quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Árvore desnuda

Então foi assim

Espinho cutucou a árvore

Reclamou das raízes

Convenceu que era fraca

Disse sobre o tronco

Pesado sob a copa

Um fardo dispensável

A árvore pensou, pensou e pensou

Que poderia dividir-se

O espinho de novo

Com firmeza a cutucou

‘Lança mão das raízes

‘Ao tronco deixa-lhe secar

‘Deixe seu fruto apodrecer

‘Assim irá protestar
.

A árvore assim secou

Feliz com seu trabalho

Cada um teve seu destino

Pelo fardo que a fizeram carregar

Agora estava livre

Livre para poder ser mais leve

Chamou o espinho

Chamou e o espinho ignorou

A árvore nada entendeu

As raízes secas sob si

O tronco descascando em ruína

‘Ó espinho que me ajudastes

‘Por que comigo não falas?

‘Espere árvore querida

‘Logo chega sua saída
.

A pobre da árvore estava sentindo-se só

Sem raízes os ventos muito a balançavam

O tronco todo desfigurado

Era pelo tempo tragado

Mais uns meses sem vida

A árvore quase silenciosa

Sem folhas e sem visitas

Tinha apenas ao espinho

Ansioso para se livrar da vizinha

Firme a vigiar sua presa

Os espinhos nada tinham com a pobre

‘Chegou o grande dia, ó árvore querida

‘Ceifador já vem lhe buscar...

‘Mas oh’! E morreu...

E a espinheira enfim se libertou...

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