quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O poeta

Inesperado, uma lembrança desmedida
Na lembrança todas as partidas
Que a poesia levou-me a andar
Partir sem olhar pra trás,
Andar sem sequer acreditar
Que o que está à frente é o melhor
Seja naquele cantar de um pássaro
Seja olhando crianças a brincar
Ou sob relâmpagos esbravejar
Todo o medo de a chuva enfim molhar
Tudo o que acredito
Tudo o que aprendi a gostar

O poeta não se deixa amedrontar
Enxuga o rosto e pede outra gota
Da chuva que da alma leva afã
Qual palavras que esquece de escrever
Qual poesia que conta apenas pra si
Esta hoje sai leve como a folha
De uma pitangueira chacoalhada pelo ar
O poeta não se deixa levar
Deixa apenas seu pulmão sentir o ar

Nenhum comentário: