segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Lapso de tempo

Lapso de tempo
Entende?      Tempo...
Qual lapso...       Ausente,
Quando olha
Sente o que se sente?       Assim...
Lapso de tempo
Comente?      Não ameace

Entenda o que se pode
Curta enquanto dure
Lapso deste tempo
Entende?         Nem eu
Mas quero,      pelo menos acordar
Entende?   Ou quer que eu desenhe?

Lapso
É tempo
Sem preceitos, nem receios

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Anda

Anda anda, tropeça em pedra
Calo, me calo, é calo nos pés
Anda, para, descança, ao viés
Fica, deita, acalme-se... esmera
Este amor, furor árduo do silêncio

Anda, cala, calo, caio
É calo nos pés, mãos
Pesada mão, sobre a areia
Anda! Mas fica... Não, fica!
Pesado ar, assim desmaio

Anda, tropeça e calça
Os sapatos brilhantes e fuja
Ainda que a noite não chega
Pois sob o sol vem o calo
Dos cabelos esbranquiçados

Anda, tropeça e voa!
Antes que venham os furacões
Calo, me calo, é calo no ser
Antes que morra por ver
O silêncio deste amanhacer

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ao seu redor

Se meus olhos pudessem falar
Falariam o que minha boca vê
Se meus olhos pudessem sentir
Falariam o que minha boca viu
Olhos mornos, boca fria, sinto

Se meus olhos falassem com você
Minha boca terminaria por lhe ver
Assim misturada à lua, na luta
Sob este sol escaldante, na busca
Do que não se vê, apenas se sente

Se meus olhos pudessem lhe ver
Deixariam minha boca finalizar
O sentido que não se toca, mas se sente
O sentido que não se aplica, mas que flui
Como uma planta que precisa de água e de sol

Se meus olhos pudessem falar
Falariam como é belo seu olhar
Que mesmo sem falar, sem compor
Traduz aquilo que sinto ao lhe ver ressoar
O canto mudo, barulho surdo
Aquilo que está repleto ao seu redor

Sob o sol

Sob o sol, sob a lua, o jogo
O caso, a beira, sem eira
Só pele, corpo, descaso
Sob o sol, de qualquer maneira

Sob o sol, sua luz, o jogo
Os olhos evasivos, luar
Lual sem o violão
Mas o jogo, ditado em dois

As raquetes ressoando o oco
A bola maltratada, seduzida
Sob o sol, água de côco, gelada

E as raquetes param tarde,
Sol a pino, cansaço... na hora
Você passou, bela, queimada, seduzida...



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Consumindo palavras

Palavras agridem, rosnam sob a lua
Traduzem sentimentos, confundem
Trazem o sabor do fel e queimam
Sou consumido por palavras

As palavras podem amar, ser
Somam-se ao sujo e limpam
Trazem clareza e paz
Sou consumido por palavras

Confusas palavras na mente
Músicas que traduzem atos
São letras interligadas
Quando triste, quando feliz
Sou consumido por palavras

Mero meio midiático
Sem som, sem vez, sem tez
Sou consumido por elas
Minhas entremeadas palavras

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A árvore do segredo


Num instante me esqueci de tudo
Toda uma vida que construímos
Deixamos passar cada detalhe em branco
Fingindo ser importante a ruína
Procuramos por algo cada vez mais puro
Deixando de lado o essencial
Que quando vem os ventos nos derrubam
E traz ao mundo ar mais jovial
Por que vamos às casas extremas
Aqui tem calor e cobertas, é só dormir
Por que deixamos sempre o frio doer
Quando por muito abrimos os olhos, é hora de sair
Quando deixar de ver o nada
Deixe também de ver a rua
Por traz daquela montanha lá no alto
Há uma árvore com o segredo da lua
Tudo cresce e volta a regenerar
O coração, a vida e a razão
Tudo cresce e volta a escolher
Que vida, que luz, que amor?
A árvore carrega o segredo
Minha juventude vai ao limite e durmo
Cai, escorrega e vai fundo
Depende do caso em xeque
Depende de quem possui meu coração

2007

Soneto de vingança


Temos fome e sede de saber
Temos de lado a paz.
A guerra vem estremecer
O que outrora era o seu lar

Temos fome e sede de fazer
Temos de lado a força.
O astro rei esfria o amanhecer
O que até outrora era nossa dança

Se hoje penso no descaso seu
É que não mais acho sua essência
O que ontem era desespero em ser

Hoje é somente um vazio
Uma luta insólita por vingança
Em trazer à tona o passado... e esquecer...

2006

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Decisões

Nos dias menos favoráveis
As aves simplesmente descansam
Antes da tragédia
Esperam os ventos soprarem
Tomam suas decisões
Amontoam-se nas árvores
Dormem

Nos dias menos favoráveis
As aves às vezes voam
Arriscam suas asas e planam
Depois de tomada a decisão
Machucam-se, estilhaçam-se
Não há mais tempo
Não olham para trás

Nestes dias desfavoráveis
Há no ar um misto de dor
De desrespeito para consigo
De despreparo para viver
Estas decisões foram tomadas
Nestes dias não adianta soluçar
Tomemos o vento!

Em qual rota teremos decisões
Que favoreçam apenas a felicidade
Que não machuque sem querer
Que não trucide a paz
Nestes dias não muito condizentes
Queria tomar-lhe a mão
E estar na segurança do lar

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Teu amor

Em qual espaço dentro da lua
Sob este sol hei de achar
Em qual lua dentre este espaço
Sob as estrelas hei de te amar

Sob qual pretexto encontro-me
Ante meus olhos deitas
E mesmo que abalada estejas
Descansas sob meu olhar

Em qual espaço hei de ver-te
Com a pele nua a devorar
Canções, sabor, silêncios

Em qual espaço hão de ver-nos
Felizes, calados, cúmplices
São canções, és teu amor

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Alma

Pedaço do ser intangível
Ser invisível, mas presente
Nos olhos, no corpo
Expressão que culmina
Em dias felizes ou não

Pedaço do ser incompleto
Sem o fim que marca
O início do jeito certo
Os olhos, o corpo, portas
Para a alma, intangível
Expressa sob a expressão do ser

Alma sem cuidados
É ser amargo e findo
Nada há sem cuidar
Orai e pedi paz
Pedaço do ser que é invisível
A não ser aos olhos...

Pedaço de nós que culmina
No fim que é início
É tudo por ela
Desde o sopro divino
É pedaço que molda
Os dias que nos seguem...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Érica

Num dia lá atrás num ônibus
Pra casa volta, se senta
Em outro no portão sorri
Mas noutro apenas chora
A história não findaria ali
Anos a fio, lágrimas e felicidades

Hoje em casa deita e dorme
Sua pele de seda me entorpece
Corre corre e corre
Se cansa, se ajeita e dança
Qual dia não vemos o sol
Venha comigo, deitar-se
Sob a lua, sob as estrelas

Passar pelos corredores e ver-lhe
A aliança levar à boca
Sentir que posso perdê-la
Me enlouquece, me mata e cala
O coração confuso, horas más
Não se canse, me ajeito, me arrumo
Passar por onde passa, amar

Qual dia nossa casa comprar?
Nestes dias a turbulência arrebata
Paciência, paciência, paciência
Por ora nos basta rezar
Aprender que nada é por acaso
Nem a dura lição de não se safar
Das privações do sistema e se calar

Érica menina amor e flor
Em seu peito a coragem flui
Em seus olhos a luz é azul!
Suas mãos serenas com o filho
Em meu peito amor
Dias tranquilos hão de vir...
De mãos dadas sempre em frente!

sábado, 20 de outubro de 2012

O poeta

Acordar, sair, rezar
Cantar, ceder, amar
Nada aqui, ali, acolá
Apenas ver, ouvir, amar

Amanhecer, sentir, o sol
Queima, fica, corpo
Quente corpo, acolá
Apenas sentir, amar

Qual
Quem
Onde?

Amanheço assim
O sol assim
Onde vou?

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Beije-me

O que esta ali
Seu poder sua carne
Meu desejo
Sua força, halito
Qual?
Como?

Ali um ser frágil
Sob a carapaça da tartaruga
O eu querendo
Quando?
Onde?
Os dias findos

Quando acaba?
Sob esta lua...
Vamos!
Agora... já!
Não entendo estes dias
Frios demais

O calor esgotado
Quero um corpo
Uma alma serena
Ouça... minha voz
Retruque agora...
Acabei... beije-me...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ante o mar

Calmo mar
Andar calmo
Suave pisar
Pisar o mar
Olhos verdes
Mata verdejante

Calmo mar
Mas atente
Noroeste próximo
Sem calmo mar, mas
Olhos verdes
Verdejantes pastos a balançar

Calmo mar ainda
Hoje, ontem, olhos
Foram-se no mar
Sereia, mistério
Doce falar
Nada a dar

Embora calmo
Doce mar
Olhar
Perdido na maresia
Que quando volta
Nada pode falhar

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Alma... desejo...

O sangue escorrendo
Medo medo
Palavras quais?
Neste ar quais ares

Nenhuma lua
Nem um sol neste dia
Apenas o mar
Raquetes trovoando

Onde estão
Os dias tranquilos
Cabeça sangra... corpo
Corpo que enlouquece

Sua cintura
Sangue acelerando
Culpa do coração
Rápido bombeando

Sangue escorrendo
Abriu-se a cratera
Alma que se deita
Quando se ajeita?

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sob a lua

Na rua num dia sob o sol
O carro para, se ajeita
Estende a mão, acena, esmaga
Livre é, buscando seu melhor
Cuida cuida, acende sua calma
Na vida no tom, na malhação

Na rua num dia sob a lua
O carro para, sai e se anima
Canta grita e berra
Ó mundo veja!
Livre, leve sob a blusa
Cuida cuida, na praia, neste mar
Meu nome é comemoração

Na rua, num dia, vi-lhe passando
Tão sutil, querendo o bom dia
Ao trabalho e apaga-se isto
Por que isto é desejo, sutural
Mas não pode ganhar vida
Acaba-se assim... tudo
Toda esta aura e magia

Na rua me beija, como vai
Vou bem se vejo o sol
Na praia que nunca foi
Ainda espero, ainda é de dia
Luto luto luta! Caia e se levante
Assim que sigo... assim
Mas me espere, nem que seja
Para um despertar sob a lua...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Assim assim

Qual momento qual caminho
O ser caminha logo enxerga
Verdade vejo, mas nada sinto
Qual sol me aparece frio?

Qual momento a mulher excita
Palavras vis... assim assim
Assim? Peito surta
Desejos... vem... me exausta

Qual dia assim assim
Sua lembrança... o dia
Clareando, conversas
Intenso, mas sutil assim assim

Você contando
Eu escutando...
A lua alta... assim...
O beijo que escapou

Nada demais
Asim assim
Pra outro dia
Não escapar mais...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Amar se há mar

Ver o mar amar
Ver o sol atol
Cantar calar
Quando vai se vai
Estar aí aqui
Nada há tudo
Que assim é sim
Não pode não
Ver o mar há mar?
Amar ver o amor
Veropoema
Qual luz brilho só?
Nada há que amar
Nada puro simples ar
Por ao lado só mar
Ondas que vão como eu
Ondas que vem como eu
Nada há senão mar
Triste ar feliz do sol!
Que do lado atura só
Veropoema que não é seu
Feliz aqui mar aí
Amar se há mar
Assim em silêncio...

domingo, 23 de setembro de 2012

Meu violão

O calor subindo... o passado
Não... quero aqui
O presente
Suas palavras, suas perguntas

Nada aqui mais real
Uns minutos pensando
O que eu não vejo
Tão assim de perto

Qual sensação?
Ao som...
Suave aos acordes do violão

Não quer-me
Tocando
Suavizando minhas emoções...
Por que tem medo (?)

Boa idéia

Algumas palavras que ouço
Como num papel
Estão escritas na tela
Boa idéia esta sua
Mandar carinho somente
Como se os outros
Fossem os outros
Se beijo...

Algumas palavras que ouço
Não são ditas
Mas escritas!
Quais palavras? Postergo...
Por que nada faz sentido
Não fosse esta gana
De querer o real
Realmente aquele papo

O papo
A veste
Palavra
Jogada

O papo
Boa idéia
Entrelaces
Qual sentido?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Momentos

Momentos são como um balão
Que passa, esmaece e some
Acho que sou como um balão
Não canso em procura do óbvio
Mas quero manter quente o ar
Subindo, subindo, subindo
Queria ser um balão
Nestes momentos coloridos
Onde a diferença do ar
De dentro e de fora
Determina por onde voar

Momentos são um balão
Com suas idéias momentâneas
Que passam, esmaecem e somem
Acho que sou como um balão
Pilotado pelo desconhecido que não me fez
Mas ele controla o ar...
Por onde vou?
Quem agora controla o balão
Nestes momentos incógnitos
Que quando o momento da noite chega
Ninguém quase percebe o balão

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Qual resposta?

Minhas mãos suam
Junto com minhas idéias
Meu futuro estraçalhado
Por onde vão as rédeas?
O cavalo está voando!
E as nuvens cobrem tudo
Está tudo em suas mãos
Mas onde estão suas mãos?

Minhas mãos suam
Junto com estes dias
Em que o morno mofo
Retira de nós o brilho
O cavalo não para!
Quer passar por cima
Do nosso brio, nossa luz
Quer respostas... quer dinheiro!

Minhas mãos suam,
Minhas costas doem
Minhas mãos atadas
Meu corpo tenso
Junto com estes dias
Longínquos demais
Qual resposta?
Qual resposta?

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Sua lembrança

Louco como um tal zé
Pensando com meus botões
Não encontro sua razão
São uns quase tantões
De tudo que pode ser amanhã
Não me resta muito do que pensar
Custo a aprender valorizar
Os dias que parecem obscuros
Mas você me aparece
Sempre nestas horas impróprias
Traz-me conforto e sei lá o quê
Vem de sei lá onde, mas fica

Durante a música que não cessa
Dorme em meus braços
Totalmente atônita e cruel
Mas fica
Ali sem dizer uma só palavra, me beija
Me ama, me cala e me acalma

Louco eu como um tal zé
Não encontro sua razão
Não me resta muito do que pensar
E achar-me por aí... perdido em sua lembrança

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Abandono

Abandonado ao som incerto
Boca entreaberta esperando
Quando chega?
Abandonado à essência de nada
Quando os dias demoram-se
Apenas perseverando a esperança
Tentando, gemendo, clamando...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tantas Palavras

Queria ver-lhe!
Apenas estar aí
Sem a lua... manjada
Boba... tirando meu brilho

Nosso beijo!
Quem está tranquilo?
Aqui estou sério
Querendo o cheiro
Da pele, beijo, cheiro

Apenas isto...
Uma menina gótica
Querendo sentir
Intumescência suave
Ali

Me abandono assim
Vamos?
Fico... fica...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ver-te não

Ver-te só
Corpo quente
Mente longe
Suspiros

Ver-te só
Desprezo em mente
Corpo deslizando
Suspiros

Ver-te só
Corpo sedento
Desilusões
Suspiros frios

Ver-te somente
Desejo quente
Mente longe
Teu corpo nesta mente

Ver-te ali
Nuns dias estranhos
A boca fechaste
Minhas costas, meu eu

Ver-te ali
Para trás na rua
Sumindo, sucumbindo
Ver-te não

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mundo seres

Libera libera libera libélula
Libélula libélula voa voa
Voa voa soa entoa liberta
Canta canta esvoaçoa voa voa

Canta canta cansa encanta descansa
Fica adormece voa voa
Libera libera beija beija
Voa entoa canta descansa

Livra livra este canto
Cansado cansado
Espera espera descansa
Dorme dorme sonha

Liberta libera voa voa
Asas asas libertas libertas
Plana plana observa canta
Amar amar mundo seres

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Na beira da praia

Na beira da praia
O horizonte deitado
Sua lembrança na mente
As águas molhando
Os pés, as mãos
Flores enfeitando
Os arredores, onde está você?

A temperatura aumentando
Seus olhos cadê?
Na beira da praia
O horizonte deitado
Sua leveza passeando
Em minha mente
Minha imaginação

Que se cure
Sua ira!
Seu pretenso mar
Na beira da praia
O horizonte deitado
O sol amenizando
A lua chegando

O copo cheio de amor
Esperarei!
Na beira da praia
Com o horizonte a se deitar
Nada mais posso querer
Acorde!
Venha e se banhe...

domingo, 8 de julho de 2012

Você

Boas novas
Azuis mares
Você
Doce dia

Boas canções
Dias assim
Você
Doces dias

Novas arestas
Polir
Cantar assim
Você

Dias melhores
Andar
Viver assim
Você

Boas novas
Melhor estar
Amar assim
Você

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ferocidade

Tão quente como o mar
Cale-se! Ouça apenas
Meu coração frio,
Feroz apenas consigo
Tão quente como o gelo!
Procura, mas olha umbigos

Tão quente, friamente quente
Olhos vermelhos
Ferocidade nos lábios
Quentes lábios sedentos
Pela água, água quente do mar

Os meus pés pisando palitos
Fisgando a sensação de perda
Por onde deveria andar?
Aqui estão ferozes como águias
Tentando tirar ânimos
Procurando matar com dilúvios

Tão quente como o mar
Como você, como qualquer beijo
Como o gelo que pousa em seu umbigo
Gerando vontade de continuar
Deite-se! O beijo será longo
Tão feroz quanto o desejo de você


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Restos de razão

O que buscas coração desajeitado
A esperança pode não morar aqui
Mas a coesa razão ainda habita
Ainda que atrapalhada, mas mora
O que buscas coração desnudado
A seiva do fel ante teus descabidos
Desprovidos e desmoralizados  Eus

Buscas verdades e mentiras juntas?
Viver somente não é o bastante assim
O que buscas coração meu, sem noção
Do tempo que participas despercebido
O que buscas na verdade neste mar
Buscar a lua não é o bastante? Pedes o sol

O que fazes para ter este doce palavreado
Gastando o pouco que te resta deste amor
Ingrata dor escondida... apenas deite e ouça
Descanse para o dia depois do amanhã claro
Com o sol a pino... relaxe...
O que buscas além de mim? Tu?
Tu és quase nada já, mas as buscas
Tolas e bobas são razão... ou o que sobrou dela...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Velejadores

O amor é como um imenso veleiro
Esperando os ventos soprarem
Para que possa exibir
No meio do mar toda sua imponência

Velejando, porém, basta uma pedra
Para que a força da água se mostre
Nestas horas é preciso docar
Consertar a ferida e novamente velejar

O amor agora sabe tomar seu rumo
Enfrenta o mar mais sabiamente
Abaixa a âncora se o mar se agitar
E desfila sua beleza fazendo barulho

Dois veleiros se cruzam longe neste mar
Apenas o apito consigo identificar
Suas cores me parecem quentes
De amar o mar e renovar...

Somos velejadores neste instante
Cruzando as  águas e suas correntes
O amor é como um imenso veleiro
Esperando os ventos soprarem

sábado, 30 de junho de 2012

Mara!

Esperanças... perdidas:
São a bonança do que busco
Avança em mim!
Dança... em meio à esta lambança

Qual festança
Poderia gerar esta criança
O poeta
Quanto mais cai mais alcança

Sua garganta... como uma gansa
Mansa em meio aos cabelos
Mais exatos ao meandros
Sua ínfima trança, amor

Esta triste pujança
Remediando sua pança
Lança seu amor!
Não! Cansa... quero descansar também...

Ninguém

Ninguém aqui
Minhas batidas soltas
Onde acho?
Meu amor... minha vida

Ninguém aqui
Não pediram
Meu amor
Minha vida... vinda

Muito prazer
Foi o que ouvi
Mas nada
Nada que pudesse me fazer

Fazer estornar os dias
Os sóis
Apenas quero
Ir à praia

Esperar que você apareça
Assim do nada
Sem nada na mente
Sem nada demente
Eu aqui... ninguém ali
Ninguém aqui... apenas o mar
Apenas o mar...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

OnDaS

OlHo SuA fAcE e PeNsO nO sOl
InEvItÁvEl...
NãO pArO uM sÓ sEgUnDo
PoR qUê? LiNdA mEnTe... InSaNo CoRpO

Lá E cÁ sEu PeRfUmE... qUaL sAbOr TeRá?
Vá E mE rEsPoNdA,
NãO hEsItE
EnCaIxE-sE

Lá E cÁ nEsTe ImEnSo CoRaÇãO
QuErEnDo BeIjO
NãO eNcAiXe
HeSiTe, mAs Vá

OlHo SuA fAcE e PeNsO nO sOl
CoMo EsTaRá O mAr
AgItAdO?
CaLmO aQuI...

As OnDaS rEbEnTaNdO
AqUi E lÁ
A fAcE... o CoRpO, a MãO
OnDaS qUe Me LeVaM

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O início

Começando pelo inicio
Onde o coral se abre sob o sol
Deixa seu resquício
Do que um dia fora no atol

Começando daqui, o nascimento
Momentos moldados a lápis
Onde esta a caneta para finalizar?
O rascunho já esta pronto!

Começando pelo início
Sua face beijar
Meu coração atenuar
O amor finalmente dá indícios

De que pode realmente nascer
Sem deixar nada para trás
Nem mesmo este início namorar
Nem mesmo esta vida a pelejar

Começando pelo início
Mas algo ainda vem amedrontar
As vistas que teimo em carregar
O amor finalmente dá indícios

De que pode enfim florescer
Nesta vida errante a carregar
O fardo pesado deste farto passado
Enfim nascer... enfim morrer


terça-feira, 26 de junho de 2012

Não sim talvez quase quase

Sobe e desce para e corre
Não fica... fico
Desenrola deixa e surta
Não fico... fica

Cala calo ouça entenda
Não posso, mas vou fico
Pairo esqueço sob o sol
Suas madeixas esvoam-se

Para paro o carro quase
Passou-lhe por cima escuto
Junto aqui de noite abraços
Onde qual como e quando

Não sim talvez quase quase
Assim meio mudo meio surdo
Vida sentida faro calejado
Você me amedronta cale-se

Cálice talvez bom vinho
Medo fúria amor dúvida
Não sim talvez quase quase
Assim louco, você louca
Não sim talvez quase quase

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dia após dia

Dia após dia
Noite após noite
Sua aura me calhando
Neste mar, observando
Os barcos que vem e vão
Dia após dia
Noite após noite
Esta lua lá no alto
O mar tranquilo indo
O mar tranquilo vindo
O barcos que vem e vão

Os peixes frescos desembarcando
Minha vontade crescendo sem limites
Dia após dia
Meu coração dado ao mar
Noite após noite
Minha vida a velejar
Quando todos não esperam
Aparecem...
Trazendo notícias
Trazendo a pele dourada

Dia após dia
No mar a pescar
Trazendo alimentos vivos
Noites pensando
Na menina na cama
Ficou lá pensando
Na ilha agora deve estar
A lua como irmã
Sóis ventilando esperança
Dia após dia
Neste imenso mar
A navegar...

domingo, 24 de junho de 2012

O palhaço

Ele sai assim meio de lado
Quando ameaça ser sério, cai
Riem, mas é sério, ele caiu
Poeta, palhaço, feito de traços

Ele sai assim meio para o lado
Estranham, quando ameaça
Acreditam? Palhaço, verdade
Poeta, louco, palhaço

Ele anda assim meio sem rumo
Ameaça amar, mas fica
No semáforo, observando
Os poetas, de latas, com birras

O quê? Palhaço...
Estranho, calo e sigo
Riem, encantam-se, mas nada
São palhaços, não acreditam...

Sinto sua falta


Eu posso sentir os ventos
Quando eu olho pro céu
E eu sinto suas palavras más
Mas eu sinto sua falta

Qual razão
Quando olhou aqui
Sentiu assim? Mal
Sinto sua inexistência

Eu posso sentir a brisa
Quando diante do mar
Minha raquete ali encostada
Meu corpo na razão

Consigo sentir o sal
Quando meu corpo nu
Banha-se neste mar
Águas do sul, da ilha


Eu posso sentir os ventos
Quando eu olho pro céu
E eu sinto suas palavras más
Mas eu sinto sua falta


Mil ruas

Cada traço das ruas
Das raças que habitam
Cada canto desta terra
Ressoam práticas boas
Mas ecoam destruídos
Mandam tirar do indigno o pão
Mas comem a carne apodrecida

Cada traço que habita
As raças das mil ruas
Nesta cidade morna
Nestes cantos esquecidos
Minh'alma esquecida
Não habita sequer o corpo
Esquece-se daquela ida

Nestas veredas amarelas
Uns olhos bem metidos
Na lã esconde-se do frio
E eu que de tão vil
Não me esquento e você passa
Pra cá e pra lá
Passando despercebida

Nesta rua, mil ruas

Ressoam práticas boas
Mas ecoam destruídos
Mandam tirar do indigno o pão
Mas comem a carne apodrecida
Aqui pereço, aqui padeço
Não revejo seu amor, esquecida...


sábado, 23 de junho de 2012

Espero pela poesia

Espero pela poesia como a uma faca
Que ela rasgue minha carne e jorre
Toda a sua fúria sobre minhas mãos
Que me engula como a uma onça
Faminta por carne fresca e por vivacidade

Espero pela poesia como a um vulcão
Cada dia mais ativo e imprevisível
Detonando minha perspicácia segura
Não dando chances para saber onde
Devo esconder estas verdades mentirosas

Espero pelas palavras escritas
Com o peito aberto conjeturando
Cada medida impensada e crua
Ainda sem a seiva do intenso
Do amor faminto e quente

Espero pela poesia como a um jaguar
Rasteiro, ligeiro, mas magnífico!
Escrevendo seu roteiro de medo
Roteiro de caçadas intermináveis
Gerando pra si forças intrínsecas da carne

Espero pela poesia
Como ela espera de mim
Confissões sobre a morte
Que não da alma e do corpo
Mas das letras em si, sobrepujadas


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Palavras mudas

Fora de alcance
Distante
A luz na face
Brilhante

Alguns metros longe
Distante
Uma vida distinta
Errante

Dias doentes
Buscando
O quê, qual, onde
Incógnitos

Qual dia posso
Ver
Verdes mares ao lado
Seu

Nuns dias cala-se
Por quê?
Noutros parece tão perto
E longe

Quais palavras posso
Usar
Quais sensações devo
Reter

O coração é um demente
Intempestuoso
Mas o amor é suave, porém
Mudo

Palavras são mudas quando sem
Sentido
Eu sou inconsistente quando sem
Direção...



quarta-feira, 20 de junho de 2012

Novo...

Fui despretensioso, mas seu perfume
Ao passar e ceder-me o rosto
Fez-me ter a certeza que as flores
Ainda estão ali... perfumando

Fui sem saber o que haveria, mas
Quando dei por mim algo já acontecera
Meu coração... palpitando
Como nunca dera sinais, nunca sentira

Olhei em volta... a lua mais branda
Os pássaros em minha mente
Alçando vôos mais altos
Mais certos desta vez... sem quebras

Sem desprezos que maltratam
Sem julgamentos que retratam
A falta de sensibilidade
O amor que nunca rege
Não é amor
Mas uma comoda forma de viver...

Olhei em volta
Segui em frente
Estamos quase lá
O mar revolto deu-me seu barulho
Meus acordes ouviram
Aqui nasci... aqui quero morrer...

Quando digo

Nas ruas alastram maldades
De noite jorram palavras
Que não dizem nada

Nas ruas correm feito loucos
De dia ameaçam as crianças
Que não dizem nada

Nas ruas protestam por nada
Na cama aquietam gemendo
Depois não dizem nada

Você anda pelas ruas invisível
De noite não sinto seu perfume
Suas crianças o que dizem?

Nas ruas não vejo meus passos
Você passa, eu passo
Nenhum de nós ainda dissemos nada

terça-feira, 19 de junho de 2012

Amor ácido

Eu gostaria de ter apenas um motivo para insistir
Enquanto tenho mil para me afastar
Este seu amor ácido está minando meu ser
Não consigo entender por onde você anda

Eu gostaria de ter apenas um motivo para viver
Assim como tenho dez para trazer à vida
Este meu amor guardado revigorando meu ser
Não posso entender como pude caminhar

Eu gostaria de ter este mesmo motivo
Que quando me deito me assombra
Que quando acordo me aquieta
Não entendo as canções e seus poemas

Este amor ácido
Triunfando diariamente
Resistindo não sei porquê
Trafegando livremente como um pássaro

Este amor ácido enfim
Que descansa vitorioso aqui
Dez motivos tem para se instalar
Mas apenas um... para de vez escapar...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tempestade

Noites em claro como a de ontem
Dias a fio esperando, mas o tempo
A tempestade aqui dentro e o céu
Tão denso quanto nebuloso em fúria

Dias mais intensos, claros não
A tempestade se aproxima
Meu coração ainda sem razão
A emoção na frente, na cabeça

Noites de ontem, quando tudo
Foi embora como se nada
Pudesse quebrar estes dias
Em que penso, apenas penso

Em você, mas em nada ao mesmo
Tempo frio, tempestade quente
Mais suave que brisa ao mar
Quando não quero mais voltar

domingo, 17 de junho de 2012

Meu amor agora

Tocar-lhe
Amar-lhe
Ver-lhe

Tocar-te
Amar-te
Ou a qualquer lugar

Amar-lhe
Tocar-te
Ver-te

Amar-te
Tocar-lhe
Toques sutis

Ver-lhe
Tocar-te
Onde esta?

Ver-te
Amar-te
Pode ser aqui

Venha
Vou
Aqui estamos

Vou
Venha
Estamos a começar

Venha, vou!
Fica, fico!
Desperte! Amo agora...

sábado, 16 de junho de 2012

Quer-me

Estava a respirar
Algo me veio
Lembrei-me
Seu olhar
Naquele instante
Naquela rua
Dediquei-lhe
Uma música a saber
Verdade verdade
Ei você
Anjo do meu
Do meu pesadelo
Por onde anda?
Com quem se deita?
Quer-me?
Mereço?

Estava a respirar
Lembrei-me disto
Daquilo... vontade
De beijar-lhe
Amar como antes
Apenas estar aí
Aqui também
Este corpo desejo
Esta lua
Quer-me?
Mereço?
Às vezes quero
Estar aí...
Por que faltou...
Seria o beijo
E fim...

Vem! Anjo da noite
Vem! Deita-se aqui
E aquieta meu coração
Traz-me sua canção...


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Vastos campos de palavras

Vastos campos de palavras
Não suprem as idéias
Os atos impensados
Das conversas insensatas

Vastos campos de palavras
Conduzem um coração
Mas são insuficientes
Para trazer-me realmente
Ao que sou, ao que quero

Vastos campos de palavras
Minam minhas intenções
Queria um beijo somente
E partir sem deixar rastros

Vastos campos de palavras
Trazem esta força
Conduzida na ponta dos dedos
Fazendo estragos  em vida

Fossem como um campo de flores
Alguém passaria, beijaria a pétala
E seguiria em direção ao sol
Ao poente descansar em paz
Com a lembrança suave da flor

Vastos campos de palavras
São faltantes para as idéias
Viver ou amar? Correr ou ficar?
Inúteis estas palavras vis...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Encontros

Durantes as tardes observo as pessoas
Onde estará sua face, o sorriso
Durantes estas tardes apenas entendo
A distância entre o sorriso e as pessoas
Não percebo ali no meio sua luz
Passo despercebido por sua vida

Durantes as tardes, nos poucos minutos
Atravessando as paredes
Procuro por algo inconsistente
Durante as tardes, dentre muitos
Atravesso sorrateiro pela terra
Seus olhos não vejo, sua boca

Às vezes nestas tardes são alguns segundos
Seu corpo passando, seu perfume no ar
Meu coração se estranhando
Não entendo onde isto estava
Esta tarde remexendo inquieta
Este peito adormecido...

Às vezes nestas tardes seus olhos se erguem
Me aparecem meio confusos
O sorriso, o perfume... alguém me cutuca
Vamos embora! Lembro-me de regressar
Onde estará amanhã?
Aqui?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Começa o início

Começa o início... eu completo sua ânsia
De viver, amar, rezar, cantarolar
Não posso sozinho desviar este curso
Da vida, do ser, de ser, amar

Começa o início... seguirei você
Na vida, em tudo, neste canto
Não consigo sozinho desviar
Da vida, do ser, de ser, amar

Começa desde o princípio
Neste vilarejo, neste cantinho
Não posso sozinho, queria,
Mas não consigo, falta o ser

Começa o início desde agora!
Neste vilarejo, nestes caminhos
Cruzados caminhos sem acaso
Sem amor, mas com amor, com ser

Começa assim o início, já!
Quero sim este beijo, luz
O que há? O início... verdadeiro
Caminhos cruzados, noites a vir...
Da vida, do ser, de ser, amar

terça-feira, 12 de junho de 2012

Querer

Queria ter algo que continuasse
Não algo que sempre começa
O sol não para de brilhar
Nem a lua com seu brilho cessa

Queria algo que pudesse eternizar
Este coração sedento
Não algo que pudesse quebrar
Esta visão ao relento

Nos dias mais tristes, noites sós
Queria algo no que acreditar
Não os dizeres quando tento
Somente a mim, impressionar

Queria algo que continuasse
Até os dias mais longínquos
Quando da terra não nos separaremos
São os fins que não justificam os meios

Queria algo para sempre
Como as estrelas desde pequeno
Brilhando nos dias mais solitários
Não aquela cadente, veloz e finda

Queria as palavras mais verdadeiras
Dos cantos mais pesados desta dor
O sol brilhando cada dia mais quente
Mais confortante para este inexistente amor

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Na verdade a mentira

Na verdade não quero nada além de mim
Nada que vá além, não o que vem de mim
Nada que pareça mais certo, mas errado em mim
Nada que pereça errado, certo estar assim

Na verdade não preciso de nada além de você
Nada que venha além, não o que há em você
Nada que pareça estar certo, o que há em você?
Nada  me parece certo, errado estar assim

Na verdade pode não haver verdade assim
Nada que possa nos tanger com isto de nós
Nada que venha errado que não fique mais certo
Nada que de certo não pareça estar errado em nós

Na verdade tudo parece mentira
Nada que algumas palavras não tinjam
Nada que as cores não deem jeito
Nada que na verdade não pareça mentira

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ao som de blues

Olhos inocentes procurando o que desejar

Algum dia

Alguns dias são tão nebulosos
Como esta chuva de fim de tarde
Não sabemos ao certo o que virá
Amanhã pode ser o sol ou nuvens
Trazendo ainda esta indecisão

Alguns dias são mais verdadeiros
Ou não revelam nada
Ainda que tudo aqui possa valer
Seu beijo distante, sua vida
Mais ainda estas luas sombrias

Alguns dias penso em você
Noutros nem tanto, mas quero
Saber que posso dever-lhe
Respeito pelo que merece
Respeito por sua decisão

Alguns dias enquanto penso em você
Penso em como seria bom
Acordar ao seu lado
Bom dia! Diria... feliz com a escolha
Bom dia! Até mais diria... logo mais tarde

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sob os óculos

Qual atenção precisa
Qual coração almeja
Qual canção escuta
Qual verdade esbraveja?

Qual decisão precisa
Para que seja feliz
Sob os óculos os olhos
Na face o sorriso despeja!

Qual menção para buscar
Meu coração se não posso mudar
Deste lado onde me canso
Desta busca onde não me acho

Qual nuvem olhava
No que pensava
Onde mirava a aura
Quero explodir ali

Onde nada parece certo
Onde tudo me acalma
Neste triste relento
Neste feliz pensamento

terça-feira, 5 de junho de 2012

Escritas

Às vezes o que escrevo me corrompe pelo que não sou
Atravessa esta crosta de pele e demonstra onde não estou
Nem por isso desejaria ali estar
Mas é que quando os dedos saltam não sou eu, mas

Alguém que não conheço... o poeta

Às vezes minhas palavras saltam sem motivo
Traduzem um ser mesquinho, mas íntegro
Não que seja eu, 'és tu poeta!'
Mas é que quando me sento sai assim, mas

Alguém que não conheço me toma... o poeta

Às vezes não quero expressar assim, mas
O que vem a seguir pode parecer muitas coisas
Nem por isso queria estar ali
E assim quando os dedos saltam é 'tu oh poeta!'

Alguém que não conheço, trazendo-me consigo...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Coração que há de vir

Amanhã o que vem
Outro coração errante
Ou uma vida segura
Amor, mas vacilante

Amanhã o que ecoa?
Pelos cantos deste vazio
Pelos vales mais quentes
Nas beiras deste rio

As águas vão correndo
Quais se encaminham?
Pelas veias desta aura
Até o mar onde se banham....

Amanhã o que vem?
A verdade nua e crua
Ou este apelo à paciência
Um coração mais que vivo

Amanhã pode ser mais
Do que mornas manhãs
Mais que suas manhas
Esta barganha do sorrir

Amanhã será mais?
Do que verdes avisos
Restos de uns risos
Coração que há de vir...

sábado, 2 de junho de 2012

Retorno

Quando você chega?
Foram tantas e tantas luas
Meus olhos procurando
Seu corpo na praia...

Quando você pisca?
Os olhos miúdos,
A face branda e quente
Suas mãos... onde?

O perfume da flor
Mais quieta do jardim
Tanto estranha quanto desejada
Frente ao animal selvagem

Os cabelos presos
Os olhos atentos...
Quando você vem?
Com o pescoço desejável...

Quando você pisca
No dia certo, a revelação
O seu coração aflito
Mais brilho que verdade

Quando você chega?
Meus olhos não lhe alcançam
Quando é quando?
Se daqui não me entendem...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Quem

Quem consegue controlar
O coração verde
A alma imprudente
O cheiro do beijo?

Quem consegue ver
O corpo quente
As mãos sedentas
Amor eterno amor

Quem pode me dizer
O que fazer
Se ela foi pra longe
Aqui fiquei frio...

Quem pode exaurir
A força das lutas
Do poeta que dança
Da verdade que encanta

Quem quem quem
Se aqui pensamos
Sim sim sim
Por que nada acontece, não

Quem pode explicar
O coração disperso
A vida incontrolável
Os vícios do novo


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Juntos

Tantos anos te olhando
Tantas noites contigo sonhando
Nuns dias mais escrevendo
Noutros contando estes dias
Sua luz sobre mim, desde
Quando nos conhecemos...
Meu coração aflito, teu sim
Meu coração jubiloso, teu sim

Tantos anos e tantos por vir
Teu amor por mim, teu sim
Tua vida entrelaçada à minha
Qual dificuldade poderá vir?
Senão todas as que juntos enfrentamos
E nosso coração unido gerará outro
Ainda mais espelhado que nossos olhos
Quando nos vemos...

Tantos pormenores que nos completam
Felicidade em minha face em ver-te
Quando os dias que nos separam são longos
Sua foto me acompanha...
Tantos anos fazem desde que tomei teu coração
Não devolverei a menos que tu diga sim
Diante de todos que nos percebem
Diante Daquele que nos guia sob Tua luz

Nada pra mim

Vida chata
Calo morno
Rasgo ereto
Vida simples

Rodas alheias
Pernas bambas
Beijo largo
Mãos bobas

Vida passa
Gente cala
Rodeio maltrata
Beijos longos

Pernas bambas
Rodas vaporizadas
Céu claro
Noite escura

Foi assim
Nada pra mim
Mesmo instante
Olhos fechados

Foi assim
Nada pra mim
Seu coração
Ora distante

Mesmo assim
Nada pra mim
Nesta ilha
Neste coração

Nada assim
Respirando forte
Boca colada
Corpo atracado

O que eu quero

Quero por um instante ver humanos
Não as cascas duras pintadas na face
Quero neste instante me achar
Não mais esconder as palavras
Todos que estão na luta pairam
Sobre as verdades que se escondem
Nas mentiras que postulamos

Quero por um único momento
Observar aquela estrela cadente
Meu pedido que foi feito
Minha aura lançada ao mar
Quem achará? Um peixe?
Tão grande quanto a bestialidade do mundo
Postergando a falta de miséria

O que eu mais quero
Ver palavras lidas
Ter palavras repetidas
Cantar alto e estar mudo
Por que minhas coisas
Sem nenhum receio de causa
Podem ser suas, cante!

O que eu mais quero
Ter palavras lidas
Ver palavras repetidas
Silenciar alto!
Por que nada do que sou
Foi instantâneo
Senão aquela vontade de lhe ver

Quero então ver os humanos
Livres de suas maldições
Deixando a ganância
Trazendo para a Terra sua garra
Deixando a miséria
Trazendo sua barriga cheia de fome
Saindo cheia de alívio

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Longe

Preso numa corda esperando a noite
Intrigado também pelo sol
Mas as ações ficam obscuras
Escondidas pelas obrigações

Preso num redondo e sonoro balaustre
Apenas observando o movimento
Já é hora?
Ainda não, mas abra os olhos

Lá longe uma luz vem sorrateira
Os passos sutis com sua cria
Os olhos vão ao chão, prestando atenção
É isto e aquilo e aquilo outro, dizia a vozinha

Preso aqui neste recanto, mas feliz
A poesia às vezes trava a boca
Mas sente o perfume do que seria
Longe de si, longe de mim, longe daqui

terça-feira, 29 de maio de 2012

O desejo

Outro dia espero
Não demoro a ver
O que quero
Quero é ser

Antes de tudo cantar
Pra que minha vida
Simples e sem razão
Seja como o simples voar

Outro dia lhe vejo
Com sua face oculta
Sua beleza encantadora
Quero seu beijo!

Outro dia me calo
Aqui meio estranho
Sou assim vivo
Com meu corpo entrando

Nesta ala do seu coração
Neste seu lado, perversa,
De me ditar dias
De me deixar desejando...

Verdadeiro amor

Tempo de apenas mudar
Frutas caídas recolhidas
O tempo chegou, não há mais nada
O que podemos fazer de novo?

Esta tudo aqui a nos servir
A água, o papel, o lápis
A cabeça a mil reconhecendo
O terreno onde os pés se aventuram

Tempo de mudar o coração
Conhecer gente sedenta
Dos beijos esquecidos no armário
Das mãos suaves eletrizando o corpo

Tempo de ficar aqui
Findar os dias juntos
Conhecer melhor
Viver mais a rigor
Com lares alheios
Olhares fartos
Filhos fortes cada vez mais
Olhares afoitos
Você aqui na espera
Da primavera que quando vem
As flores enfeitam o caminho
Deste seu verdadeiro amor...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Resta o que?

Alguém me explique
Gente esperando gente
Não consigo perceber
Aqui estou parado
E só quero esquecer
Ritmo frenético deste desejo
Qual outra intenção
Bastava saber de tudo
Mas estava a saber de nada
Resta o que?
Todos os sons da terra?
Algum som real? Ou coração real?
Aqui percebo
Gente esperando gente
Já não espero mais
Já estou em paz
Sentindo apenas esta paz

Meus 30 versando

Qual dia mais especial
Enquanto espero pela vez
Cantar mais alto?
Ou poetizar calado

Qual dia mais encantador
Enquanto minha vez é estar
Aqui e pular os precipícios
Dos resquícios do que é escrever

Dia em que meu coração migra
Pra uma fase madura e alegre
Posso ver uns olhos felizes
E pensar que são os seus

Meu dia 29, mas é 30 e versando
Sobre minhas alucinações
Sobre as coisas que a escrita traduz
Neste dia nada mais quero pensar

Senão estar a observar-me
Com os dedos sobre as letras
Para tentar trazer-lhe em vida
Antes que a morte nos separe

terça-feira, 22 de maio de 2012

Na praia... em casa

Na praia arrastado pela onda
Pensei em tirar meu corpo de lá
Mas deixei o sol me pegar
Me deu um tombo, caí, demorei a ficar de pé

Na praia arrasado pela onda
O sol queimou minha boca
Olhei em você e pensei na solidão
Iluminei seu caminho neste instante

O seu sorriso me apareceu
A onda ficou pequena diante disto
Sua felicidade estampada em seu sorriso
Trazendo calma... do jeito que preciso

Na praia conhecendo os dias
Uns mais desajeitados que outros
Em casa a chuva balançando a vidraça
Seus olhos... onde? Me dê a mão!

Na calada da noite


Na calada da noite calo
Uma sombra esguia se eleva
Uns olhos metidos na cara
Um brilho suspenso pelo ar
As palavras fogem sem razão
O ar parece mais ávido
Por novas descobertas
Sua pisada fica ainda mais suave
Acompanhada do vento
Que remexe seus cabelos com encanto
Sento-me na espreita
Observo apenas sua sombra sob a lua
O que vem depois?
As pessoas pararam de se mover aí
Quando tudo foi-se
Embora para onde não podemos tocar
O corpo, a face, o coração

E ficar ali parado apenas olhando
Fez com que palpitasse
As íris que me sobressaíam quentes
Naquele momento
Naquela hora sem razão

Na calada daquela noite
Enya rebentava sem parar
Uns olhos dormindo
Um brilho refletido pela pele                    
Palavras ficando mudas
O ar mais suave e rígido
Com as novas descobertas
Seu corpo deitado descansando
Sentei-me à espreita
O coração condenou-me
As pessoas pararam ali
Quanto tudo se aquietou
Embora houvesse barulho
Mas era do mar a rebentar as pedras

domingo, 20 de maio de 2012

Batendo asas

Eu queria ser um pássaro e planar
No alto e poder descobrir os atritos
Que nos regem aqui nesta terra
Entender como o vento nos leva livres

Eu queria ser um pássaro e poder migrar
Para onde o início não signifique quebra
Onde a vida possa ser soprada com verdades
Um lugar onde bater as asas seja
Como um beijo lançado ao ar, simples

Eu queria transformar-me num pássaro
Por entre as nuvens observar a humanidade
E suas maldades, minhas maldades
Em tentar entender como a vida segue...
Por que os caminhos são tortuosos
E porque às vezes as desavenças são tão estúpidas

Eu queria poder bater as asas do meu coração
E como o vento visitar as nuvens brancas
Assim transformar minha visão e a alma
Escrever coisas mais suaves e às vezes vis
Voar enfim... e em paz...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Falso

Posso passar por várias nuances
"Eu amo você" pode parecer
Vago o suficiente para prestar
Ainda assim estarei aqui esperando
Pelo seu melhor... pelo meu melhor

Posso até me esquecer dos dias sãos
Mas não esquecerei da paixão
Estar tão apaixonada assim pode mudar
A forma com que vejo minhas palavras
A forma com que moldo minhas palavras

Num instante assim meio distraído
Eu até esqueceria de você, mas
Tentar ser alguém com paixão
Sem ao menos saber a quem vai ou porque
Traria meu melhor de volta aos trilhos

Consigo perceber o que se passa
Nos momentos dispersivos e instigantes
Quando leio palavras suas, misturadas
A tudo o que possa ser banal...
Sobressai daí uma fina sustância
Apaixonado fico... estarrecido permaneço

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O sol de hoje

Onde encontro minhas respostas?
As perguntas que ainda não fiz
Onde encontro este sol de hoje?
Os dias que ainda não vivi...
Quero libertar-me e assim ficar
Próximo do seu coração e aquietar

Onde encontro estes desejos?
Fazem destroçar-me por dentro
E ao juntar os cacos, não há nada
Nada que possa ser aproveitado
Quero libertar-me destas correntes!
Ficar próximo de você e dançar

As respostas não satisfazem-me
São talvez os entraves que machucam
Por que nas horas de sono, sonho
Que liberto fui
Que os acordes estão em sintonia
Com os dedos que tocam as cordas

Fica mais uma década!
Ou esconda-se como o sol à lua
Fica mais um século!
Ou vá-se embora e deixa este sol
Louco brilhando
Estranho mastigando
Esta alma e este corpo
Por que a verdade dói se cantada
E corrói se queimada debaixo da lua de hoje

terça-feira, 15 de maio de 2012

Inspiração

Uma conversa um papo um dia
O que sai de mim parece vil
Um pai buscando o filho triste
Perdeu-se na selva de pedra, poesia

Uma conversa uma jogada nos cabelos
Um olhar e o desabamento do amor

Uma passada, o perfume, o cheiro
No ar neste sentido, nesta ausência
O que inspira? Cantar a música certa?
Estar ali apenas pelo acaso... certo

Uma conversa no dia certo sem crise
Um olhar meigo, sagaz e sem intenções

Mas ali esta um motivo... escrever?
Não posso dizer, queria lhe beijar
Trocar o dia pela noite
Tomar algo quente, abraçar e deitar

Uma conversa na noite, o violão a rajar
Uma voz doce... triste a cantar

Esta tudo ali sem que haja motivo
Não posso dizer assim... sou assim
Os olhos seus, o jeito seu
É o que me faz inspirar... palavras...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desfiladeiro

Cala calo ouça escuto
Não quero mais
Ouça calo escuta cala
Não posso mais

Pensa penso demais de menos
Não calo mais
Demais penso de menos pensa
Não escuto mais

Cala pensa escute ouça
Não faço mais
Pensa cala demais demais
Não fico mais

Então vá não posso mais
Calo cala penso silêncio
Então tá é demais de menos
Cala escute a porta... lá

O tempo

Tic tac
Rola o tempo da criança
Tic tac
É o tempo de esperança
Do relógio que não para
É tempo de andanças

Tic tac
Rola o tempo do menino
Tic tac
É o tempo de zunidos
Do relógio que acelera
Quero crescer e ver a Terra

Tic tac
Rola o tempo adolescente
Tic tac
É o tempo de apressar
Do relógio adulto demorado
Quero aquela namorar

Tic tac
Avança tempo!
Tic tac
Avança tempo!

Tic tac
Rola o tempo de adulto
Tic tac
É o tempo responsável
Do relógio de contas
Quase todas a pagar

Tic tac
Volta tempo!
Tic tac
Volta tempo!

Tic tac
Rola o tempo à meia idade
Tic tac
É o tempo de estabilizar
Do relógios econômico regrar
Quase todas as contas acertar

Tiiic taaac
Rola o tempo do idoso
Tiiic taaac
É o tempo idolatrado
Pelas experiências bem vividas
Quase todas esquecidas

O relógio enfim parou
Num buraco acabou
Rola o tempo rico
Rola o tempo pobre
Diferenças não mais há
Que senão a terra daqui
Que senão a terra de acolá

sábado, 12 de maio de 2012

A força

O caso a casa cada passo
Do dia à tarde em cada vão
Que rege e mata e renasce
Dentro deste forte coração
O sol pela manhã me traz
Ardência dentro do corpo
Vontade me dá de ver o mar
Rever as ondas e me banhar
Que quando tudo que penso
É em seus belos lábios

O caso a força e o céu
Donde observo suas andanças
Aquele rio pequenino visto daqui
Carrega os barcos da ilusão
Porque nada fica estático
Ante a força da natureza
E eu? Ó doce coração...
Porque aqui fico parado
Esperando me revelar
A foice que me mata
O relento que me abriga
A força que eu espero
Do amor nesta vida...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Impaciência

Na rua caiu mais um
"Prestatenção!"
Gritaram de dor, outro pai?
Poderia ser você... confessou
Quanta covardia...

Impaciente a costurar os carros
Como o crochê da vovó
Tempos de gente de verdade... saudade

Na calçada tem coisas que não deveriam
Rodas de carros em cima de pessoas
Pessoas que não disseram a quem
Tanto o amor lhes era importante
Pois seu último suspiro fora roubado

Impaciente a gritar aos outros
"Merda! Sai da frente!"
Às vezes prefiro apertar a descarga

A lua chegou repentinamente
Algo ali não estava certo
A sirene soava como um canto
Uma noite fúnebre e as crianças
Não sabem que seu pai está com o Papai...

A couraça

Mirava o infnito com olhos tristes
Atento continuava num canto
Passavam por ele e o ignoravam
Não importa... estava fechado

Na calçada
Em sua relva particular
Junto a sua cama
Na calada

Passaram alguns e o banharam
Parecia que se importavam
Mas o sabonete? Pensava
Como aquele que sua māe usava?

Na calçada
Em sua selva restrita
Atearam fogo ao relento
Ninguém notou

Meu sabonete mamãe!
Pensava enquanto observava
Seu corpo com a alma liberta
Da pior forma... subjugado

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Afogamento

A onda cobrindo
Meu corpo com medo
Seu corpo na areia
Mantive-me vivo

A onda atacando
O mar revolto
Como este coração
A onda fechando

Os olhos ardendo
O sal temperando
O corpo passando
A onda fechando

Seus olhos já longe
A onda fechou-se
Abri os olhos e tudo
Tudo branco

Doutor?

A onda fechando
O corpo morrendo
Você passando
Nada fazendo sentido
Até que... os olhos
Os olhos viraram-se para trás
Acudiu-me... apaixonei...

terça-feira, 8 de maio de 2012

O poema

Os olhos vorazes, porém distantes
A alegria nos olhos gritante
A pele viva, queimada como o mar
A beleza encrustada no olhar

A voz distinta contando os luares
Como areia jogada espalhando feitos
Ditando regras e encantando o ar
Como uma ala inteira de sambistas

Desnudada de sua verdade
Seu corpo doando seu perfume
Mas ainda assim sentindo-se desprezada
Por que?

Poesia que vem lhe dar... o sol
Poesia que ousa lhe beijar... a boca
Poesia que quer lhe oferecer... abrigo
Poesia estranha a lhe ofertar... o ser

Quando pensar no atrás
Quando deixar de sonhar
Quando não lembrar-se de si
Apenas saiba... estarei aqui a poetizar...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Alastrar

Dia noite verde pasto
Gente crente de dia passa
Na penumbra do alastro
Gente simples. Qual arraste?

O porteiro nem quis mais
Esperar por sua entrada
Fechou a porta e esguiou-se
Não merece mais a casa

Quando olhou caiu em si
O abismo logo a frente
Gente crente crê que nada
Foi verdade em sua mente

E quando mente mente só
Quando cala cala a boca
A sua hora é nota é dó
Porque aqui nem se sussurra

O dia é dia quando acordo
Não importa se é de noite
Vivo insano e prego os olhos
Na penumbra do alastro

Quando acordo acordo só
Nesta vida nesta casa
Porque tudo que sei é nada
E nada que sei é verdade, é pó

Talvez

Pela manhã um leve suspiro
O sol carregado pelo vento
A brisa soprando a loucura
E meu corpo espreguiçando vi

Durante um instante de lembrança
Um talvez me vem à mente e salva
O que desejo, dias crescendo bem
Dias vivendo de lembranças, as suas

Talvez eu queira explodir-me em mil pedaços
E deixá-los para o vento decidir
Talvez ele os leve pra longe e espalhe bem
Minhas palavras estarão lá

Talvez eu junte tudo de mim num saco
E minhas palavras serão espessas, mas frias
Você as terá só pra si
E talvez assim eu não seja mais feliz

Talvez ainda eu permita que a chuva
Molhe estas mesmas palavras e as carregue
Até o mar onde talvez muitos nadem
E sintam que o sal pode ser uma letra ou três

Muitos talvez nem se darão conta
Do que ali pode estar expresso
Um coração em dívida com os olhos avessos
Uns olhos avessos em dívida com um coração

O fim do início

Qual encanto tu carregas
Qual o perfume de tua alma
Onde tu atendes pelo nome
Qual a cor que tu exalas

Por qual razão tu não esqueces
Que outrora fui estranho, inquieto
Qual o gosto de tua boca? Qual?
Qual entrada esta livre... da dor

Um dia foste embora sem razão
Apenas colocaste a emoção à frente
Não culpo tua triste arribação
Mas foste precisa e não consistente

Por qual razão devo eu, poeta menor
Retornar o coração para o fim do início e recomeçar
Qual o motivo para atravancar a caminhada?
Hoje ando suave, os olhos sutis, à noite dormir

Ainda me lembro

Caminhei sem rumo, mas achei
O cheiro, o gosto, a boca
O caminho tinha um olor suave
Da alma, da aura, do sentido

Lembro sempre do dia
Enquanto ainda é noite
Dentro do meu coração
Aqui, junto da razão

De noite no carro quero ir
Ao nosso lugar único
Onde nosso beijo esta
Esquecido, mas ardente

Na noite neste escarro estou
Implorando
Onde foi que perdi?
Meu sentido, minha verdade
Onde foi que me esqueci?

Ainda lembro do dia
Do toque, das mãos, dos seios
A suavidade exalando amor
E eu me achando neste calor...

sábado, 5 de maio de 2012

Tudo de novo

Passa! Passo... Faça! Faço...
Que é? O quê?
Nada... Nada? Como assim?
Nada... Viu? Vi?

Não! O quê?
Deixa pra lá... deixa...
Faça! Passo... Passa! Faço...
Um dia... piiiiiiin

O que é isso?
Não sei, uma fúria
Sei. Amor de novo?
Ah o amor... Retoma

Passa dia, passa noite
Traz à tona o velho beijo
Da jovem amada, que foi-se
Passa dia, fica noite
Para que o sonho perdure
Para que lá eu seja... feliz...

Passa! Passo... Faça! Faço...
Que é?
Não sei. Tudo de novo...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rastros

Sim eu posso tentar ver-lhe
Sem a máscara que pôs
Mas o sangue que derramou
No gramado em que passou deixou
Rastros de sua perversidade
Momentos de sua má vontade?

Não, mas eu não quero lhe ver
Não com esta onda de reflexos vis
Onde não encontro uma só razão
São rastros de saudade
Mas são também do aprendizado

Onde perdeu-se minha emoção?
Por você, por seus olhos, sua boca
Onde esqueci-me de voltar?
De onde nunca deveria ter saído, ou entrado...

Hoje o dia vai mais suave
Quem está aqui, ora me beija
Hoje os olhos pesam mais cedo

Que quando nada der certo, pensarei
De novo e de novo e de novo e sempre

Onde poderei me achar novamente?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Gente presa

Crianças doentes nascendo
Gente grande esfalecendo
Criando gente que não existe
Tomando dos que nascem, inocentes

Crianças torpes crescendo
Ouvindo sons medíocres
Gente grande sem importância
Tomando a opinião alheia, interesse

Gente crescida sem nada
Sem nada no coração, morrem
Sem nada na alma, matam
Sem nada nos olhos, fogem

O toque de recolher foi dado
Quando o sol estava quadrado
A loucura estampada na face
O sistema estava falho, criou-lhe

Como um monstro que não tem culpa
Como a um mero objeto
Para justificar sua segurança
Sua incrementação afortunada

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Silêncio aqui...

Cala-te quando me sento
Fala quando aquieto
Entrega-te quando me esqueço
Mas fica quando saio

Aquieta quando precisas falar
E às vezes esquece
Que preciso de ti
Preciso do ser intacto

Do coração teu?
Tua boca escancara quando me vês
Mas tua veia me quer?
Não! Provaste...

Com o ardor que encanta teu perfume
Com a boca que cala e nunca canta
Com o ardor de teus feitos frios
Com o silêncio que haveria
De ter sido feito com tuas palavras

Respire

O tempo devasta
A mente ensurdece
O corpo se cala
O coração... bem...

A vida se esquece
O que o sol aquece
O sonho desfeito
É verdade?

Respire, respire
O tempo passa
Não ceda, aguente!
À noite esfria

O tempo esgotou
O que não foi certo
Sempre aqui
Tormento tormento...

Cale-se! Fica...
Apenas o silêncio
O que preciso,
O que respeito

Respire, respire
Não ceda! Ainda...
O sol veio por você
Aquecer seu sonho...

Respire, devagar
Não desista ainda
É como um pássaro
Esperando a hora de voar

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vivo

Dentro do carro sob o sol e observando
A menina que passa pelo farol, despistando
Sabe que é, mas pensa que não sei
Que ei de sentir, como o louco Cazé

Só risos

Por dentro, por fora, pelo ar
Acalento, agora, esta falta do falar
Uma fina camada sussurra em meus ouvidos
Ela caminha e quase está na calçada

Se foi

Quase, caiu-lhe das mãos umas folhas
A buzina ouvi, gritaram-me aforras
'Lerdo! Que passa?' - se vissem o que vi
Morri, preso entre ferragens, mas passa

Acordo

O jeito tosco da cama e do teto
O leito morno , escurecido e quieto
A mãe do lado e o pai sisudo Carrancudo,
'Vivo!' - o doutor pressupõe...

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Iris viciantes

Quase perfeito! Não fosse esta coceira no pé do ouvido...
A brisa me deixa cabisbaixo sondando os acontecimentos
E me entrego aos passos lentos e suaves de quem passou
Ou ainda vai passar... vou apenas no rastro...

O tempo do relógio para quando procuro que horas são
Traem o sentido que gostaria de observar, mas são escondidos
Os sentimentos que por vezes não desejaria ter, mas os tenho
Onde você esta? Onde estão suas duas iris viciantes?

Num tempo mais adiante não irei querer mais,
Talvez isto seja outra mentira da lua, do sol, estrelas
Que quando caem são rasgadas pela vontade louca de suar
Suar junto quando não somos mais nada!

No canto do quarto o relógio ainda trabalha, mas parado
O ar ligado descansa os poros depois da intensidade
É noite alta, a flor descansa e meus pés se acalmam
É noite fria, o cobertor nos abraça e você sussurra... amo...

quarta-feira, 21 de março de 2012

O dia da casa

Em qual dia vou sentir a leveza que sentem
Quando adentram onde ninguém pode os tirar
Em qual dia não haverá mais o vento
Que me sopra para este ruidoso mal estar

Quando fecho os olhos e imagino a loucura
Pereço neste canto e este insano soluçar
Vem acompanhado desta amargura, ó quando, vou ajeitar
A vida que passa depressa demais! É noite... e escura

Naquele dia lá vou tratar de plantar
A árvore que me falta, pois o filho já esta
Naquele dia, vou dormir somente...

E junto com isto quererei extravasar
A dor que me corroía e que já será tardia
E nada mais irei querer, a não ser lhe cantar...