ano novo
Novas velhas esperanças
Jeitos de sumir e assumir
Assim fluir e seguir feliz

É quase ano novo de novo
Do novo as velhas perguntas
Quando, como, onde? Ser
Ser aqui no novo dia quieto

É quase o velho ano novo
Novos velhos anseios
Maneiras de servir e pedir
Pedir o que não se atinge

Talvez em algum ano novo
Consiga o velho desejo
Perceber o quanto sou feliz
Espero não estar velho de novo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Perdido

De tudo que houve de ruim, ainda lhe ver
Sentir sua presença qual uma flor
Mas esta incógnita, proibido tocar
Fica semi nua, mas os olhos vendados
Meu coração perde o ritmo normal
Anseio, me abalo, acalmo, vejo

De tudo que foi se perdendo, ainda posso
Escrever umas palavras, perdidas palavras
Com uma interrogação bem no início
No início de tudo era uma medida
Hoje é um sentimento enclausurado

De tudo que foi mudando em mim, nada
Nada foi por acaso, foi um jogar moedas
Deu cara! Cara no muro e vida estirada
No esteio do desejo ainda lhe ver
De todo coração frio ainda lhe querer

Ausência de presença

Longe mim já estás
Quais paragens habitas
Quais animais te cercam
Todos da terra no céu

Tuas risadas na minha cabeça
Teu semblante simples no natal
Lembro-me daqueles dias de frio
Quando teu corpo me protegia

Longe de mim já estas
Mas o sangue que na veia corre
Faz de mim teu espelho
E assim me cerco de lágrimas

São paisagem que me vem
Como se fossem um barco
Cortando o mar lá no além
De tua ausência de presença

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Sua existência

Penso, mas existo?
As nuances de um coração são medidas
Medidas com as sutilezas do seu olhar
Pensa, mas existe?
 
Logo que sei, existo
Para as suas deixadas que de lado fico
São as medidas que não consigo esquecer
Logo que sabe, esquece
 
Em qual ponto seu coração?
Sabe que existe para mim
Uma fina camada de sua pele
 
Sobre seu peito suave
O perfume deixado no ar
No sopro quente do seu amor

Não há

Não há em mim, outro eu
Quanto mais me transformo
Mais eu me torno eu
Louco, distante, amável

Não há em mim outro ser
Quanto mais busco em ti
Mais eu me perco aqui
Longe, minguante, quieto

Há o que, senão palavras
Misturadas a um jardim
Que sem perfume me atraem

Distante na tela brilhante
Os dedos trabalham incansáveis
Nos olhos não há outro alguém

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Desenhos

Jeito, cara de peito, vida que segue
Nada por aqui, senão o que veio daí
Qual dia, flor, você esteve alheia
Carrego não mais que uma caneta
Para desenhar-lhe com minhas letras

Peito, falta este jeito, cara, sossegue
Nada há de haver por estes lados
Que não mais que uma flor, solitária
Carrega sua caneta para desenhá-la
Longe de sua vista turva e triste

Num embalo cego a mistura das palavras
Quase se confundem com um carinho
São. Não. É. Talvez... um coração...
Que não se esvai pelas mãos escritas
Mas que se ascende com suas carícias

domingo, 21 de dezembro de 2014

Amar sem ontem

O mesmo que nada
Sua face oculta
Linda sob um manto
De luz apagada, falsa

Quis me aí, certo
Mas julgou-me, errado
Linda sob uma casca
Um corpo falso, falsa

Derreto-me às pressas
Qual dia será, verdade
Meu corpo esta em águas

Sorrateiro como nunca
Em sua vida uma única
Função, amar sem ontem

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Déjà Vu

Mais que um som no rádio
Umas palavras descarregadas
Um sentimento enterrado
Passado num único ato
Força de uma paixão incógnita
Desespero pela chuva
Morte, vida, esperança

Um ato descontínuo de mim
Quase um segredo aberto
Uma vista daqui da janela
A menina que brinca
A mãe que corre atrás dela
O cachorro que late seco
Eu que durmo molhado, pelo calor

Mais que um som no rádio
Umas palavras feitas de barro
Desfiguradas pela chuva
Trazidas pelo coração surdo
Não ouvia nada e nada fazia
Apenas olhava, sentia, dormia
Era assim, escrevendo, vivendo

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Posto isto

Voltava sempre para o lado errado
Até descobrir onde estava certo
Pisou fundo nas pedras e respirou
Deu-se que neste dia finalmente amou

Retornava ao ponto zero como a um forte
Mas não era preciso, impreciso é verdade
E cuspia sua vida de volta para a boca
Sugava sua saliva e se deitava, fraco

Se estava certo, não poderia sair dali
De dentro do que ele costumava chamar de ti
Por que no céu o sol castigava, mais que um trote

Se estava certo, não sabia ao certo
Mas sabia que poderia amar com medida
Pisou fundo nas pedras e respirou

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Fio da estação

Suave peito aberto à frente do coração
Minhas mãos desoladas ainda
Seu corpo em ritmo das ondas do mar
Cabeça voando entre os ventos do leste
Agitado como estes, confuso, irônico

Suave, peito fechado em frente com a vida
Nunca ouvir sua voz inquieta louca suave
Nosso corpo sujo na lama seca
Cabeça com olhos fechados vento soprando
Tranquilo como só, só me via jovem

As árvores quebrando seus galhos
Os perdidos se achando demais
Os frutos disto jogados morro abaixo
Junto com a nuvem que trouxe chuva
Molhando nossos dias de paixão

Hoje não são mais que uma ilusão
De que isto ou aquilo foi esquecido
Não figura nos dias, horas, minutos
Da atenção que um amor merece
É apenas um fio quebrado daquela estação

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Para escrever

Para escrever nada basta fechar os olhos
Para estar perdido basta esquecer olhares
Para querer perder os dias basta fechar-me
Para estar com você basta voar

Para fechar a porta basta uma briga
Para acelerar o carro basta-me os pés
Para chegar sem ir basta que você venha
Para você vir basta que eu seja eu

Para escrever nada basta que pare aqui
Mas teimoso como o sol pela manhã
Temendo ficar meses sem este chão

Queimando a alma estes revezes, não são opção
Corro feito louco para estar assim diante
Do que chama de uma eterna paixão

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Despedaçar

À luz do dia durante anos, felicidade
Num instante um muro, uma tranca
Palavras duras, presença descabida
Ao seu lado uma senhora do saber
Fez-la derreter-se em seus sonhos

Seus olhos, todos os olhos, seis olhos
Atentos e desesperados corriam-lhe olhares
Afoitos buscavam em vão suas mãos
Qual força estava de pé ainda, noite
Apenas um muro, alto muro se erguendo

O despedaçar não estava nos planos, mas sonhe
Pessoas sem sonho são guarda-roupas vazios
O despedaçar traz a força de juntar pedaços
A cola forte é a seiva do seu coração
E à luz do dia, novamente, seus olhos brilharão!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mire certo

Mire no alto e acerte o chão, não saia do meio fio
Buscar longe, porque se vai perto não esta bom
Mesmo que assim seja errado, certo é desistir
Formigas caminham longos caminhos, mas pra nós
Apenas um passo, não pise nelas, não pise
Levante os pés e pule sobre o formigueiro

Mire no alto, mas mire certo e saia correndo
Sua face cora, como se estivesse com vergonha
Deite-se aqui e durma... as formigas nunca dormem

Mire nimim e voe para longe! Adiante-se ao mar
Meu coração esta ansioso em chegar sua boca
Qual cheiro pode ser melhor que sua noite de sono
Mesmo que as formigas cubram toda a rua, ando
Ando só na calçada... olhos para o alto e para baixo
Quem passa? Quem anda logo à frente... Gente...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Calo cala

Calo cala harpa toca
Falo fala banda rola
Morro acima terra lá
Cá nada nada mesmo
Calo cala banda toca
Fala falo harpa esfola
O céu toco tudo fica
Cada dia dia finda
Nada à noite me esfria
Mala colo doce beijo
N'segundo tudo muda
Cala calo onde errei
Nada sei sei você
Noutro dia dia mudo
Mudo mudo vou aí
Nada aqui há aí?
Calo cala escute aqui
Vou me só vou a ti
Abra abre abro abre?
Durmo... Sonho...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Quero acordar onde você está

Quero acordar onde você está
Observar-lhe a tez nua e dizer
Que sem esperar não quero
Nada do que não pode me dar
Seu coração, sua vida, seu ser

Quero acordar onde você está
Preparar o café com amêndoas
Ouvir o barulho da manhã a dois
E mais dois a correr loucos
Pela sala a bagunçar o arrumado

Quero acordar onde você está
Estar ali melhorando a vida
Ouvir as desavenças e esquecer
Tudo pode mudar num segundo
Basta saber que a vida é curta

Quero acordar onde você está
Basta-me saber que os nossos dias
São uma grande e mágica passagem
De tudo o que sonhamos ontem!
Basta-me abrir os olhos e ver-lhe

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O certo sobre o errado

O errado e o certo na vida, no clarão da lua
Quando tudo lá no alto não faz sentido algum
O errado esta consumindo sua vida ferozmente
O certo esta acuado querendo ser sua brisa
Cego, vai caminhando sem brilho nos olhos
Certo que achará o caminho, quando, onde

O errado e o certo no caminho, no apagar das luzes
Quando seus olhos estão cansados e sua boca cala
O errado traz à saliva a acidez das palavras medonhas
O certo vai calar suas ações e deixar-lhe no chão
Quieto a pensar...
Quieto a pensar no que poderia ser diferente...

Quando a flor se abre e não tem perfume, pode secar
Esta fadada ao esquecimento, não ganha o sol
Não ganha da lua seu brilho mais intenso
Quando a árvore morre fica seu tronco, seco
Todos ficam ávidos por sua derrubada...
Deixe que a água flua por seu corpo, renove-se

Quando esta mesma flor desabrocha perfumada
Abrigada sob o sol que levanta vôo, ganha olhares
Ganha da lua seu brilho mais terno e verdadeiro
Quando a árvore admite a água em sua coroa
Todas as suas folhas ficam vivas e verdes
A água flui, o certo vence o errado...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Alheios

Qual seu estilo, sua verdade, os rumos que segue
Quem nos propõe são os mesmos que nos dispõe
Seguem a tentar, com força e frieza nos  desorientar
Qual seu estilo, sua mentira, o que conta de novo?

Não basta estar atento às flores no jardim
Regue-as, transfira de si toda sua força
Se quiser sentir o perfume da manhã fresca
Tem que cuidar com toda sua força, olhe!

Os gestos movidos por suas mãos
Mesmo que ruins pareçam, são bons
São tudo o que dispõe na hora do adeus

Os gestos alheios, não se importe
Mesmos que bons pareçam, são dúvidas
São tudo o que você não imagina, que sejam...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Tela apagada

Numa onda de leveza e perdição
O vento carregou meu coração
Levou-me sem graça do seu lado
Sem sol, sem ruído, sem vida, enfim

Numa onda de leveza e perdição
O vento alçou-me longe para sua estação
As portas trancadas, meu peito calado
Sem som, sem boca, sem enlace, enfim

Numa onda de leveza e perdição
O vento trouxe seu perfume
Carregado de desejo, um doce azedo
Sem olfato fiquei, sem tato lhe toquei

Num momento quis afastar-lhe
Sem sentido seguir seu perfume
Mas sua destreza em ater-me
Deixa minh'alma paralisada

O vento traz-me sua chegada
Chuva intacta que molha meu corpo
Corpo que esta mudando com seu afago
É a nuance que você impregnou na tela
Tela pintada a lápis que logo apago

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tempos atrás

Dos dias guardo as tardes
À beira da água guardo cores
Do fundo da alma, as flores
No canto do seu quarto, um retrato

Das noites guardo o barulho 
Do silêncio, sua calma
Sua cama, fria e esquecida
No meu canto, guardo as vozes

Esquecido por palavras desconexas
Quase morro quando lhe beijo
Um pedaço de mim se vai junto
Com seu adeus tão derradeiro

Se me esqueço logo me lembro
Não à toa vejo as ondas do mar
Por que era mais fácil naquele tempo
Em que vivia apenas para lhe amar

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Cheiro da manhã

Os olhos se abrem, o corpo se acende, ascende
O cheiro da manhã no quarto, sol aceso
O rádio toca suave um som ao fundo
Seria amor não fosse a dor frequente

As mãos se movem lentamente, paz
Um flor consome a luz do sol da janela
O cheiro do café subindo lentamente
O barulho dos copos se preparando

Sobre a grama uma camada do orvalho
Na cama ainda recuperando-se, café
Lá fora os bichos saúdam sua ração

O barulhinho da manhã toma conta
O embaralho da vida segue tentando
Superar-se a cada dia, renovação...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dias cinzas

Ventos nos escombros da alma
Vento frio, pedaços de calma
Quando o dia foi quente, sofreu
A queda, o cinza arrebatou o ser

Ventos no escuro da casa
Vento frio, pedaços do muro
Quando a hora foi quente, quebrou
Um pedaço da calma, chorou

Dias cinzas, temendo colorir
Os contornos do que foi a alma
Vede o sol indo embora, tarde

Dias de palidez temendo sorrir
Foi a inveja que lhe trouxe, ficou
Quando a hora foi sabida, aprendeu

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Sons do passado

Ao som curvo de enya sob a luz branda
Uma doce película sobre a pele colorida
Umas palpitadas no coração acelera-o
Uns olhos cerrados queimando amor
Ao som curvo de enya, paisagens inexploradas
Sem almejo do muito senão do momento
Querendo que o tempo parasse, mas lento
As mãos cantarolando o roçar esmagador

O corpo enrijecido e ao mesmo tempo relaxado
O lençol sob a lua se movendo conforme o tempo
Os olhos já fechados pelas estrelas que brilham
Eterno som de purificação que lava o corpo
Ao som curvo de enya, sons do assombro
Das lembranças do tempo parado, e lento
Querendo que o tempo voltasse, mas rápido
E as mãos suando frio pelo calor esmagador

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Socialismo

Faço da política um grande esteio
Nela percebo a quem interessa
As assistências e suas divisões
Para ganhar o dia a dia sem opressões

Faço da política um grande marco
Nela percebo os pulhas que singram
Quem esta andando neste meio
Com seus insteresses escusos, frios

Não caio por terra por agulha suja
Minhas mãos são limpas e sociais
Quero que à luz do mundo governe-se

Com a lisura das famílias honestas
Com a firmeza de um país crescente
Sem bulhões sangrando nossas veias

Seu mistério

Uma leve brisa sobre pele
O chocolate consumindo-lhe
Uma fina luz amarela sobre sua face
Um embrulho ainda guardando
Sua inocência, seu mistério

Uma tenacidade no olhar
Vontade de se dar, doar-se
O chocolate em suas mãos
Um embrulho ainda guarda
Sua pureza, seu mistério

Palavras ásperas, poesia que chega
Vontade de explodir, fugir
O chocolate que consome
Sua inocência, sua pureza
Doce mistério que guardo calado

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Impossível

E se fosse resto, seria infesto, seria a maneira
A maneira de dizer adeus por algo estranho
E se fosse perfeito, seria feito?, seria a mesma
A mesma maneira de parecer amável e bom
Estaria no caminho errado se fosse diferente

Seguindo os passos que estou deixando para trás
Duas ruas acima, uma flor que dobra a esquina
O perfume percorre as ruas laterais, perdido
Seguindo os passos que estou deixando para trás
Tentando refazer seu caminho num desespero

E se fosse certo, seria aqui, a me procurar
Procurando algo que não cabe no sol que ilumina...
... sua vida, seus dias, suas vontades, seria infesto
Infesto de preocupações por não percorrer seus dias
Seriam palavras quase suspiradas com medo das paredes

Olhando pela janela

Olhando pela janela tenho dúvidas
Um avião no céu, quem lá esta?
Quais sonhos... destinos... quem viaja ao lado
Perceba as instruções à sua frente, voe

Lá ainda no céu uma ave raspa as asas do avião
Para onde migra? Para onde voa...
Leva comida aos filhotes... quantos viajam ao lado
Perceba que são muitas vias, foque

Olhando pela janela as nuvens avançam
Proteja-se num canto, na sala, no quarto
Entrelace suas pernas num corpo quente
Junto daquele ser que não se cansa
De esperar

Se olhar pela janela e estiver escuro, durma
Não se aventure de olhos vendados, risco
Entrelace seus dedos e se abaixe, relaxe
Perceba que são muitos dias para correr

Olhando pela janela vi as crianças
Brincavam na grama e se alegravam
Com os cães que as perseguiam
Perceba que tudo esta aqui dentro, vivo

Descoberta

Um dia a flor acorda e dá-lhe sua suavidade
Um dia você acorda e percebe sua raridade
Quando são, não se localiza e some
Quando não, são os que o localizam e morre

Um dia mais tarde acorda, olha o relógio e dorme
Num dia mais tarde percebe o atraso e se consola
Não é mais que um brinde
Um coração num labirinto

Neste dia percebe que apenas amar não basta
Neste dia resolve com todas as forças encarar
As entrelinhas da vida e se dar
E cada ponto de seu corpo, amar

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sobre tudo deste mundo

É tudo sempre sobre tudo no mundo
Mas qual?
O meu
O seu
Certo?
Não!
É tudo sempre sobre tudo em mim!
Mas quem?
O de cá
Certo...
Errado!
Sim!
É tudo sempre sobre tudo que poderia
Ser
Viver
Esconder
Corre! Corre!
Mas como?
É tudo sobre como em tudo fugir
Um lance
Um lance de dança
Se esconder...
É tudo sobre nada no mundo
Apenas
Palavras
Sobre tudo deste mundo

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Pássaros

Uns pedaços da alma entre as mãos
Outros pedaços do futuro na outra
Alguns pássaros olham-me estarrecidos
Não, não atirarei pedras neles
São parte dos que me observam... Voam

Algumas partes da caneta com a qual
Consegui desvendar um mistério e escrever
Aquilo tudo que permiti-lhe conhecer
Duvidando de minha capacidade de dar-me
E tentei, mas tentei uma forma de não fazer-lhe mal

Noutro tempo os pássaros que me obervavam
Matariam-me com seus bicos apavorantes
Mas nestes tempos colhem água do rio
Ali fico observando o correr intenso, barulho surdo
Adormeço, e dormem ao meu lado...

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Os dias

Os dias correm nas veias do tempo
Segundos perdidos tentando ver
O que há de errado, de novo, do velho
O bom sentido que faz à vida amar-lhe

Os dias não custam nada além de atitude
E isto coloca uma flor no caminho
Mas seu perfume é carregado de espinhos
Consumindo suavemente minha juventude

Os dias são uma fina camada da vida
São como o sol que desponta na manhã
Ou você abre os olhos ou morre
Porque ele vai embora tão logo no horizonte

Os dias são tudo que temos para transformar
Transformar aquilo que nos acompanha
Os sonhos! Os dias são tudo que precisamos
Para fazer com os sonhos venham à tona na vida

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Sons

Sons floridos, doses de amor, gemidos
Dois corpos juntos, cheirando a amor
Estão aos gritos se entregando, dor
De noutro dia se lembrar, se foi

Sons floridos, doses da flor, contidos
Como absinto, o torpor do sexo seu
Na cama, na grama, seu apogeu
Meus olhos vidrados, miro-lhe

Sons incontidos, dias loucos,leve
Esta envolta sob os sons, leveza
Frenético movimento de sua pureza

Sons de loucos, na cama encanta
Como um abismo, se não ouço
Se lhe ouço não há labirinto, saio de mim

Se te vais

Se te vais, no escuro fico
Divina flor, retornes ao jardim lúdico
Se me encontro, te vais rindo
Não demonstras perturbação
E o luto em que me acho
Onde perdi meu coração?

Se te vais, insano pereço
Divino sol que me queima a alma
Se me encontro, já não ligo
Não procuras palavras
E a luta em que me acho
De novo dará em nada

Se te vais, quando volta?
Divino ser que passou e sumiu
Se me deixo levar, me perco
Não existirá talvez
E a lua renovará o céu
Se te vais, vou também

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O choque

Lá fora está estranho, vi em seus olhos
O brio sumindo, esvaindo-se entres os dedos
Minhas palavras jogaram-na contra a parede
O choque foi sentido daqui, poeta

Lá fora foi passado, vi em seus olhos
Olhos parados, imóveis diante das letras
Amargas, insossas, insanas, cuspidas
Contra a vontade, contra o tempo,

Aqui dentro ficou claro, era assim... verdade
O que doeu, restabeleu-se em grama verde
Não restou uma formiga para pisar
Todas foram cuidadas, libertas no mundo

Aqui dentro o poeta flutua, nuvens esparsas
Como esparso a conversa se foi
Nada dos pesares imobilizadores, relutava
E na crista de algumas palavras, mudou-se

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sufoco

Adianta um pássaro prender
Qual razão tens de um coração
Que dado todo seu, perder

Adianta a chuva abafar o calor
Num minuto perde-se tudo, frio
Que tenho posto a dianteira
Num escuro sombrio, sons e sons

Sufoco ao lembrar, teus difíceis ais
Solenóide de sentimentos, intensos
Num minuto flor, noutro dor

Adianta o sol vir e queimar
Teu corpo sobre a areia ante o mar
Pois tenho posto minha vida
Em tuas mãos antes de caminhar

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Força da luta

Não pare na pista, não arrede o pé
Suas palavras valem um tostão
E mudam o mundo, gira o mundo
Não se afaste daqui, se crie, recrie
Todo dia lutar, acordar e se doar
Dias escuros vem e vão, mas a luz!
A luz depende de seus olhos abertos

Não pare ainda, começamos o começo
Todos num mundo melhor? Lute!
Força, tenhamos força. Lute!
Não fique na espreita, mude o tom
Dê o seu máximo e terá o auge
Quero aqui, coração, um pesar...
Um perfeito raio deste seu luar

Não pare na pista, se vista! Saia!
Não consuma desta água turva, julga?
Se efeitos negativos fossem pra sempre
Não acordaria bem da ressaca... Estraga?
Lute até o fim, no fim os fins valem a pena
A força da luta é um grão a ser juntado aos outros

Acidez

Palavras ácidas, verdadeiras
Jeito menina de externar
E que se abre pro mundo
Num jeito doce de olhar, xingar
Ainda que ríspida, esta sob leveza
Mostra sua força, palavras, acidez

Palavras ácidas, puras
Jeito menina de manifestar
O que traz consigo guardado
Mais uma lata se abrindo
Estoura sem perder a leveza
Mostra sua cara, foca, batalha

Palavras reticentes, pura acidez
Não confunda... Jeito menina
Menina no olhar, caso feito
Estoura sua ânsia! Arrumem-se
Não adianta expiar, queime-se!
Mostra sua cara, ame-se!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deletado

Pare! À sua volta o som murmura, é som de alívio
Qual senão senão suavidade
Que distante aqui ouço suas intervenções no coração
Como um disparo curto
Paro!
Não me atenho ao sobre, mas ao como, quero dizer a você
Este som!
Não pareço com ninguém, senão comigo diante do espelho
E ali me perco, é noite, é sonho
Não corro, sento no chão... é noite
O dia virá, estonteante virá? Virá e pronto...
Digito minhas palavras e pronto. Mais um poema... E coração?
Esta aí em cima... deletado...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

E se é feliz?

E se é feliz sós só sou
A montanha distancia
A grama fica queimada
E se é feliz sós só sou

Distancie-se daí do medo
Cole sua face ao mundo
Não minta sua força, faça
E só é feliz a sós louco

Mire alto, acerte o certo
Quando aqui esta, errado
Não me importa, refaça

Assopre a flor de penas
Observe os fios voando
Meu coração os seguem

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

E tu, poeta

E tu, poeta
Sentado à beira deste abismo
Achas mesmo que nele estas?

E tu, poeta
Insano com tuas palavras
São loucas suas maneiras

E tu, poeta
Sentado à beira da praia
Esperando o por do sol
Quando chegarás?

Aqui, poeta
Tu és mais vivo
Fica poeta, ela te espera
Quando voltarás?

sábado, 8 de novembro de 2014

O tudo

Estar aqui e aí. Ser e não ser
Diante de mim uma vida
Queria ver o sol, doce mar
Sob nuvens tento me doar
Mas se me mato e não entende
Que o repente de um poeta
É sua aceitação, sem perguntas

Não aceita me mata me ama
Qual um pássaro voando sem rumo
Se neste dia me chama, vôo

O lado bom de tudo de todos
Cheirando a mato a mar engodo
Estou aqui como antes e sempre
Poeta mudo, mas um ser somente
Se querer fosse simples, queria amar
Como se tudo fosse uma passagem
Para a vida, para o infinito, para você

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Luta

Peito que sufoca a entrega
Noite que entrega sua voz
Corpo que fala por si, quente
Saudade do que fomos nós

Gotas da chuva que cai
Barulho isolado, cheiro forte
Gotas do seu suor, de manhã
Barulho controlado, ritmo

Peito que guarda  um coração
Dias calmos... Dias ríspidos
Seio que suporta a pressão

Saudade do que fomos nós
Dos dias de sorrisos... De sua
Incondicional forma de paixão

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ao lado

Não há luz sem escuridão
Não há amor sem perdão
Há um dia para cada coisa
E a certeza de que vivo estou
Quando me abro, acredito
Que preciso melhorar
Corro a ler um livro
 
Não há paz sem harmonia
Não há desejo sem vitória
Há um senão pra cada coisa
Uma dúvida posta no ar
Quando fecho os olhos
Não escrevo e acredito
Que preciso melhorar
 
Não há certeza num tiroteio
Não há calor com tantas nuvens
Há um porquê todos os dias
Saudável gosto pelo quê
Que quando caio, logo logo
Sua mão estendida, busca-me
Tão serena, feliz, minha...
 

domingo, 2 de novembro de 2014

Toque, se toque

Toque, me toque, seu olhar
Doce olhar de desejo
Sob o mar o banho, expurga
Dias ruins
Seus olhos, ardentes olhos
Pediu-me palavras
Dou-lhe meu interior
Seu semblante doce
Fez minhas palavras fáceis
Toque, se toque, meu olhar
Doce olhar me espera
Sob a areia da praia, sente-se
Fica a ver o mar...

Em círculos

Tenho andado em círculos
A poesia esqueci
Em círculos encontro você
Centro-me nisto
Errado não sei se sou, mas
Fixo seu semblante
A chuva que cai traz um cheiro
Cheiro da cor
Sigo andando em círculos
Busco você
Busco ainda minha poesia
Minhas palavras
Deito-me pela manhã com saudade
Encontra-me!

Tenho pensando demais
Feito de menos
São os feitos dos corajosos
O que é um coração?
Eu esperarei feliz por dias melhores
A poesia acorda
Andarei em círculos sim se preciso
Mas sairei daí
Na praia estarei jogando, observando
As pessoas
Quem sabe não lhe vejo por lá
Sorrindo sempre
Quem sabe não me reconheça
E me aceite...

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Seu olhar

Olhar ao céu aberto
Boca que cerra em desejo
Pele reluzente
O brilho sobre os cabelos
Qual flor és tu?
Margarida e suas pétalas
Somem ao vento
Rosa e seu perfume
Murcham em pouco tempo
Girassol e sua cor
Talvez... qual estação?
Se no inverno, passou
Despercebida, inócula
Na primavera, conhecer-te
No verão, ver-te
Tão árida do sol

Olhar ao céu aberto
Qual verdades escondes?
Tens um encanto, mudo
Mudo o canto, qual
Qual lado fico no quarto?
Acha-me
Fico logo ali na praia
Areia sob os pés
Tua pele sobre ela
Minhas mãos emudecem
Mas seu olhar vai loge
Gosto de imaginar
O que olhas?
A mesma lua daqui?
Talvez sim...
Mas tua luz aí encanta

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Mulher

Sua beleza me constipa
Suas palavras, quer-me?
Quando quer? Amanhã?
Amanhã a lua sobe! Doce mar
Sob este luar engrandece
As flores em botão

Sua beleza pura... Suas vozes
Eu vi tudo isso e olhava
Buscava palavras, qual espaço?
Haveria ante seu coração
Buscava palavras... As certas
Mas qual seria certa?
Senão as verdadeiras

Sua beleza me embriaga
Seu eu, puro eu, de mim
A cor de sua pele, doce pele
Qual país lhe receberá?
Qual boca lhe aguarda...
Você me deixa suave, saudade

Seu instinto de mulher, vejo
Sua aura de mulher, percebo
Minha luta diária se expande
A cada minuto, sentir
Mas paro e sinto
Seu perfume secreto... desejo...


Dilma só

Céu limpo, peito aberto
Coração salta, boca grita
Sol a pino, rumo certo
Coração valente! Te agita!

Logo é noite, o silêncio
De tua alma, teu repente
Sinto a dor, da triste flor
Tua alma me anima

Todos um, por Dilma só!
Pula pula! Acena a mão!
Logo é noite e tua força
Ruma certo lá no sertão

Céu limpo, peito aberto
Abre a boca e emociona
Traz à vida todo pobre
Devolve a nós dignidade

Céu limpo, sol a pino
Tua idade não impede
Grita forte tua alma
É o Brasil que a ti pede!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Meu Brasil

Norte Sul, Leste Oeste
Não se divide um coração
Não se esconde um povo são
Sou carente de ti, ó verdade
Como nas asas d'um pássaro

Norte Sul, Leste Oeste
Apresenta-te ó paixão!
Por uma terra abençoada
Por um povo mais digno
Igual a gente sendo gente

Sul Norte, Oeste Leste
Todos falam uma só língua
Mas os que tremem, caem
Não esqueças teu passado
Refaças teu presente, inclua

Todos nós, os brasileiros
Somos todos pele e carne, ossos
Somos um ofício do Maior
De norte a sul, de leste a oeste
Somos um povo guerreiro

Norte Sul, Leste Oeste
Meu Brasil não tem igual
O povo mostra tua força
Tua crença ó verdes prados
E te eleva ao lado certo

terça-feira, 29 de julho de 2014

Senão

Uma breve lentidão tomou os passos do Senão
Senão estava triste Senão estava alegre

Uma breve teimosia tomou a vida do Senão
Senão parava em tudo Senão queria nada

Uma leve claridade tomou os olhos do Senão
Senão estava vendo Senão estava escuro

Uma fina poesia tomou a vida do Senão
Senão estava escrito Senão estava amando

domingo, 1 de junho de 2014

No fim

No fim o fundo a brisa
No caminho a chuva
Ainda resta aqui o ser
Quieto sob a luz do sol
No fim a brisa, noite só
Quieta sob a luz da lua
O moço, com frio, não vê
Há uma trave nos olhos
Alheios olhos apressados

No fim o pai lhe espera
Mas apresse os passos
Sob a luz das estrelas, paz

No fim o fundo uma luz
O moço, com frio, agora sente
O calor, quente cobertor, chegou
O valor, calor humano
Sob os olhares mais atentos
É a luz, quente luz do sol
No início era assim

Quente colo se chorasse
Nas ruas passou silencioso
Deitou-se, rezou, por seu fim

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Acalanto

No frio, o banho e a cama quente
Na rua, a chuva e um descrente
Sob o teto, da TV reclama... bolsa
Carro, casa, novela... abismo

Na rua fecha os olhos... e amanhã?
Não sabe quem o acorda... quem passa
Quem passar primeiro... Imprestável!
Fácil julgarão, mas a cama é fria

No frio, o banho e as roupas
Sopa na mesa, novela na frente
No frio um corpo lhe aquece
Na alma do excluído, anoitece...

Pelas ruas silêncio, são quase três
Um carro quebrou o sinal, acordou
Pensou 'quem era?' Seu pai talvez
Não... não podia ser... Insistia

E da noite a lua ausente
Como seu corpo cansado
Sob o papelão da televisão
Produzida para gente...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Vindo se foi

Vindo se foi
Indo se ia
Ia e vinha
Vindo ficou

Ficou e partiu
Foi e parou
Olhou não me viu
Viu e se foi

Vinha e ficou
Voltou e me viu
Se abriu me amou
Foi e dormiu
Assim me deixou

domingo, 20 de abril de 2014

Tempo louco

Na rua, na beira, na esteira
Dos acontecimentos... nada
Pessoas caladas, tijolo na mão
Olhos baixos, nenhum senão
Na beira do que hoje é visto
Como relacionamentos digitais
Minhas palavras esmaecem...
Tortas palavras para um tempo
Louco como os que amam digitando
Teclando a pele alheia, luz nos olhos
Luz nos olhos que são os azuis
A violeta aqui não é flor... é dor
Da tela que passa tudo... traz nada

Na rua, na beira, na esteira
Do que proteje nossos dedos?
Neste tempo maluco, tudo é pressa
Corta a via como se estivesse só!
Mas à frente há uma criança...
Estava com sua mãe... grudada
Ao poste

Triste fim
Triste assim, logo fugiu

Na rua, na beira, na esteira
Mundo moderno não lhe vê
Ó flor...
Posta-lhe na tela, mas seu perfume
Fica contido no vasto campo
Onde alguns ainda ousam buscar-lhe
Mundo louco! Tempo louco...
O carro cortou a via apressado...
Era só uma criança... só uma criança...